Capítulo 6 - Festival de tentação

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A noite caiu em Willow Creek, e o festival anual da cidade já estava em pleno vapor. As luzes coloridas das barracas de comida e brinquedos iluminavam a praça principal, enchendo o ar com o som das risadas de crianças e o aroma de pipoca e doces. Para muitos, aquele era o evento mais aguardado do ano. Famílias, amigos e casais circulavam despreocupadamente, aproveitando a atmosfera vibrante. Mas, para Miranda, a ideia de estar ali soava mais como uma armadilha do destino.

Ainda sentia o peso da discussão com James, que pairava sobre ela como uma sombra persistente. O silêncio entre eles no hotel havia sido sufocante, o tipo de silêncio que grita mais alto do que qualquer palavra. Quando as gêmeas, Caroline e Cassidy, insistiram para ir ao festival, ela não encontrou forças para recusar. Precisava desesperadamente de um momento fora daquela tensão, de algo que a distraísse — e, principalmente, precisava evitar qualquer interação com o marido. Estar com as meninas parecia uma boa desculpa para desaparecer por algumas horas.

Assim que chegaram à praça principal, as gêmeas correram, tomadas pela excitação contagiante das luzes e dos brinquedos. O festival, com seu charme rústico e clima de cidade pequena, tinha algo reconfortante, mas Miranda não estava no clima para apreciar. Caminhando com elegância, seus saltos altos ecoavam pela calçada de paralelepípedos, um contraste gritante com o ambiente relaxado e casual ao seu redor.

— Mãe, olha o carrossel! — gritou Cassidy, saltando de alegria e apontando para o brinquedo colorido no centro da praça.

— Podemos ir, por favor? — completou Caroline, já puxando a mão da mãe com um sorriso ansioso e encantador.

Miranda suspirou, tentando manter a compostura, mas era impossível negar aquele pedido. Havia algo em ver as meninas tão felizes que suavizava qualquer resistência. Além disso, elas estavam ali para se divertir, e Miranda sabia que esse momento não era só sobre ela.

— Vão, mas se mantenham por perto, — disse ela, o tom de advertência presente, mesmo que seu coração estivesse um pouco mais leve. — Não quero que se afastem de mim, como fizeram na floresta na última vez.

As gêmeas balançaram a cabeça em concordância, mas antes de correrem em direção ao carrossel, algo chamou a atenção de Caroline. Seus olhos se fixaram em uma figura familiar, e ela imediatamente começou a acenar com entusiasmo.

— Olha, é a Andrea! — gritou Caroline, sua empolgação atraindo a atenção de Cassidy também.

Miranda seguiu o olhar curioso das filhas e, para sua surpresa, viu Andrea Sachs, a petulante policial, conversando alegremente com algumas pessoas perto da barraca de tiro ao alvo. O boné desgastado virado para trás, a camisa xadrez surrada e os gestos descontraídos faziam parte da persona que a editora-chefe já conhecia bem — ou pensava que conhecia ao menos.

— Podemos ir falar com ela? — Cassidy perguntou, já impaciente, saltitando sobre o local.

Antes que Miranda pudesse protestar, as meninas já estavam correndo na direção da morena. A mulher hesitou por um momento, ponderando se deveria segui-las ou não. Andrea era familiar, e definitivamente confiável considerando o último episódio em que se encontraram, mas Miranda estava com alguma espécie de ansiedade inevitável sempre que suas filhas se afastavam minimamente. 

Naturalmente, graças a esse impulso que a tomou desde o dia anterior, ela decidiu segui-las, seus passos precisos e controlados cortando o burburinho do festival, sempre mantendo a postura impecável que todos esperavam dela.

— Oi, Andy! — gritaram as gêmeas em uníssono, com a mesma energia vibrante.

A morena se virou ao ouvir seus nomes e abriu um sorriso caloroso. Seus olhos brilharam com a espontaneidade das meninas, e ela se abaixou para abraçá-las e as levantou no colo sem demonstrar qualquer dificuldade, deixando evidente uma afeição genuína que pegou Miranda de surpresa. Como era possível que Andrea, com todo o seu jeito descompromissado, tivesse um carinho tão evidente pelas suas filhas?

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