Capítulo Vinte e Nove

510 88 36
                                    

Pov: Maraisa

Henrique saiu cedo pra trabalhar e eu e o Pantera ficamos sozinhos.

Organizei a casa e fiz trufas, deu um trabalho mas fiz várias. Espero que a Marília goste.

Esfrego as mãos na minha calça com o nervosismo, nem sei porque estou nervosa

A porta é aberta e a Marília passa por ela, ela parece bem. O pulso tá imobilizado, o rosto com um hematoma na bochecha, os outros ferimentos eu não consigo ver.

Maraisa: Oi, pensei que o Henrique ia te trazer - Se fosse o Henrique ele teria entrado.

Marília: Ele se enrolou e pediu pra Alicia me trazer

Maraisa: Sei, a secretária lá de onde você trabalha - Ela concorda

Marília: Isso aí - Ela se aproxima segura meu rosto com a mão boa e me beija com calma.

E eu odeio esse beijo, nossa eu odiei muito.

Me deixa agoniada essa história dela ficar comigo e flertar com outra. Não gosto da ideia dela estar me comparando com outra no off.

Isso me traz muitas inseguranças que eu nem sabia que tinha.

Henrique me mandou uma foto da garota ontem, ela é incrível

Marília: Que foi? - Ela semi cerra os olhos

Maraisa: Nada - Ela me encara sério

Marília: Você parece incomodada, Henrique fez ou disse alguma coisa?

Maraisa: Não, ele é incrível

Marília: Incrível já é exagero - Ela faz carinho na cabeça do Pantera

Maraisa: Fiz trufas, senta aí no sofá que eu vou buscar

Pego as trufas e volto pra sala, Marília tá sentado no sofá me esperando.

Ela pega uma e morde

Marília: Tá muito bom - Abro um sorriso

Marília abre o o braço e me chama pra me encostar nela

Maraisa: Você tá dolorida

Marília: Shiu - Me encosto no ombro dela

Maraisa: Quando você volta pro trabalho?

Marília: Quarta, tenho abordagem. Vou levar o Pantera

Olho pro cachorro que deitou a cabeça na minha coxa

Marília: Ele morre de ciúmes de você

Maraisa: Exagero

Marília me beija do nada, me pegando de surpresa, sinto o cachorro subindo em cima da gente

Marília: Qual foi Pantera? Tem que dividir. Vou ter que deixar meu salário todo no mercado pra comprar osso?

Dou risada.

Maraisa: Calma amor - Faço carinho no Pan - Você sempre vai ser meu garoto preferido

Marília: Aquele momento que você percebe que é uma intrusa na própria casa

Deito a minha cabeça no ombro dela

Marília: Não eduquei meu cachorro pra ser egoísta. Pra morder os outros sim, agora pra ser egoísta não

Maraisa: Come a trufa e para de fazer bullying com ele

🍂

Marília: Tem certeza que tá tudo bem - Ela faz carinho na minha cintura

Maraisa: Sim, deve ser só estresse por conta do que aconteceu

Marília: Não quero que se culpe, tá? Sei como a sua cabeça pode criar uma teoria maluca em segundos.

Maraisa: Ele podia ter te matado - Arrumo minha cabeça no ombro dela - Podia ter sido algo mais sério.

Marília: Ficar pensando em possibilidades é uma idiotice. Eu sou uma policial todo dia eu saio de casa correndo o risco de levar um tiro

Maraisa: Não torna a possibilidade menos dolorosa. Me apeguei a você, não gosto da possibilidade do pior acontecer

Marília: O que aconteceu foi só um errinho técnico, é que você esqueceu de pedir para eu voltar inteirinha, daí deu um probleminha no sistema.

Olha a audácia dessa mulher

Maraisa: Você vai ficar brincando em um momento sério?

Marília: Sou brasileira, é rir pra não chorar.

Ergo a cabeça encarando a Marília

A gente tá deitado na cama dela

Marília: Eu tô machucada Maraisa, será que você pode parar de brigar comigo e me beijar? Vai ajudar na recuperação

Maraisa: Inacreditável - Bufo mas me inclino pra frente deixando nossos lábios roçarem - Você não tem um pingo de vergonha na cara

A mão boa de Marília se adentra no meu cabelo onde ela segura com força, meu rosto é puxado na direção do dela e nossos lábios se encostam em um selinho que logo vira um beijo intenso.

Uma parte de mim não gosta da possibilidade de estar sendo usada como segunda opção mas a outra parte adora ser tocada pela mulher ao meu lado.

Marília tenta me puxar pro colo dela mas eu não deixo, ela bateu o carro faz pouco tempo e tava reclamando de dor não faz nem 1 hora.

Marília: Você tá acabando com a minha vibe, Carla Maraisa

Volto a deitar contra o ombro dela

Maraisa: Você tá toda quebrada - Resmungo - Tem que ter vibe nenhuma

Marília: Que nada, eu me recupero rápido

Maraisa: Vai dormir - Meu indicador fica desenhando pequenas formas no abdômen dela.

Fico fazendo carinho no Pantera com as pontas dos dedos do pé.

Marília: Boa noite, Mara - Ela beija minha testa

Maraisa: Boa noite, Lila.

A gente fica em silêncio aproveitando a companhia uma da outra até pegarmos no sono.

A gente não fez nada demais, porém foi o suficiente para eu dormir com um sorriso no rosto.

Isso não vai terminar bem pra mim...

Além do Tráfico - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora