Capítulo 2 - Madame

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Andrea se inclinou ainda mais, um sorriso largo e travesso surgindo em seu rosto.

— Eu imaginei que seria melhor do que pedir pra lutar com seu marido, — ela disse, com aquele tom típico de quem estava acostumada a resolver tudo na base da força bruta. — Ainda não são nem meio dia, e eu gosto de resolver as coisas no papo antes de qualquer pancadaria.

James ficou completamente atônito, abrindo e fechando a boca como um peixe fora d'água, sem saber como reagir. As gêmeas, agora em silêncio, observavam a cena com olhos arregalados, claramente curiosas para ver como sua mãe lidaria com essa situação.

Miranda, no entanto, não se intimidou. Ela lentamente colocou o cardápio sobre a mesa e ergueu os olhos, seus óculos escuros ainda na ponta do nariz. Encarou Andrea como se estivesse prestes a despachá-la para outra dimensão.

Pancadaria? — ela repetiu, como se a palavra em si fosse uma relíquia de um dialeto primitivo. — Você realmente acha que, em pleno século XXI, eu preciso me preocupar com isso? — Seus olhos faiscaram de puro desprezo. — Além disso, se lutar é a única maneira que você conhece de resolver suas questões, lamento profundamente pelo seu cérebro.

Andrea deu uma gargalhada. Alta, estrondosa, do tipo que ecoava pelo salão e fazia os clientes das mesas ao lado olharem curiosos.

— Você é uma peça e tanto, hein? Não é todo dia que vejo uma madame dessas aqui por essas bandas. Normalmente, as mulheres sabem o lugar delas.

Miranda apertou os lábios, sentindo seu sangue ferver. Mulheres sabem o lugar delas. Se houvesse algo que ela detestava mais do que mau gosto e ignorância, era machismo — especialmente vindo de uma mulher. Mas Andrea parecia estar se divertindo com a situação, o que só irritava Miranda ainda mais.

O lugar delas? — Miranda repetiu, com uma calma ameaçadora. — Me permita esclarecer algo para você: o meu lugar é em qualquer maldito lugar que eu decida estar. E, sinceramente, lugar nenhum desse vilarejo insignificante seria digno de mim.

Andrea cruzou os braços, um sorriso provocador nos lábios. Ela se recostou ligeiramente, claramente entretida pela pequena "performance" da mulher da cidade.

— Olha, eu vou te dar crédito, moça. Você tem coragem. Geralmente, as esposas de cidade grande ficam caladas quando o marido é chamado pra conversar. — Ela olhou para James de soslaio, que ainda estava pálido e em choque. — Mas eu gosto disso. Pelo menos você tem garra, mesmo sendo meio metida demais pro meu gosto.

Miranda bufou, impaciente, seus olhos se fixando firmemente nos de Andrea.

— Garra é uma palavra que você claramente não compreende. E, quanto a ser metida... — Ela sorriu suavemente, mas seus olhos continuavam gélidos. — Acredite, eu não sou metida. Eu simplesmente sou superior.

A provocação estava clara, mas Andrea não parecia se ofender. Pelo contrário, ela se inclinou novamente, aproximando-se da mesa, como se isso tudo fosse apenas uma grande diversão para ela.

— Superior, né? — Andrea sorriu de canto. — Bom, madame, aqui em Willow Creek, não tem essa de "superior". Todo mundo coloca as calças um perna de cada vez. Mas se você acha que pode se sair melhor do que o resto de nós, vai ser interessante ver como você lida com os dias que vêm por aí.

Andrea piscou para James, ainda completamente perdido na conversa, e então voltou seu olhar para Miranda, com um brilho desafiador nos olhos.

— E só pra você saber, se mudar de ideia sobre aquele negócio... — Ela fez um gesto casual com a mão, como se estivesse passando um cartão invisível. — A oferta continua de pé. Nunca se sabe quando um homem vai querer se livrar de uma dor de cabeça dessas.

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