As Conchas

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Se o mar trouxer você, que traga de maré baixa, que é pra dar tempo de buscar. Que traga sem pressa; moderado; devagar, para que, pousando tua mão na minha frente à água, eu não suje meu cabelo com areia; água ou algas marinhas, etc – preciso do teu cafuné.

Preciso urgentemente tocar os pés na areia molhada e catar aquelas conchas para as crianças do jardim de infância, nós prometemos que faríamos – pois venha. Não por mim, pelas crianças. Não por mar: por uber; táxi; ônibus; metrô; avião; patinete; a pé. Eu finjo que só quero as conchas, lhe prometo e, o sol se pondo, desprendo-me da areia molhada e guardo as conchas no bolso, tentando esconder a saudade no peito, vigiando a noite nascer para poder pedir à lua(se houver de ser noite de lua cheia) para você ficar – ao menos durante a noite, para ficar (mesmo que momentaneamente) e, o sol nascendo novamente, pedirei a ele que você fique aqui comigo, doce Rochelle, porquê minha bermuda não tem bolso; porquê já entreguei aquelas conchas para as crianças; porquê não há motivos para vencer a distância mas há vontade, e quanta vontade! E, pela manhã(você ficando), haverá um sol lindo e enorme; haverá muito amor e conchas e olhares e areia molhada e saudade morta; aconchego apressado; haverá teu braço grudado no meu e teu cafuné desleixado; que passa da cabeça e chega no pescoço; no peito; na mão; haverá você e será lindo, Rochelle, porquê o mundo é lindo quando você faz cafuné.

Antes Tarde Do Que Mais Tarde AindaOnde histórias criam vida. Descubra agora