Capítulo 9 - Amanhecer diverso

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Eu só percebi agora que essa fanfic vai ser grande...

Boa sorte para nós.

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Miranda acordou naquela manhã com uma sensação pesada no peito, como se a noite anterior tivesse se condensado em um peso palpável em seu coração. O silêncio que preenchia o quarto era quase ensurdecedor, amplificado pelo vazio ao seu lado na cama. James não estava lá, e a ausência dele, que em outros momentos a fazia se sentir confortável em sua própria independência, agora parecia fria e desolada.

Ela piscou algumas vezes, tentando focar nos sons ao redor: o leve farfalhar das cortinas, o canto distante de pássaros do lado de fora, e, acima de tudo, o eco do que restava da noite anterior. Gritos, mágoas e tensões não resolvidas reverberavam em sua mente. Sem saber ao certo o que a aguardava naquele dia, Miranda puxou as cobertas para o lado, balançando os pés no chão frio enquanto se levantava.

Ela sabia que, hoje, suas filhas seriam sua prioridade. Após o tumulto da noite anterior, Caroline e Cassidy mereciam paz, mesmo que ela própria estivesse no meio de uma tempestade emocional.

Ao abrir a porta do quarto, Miranda caminhou pelo corredor, seus passos leves na madeira polida. Conforme subia as escadas, ouviu risadas abafadas vindas do quarto das meninas. Um som que, por um instante, aqueceu seu coração, mas também a encheu de uma preocupação inquietante. Era raro ouvir risadas depois de uma noite como aquela. E o que estaria acontecendo? Elas estariam bem?

Ela bateu levemente na porta antes de abrir. Ao entrar, viu as duas meninas sentadas na cama de Caroline, cercadas por brinquedos espalhados, como se tivessem tentado se distrair dos eventos da noite passada. As duas olharam para a mãe, e o sorriso que Cassidy trazia logo desapareceu ao perceber a expressão séria no rosto dela.

— Posso entrar? — perguntou Miranda, tentando manter a voz suave, mas o cansaço e a tensão ainda estavam lá.

Cassidy, que estava deitada com um ursinho de pelúcia, sentou-se rapidamente, ajustando-se na cama ao lado de Caroline. Sua irmã mais velha, sempre mais reservada, observava a cena com cuidado, o olhar contido, mas atento.

— Mãe? — Cassidy perguntou, os olhos curiosos, mas sem o temor que Miranda temia que elas carregassem.

Respirando fundo, ela se sentou na beirada da cama. Seu sorriso tenso contrastava com o carinho que transparecia em seu olhar. Era difícil encontrar as palavras certas, mas sabia que precisava falar com elas, que não podia mais fingir que tudo estava normal.

— Eu queria... pedir desculpas pela noite de ontem, — começou Miranda, sua voz calma, mas carregada de culpa. — Eu e o seu pai... estávamos irritados, dissemos coisas que não deveríamos ter dito. Mas... vai ficar tudo bem. Prometo. Nós só estávamos... nervosos.

Cassidy e Caroline trocaram olhares rápidos. Miranda notou o desconforto nas meninas. Elas não estavam mais naquele estágio em que podiam ser protegidas pelas desculpas dos pais. Sabiam o que estava acontecendo, talvez mais do que ela gostaria de admitir.

Cassidy, sempre mais direta, foi a primeira a falar, sua voz surpreendentemente firme para sua idade.

— Mãe, a gente sabe que não vai ficar tudo bem. — Havia uma tristeza no olhar dela que fez o coração de Miranda apertar. A simplicidade e a verdade nas palavras da filha eram dolorosas de ouvir, mas impossíveis de negar.

Caroline, ao lado da irmã, permaneceu quieta, mas seu olhar confirmava que compartilhava do mesmo sentimento.

— Papai sempre faz isso, — continuou Cassidy, soltando um suspiro frustrado. — Ele briga com você, vai embora... e depois volta como se nada tivesse acontecido. E quando volta... nada muda. — Sua voz fraquejou por um momento, e ela abaixou os olhos, abraçando o ursinho com mais força. 

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