Estive passando horas olhando a luminária de canto daqui da sala, e só sei fazer isso e pensar em você. Enquanto escrevo, é claro, mas este mero detalhe pouco importa. Estranhamente esta luz pouco luminosa faz-me pensar sobre a intensidade dos amores e as particularidades de cada um deles. Tem amor que é de luz amarela, ardente, podemos claramente saber como funciona. Também tem amor frio de luz de led branca, que é fácil de se ver por aí e ligeiramente complicado de se analisar. O nosso eu não sei, o nosso é amor diferente. Quando digo amor diferente não pense nas luzes neon nem nas luzes de Natal, não! Por Deus! Não mencione as barras de led de escritório, nem cogite as luzes via "bluetooth wireless share". É algo mais complexo, quase uma lanterna de vela, um lampeão de led ou sabe-se lá o quê, sei que não é vela - não apaga nem acaba. É amor diferente, de certo que é e, esta luminária de canto parece assentir com isto. É amor diferente. Não é amor de "preciso te ver agora correndo; pendurar pelas mãos e fugir por aí(agora)". Soa quase que como uma candelária pequenina, faz que "tudo bem se eu não te ver por agora". Não há necessidade alguma em correr para vê-la agora porquê em tudo que o sol toca há você. Talvez seja este o nosso amor: a luminosidade do sol, moderadamente abafado, rompendo e dividindo opiniões dentre quente e frio. Vejo-lhe em tudo que o sol toca e está tudo bem ainda querida, contento-me com as doze horas de sol por dia. Isto explica a saudade que bate pela noitinha e explica também a luminária de canto acesa.
Vai ver tô buscando te ver, decidindo entre acender a luminária de canto ou a luz da cozinha.
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Antes Tarde Do Que Mais Tarde Ainda
Poesíapoesias para guardar na gaveta ou no peito
