Capítulo 3 - Antiquada

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 tenham paciência com essa Andrea, tudo vai se explicar.

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No quarto da pousada, Miranda Priestly estava a um passo de perder completamente a paciência. A pousada – se é que se poderia chamar de pousada– era simples, para dizer o mínimo. Na verdade, era uma daquelas pousadas antigas, com móveis rústicos e uma decoração antiquada que fazia a pele de Miranda coçar. O cheiro de madeira velha e lavanda barata impregnava o ar. Para qualquer outra pessoa, talvez o lugar fosse considerado "aconchegante" ou "charmoso". Para Miranda, era mais um lembrete de como essa viagem tinha sido um erro terrível.

James estava sentado na beira da cama, ainda se recuperando mentalmente da confusão no restaurante. Ele estava um tanto divertido com a situação, mas sabia que demonstrar isso era praticamente um suicídio conjugal.

Miranda, por outro lado, não conseguia esconder sua frustração. Ela andava de um lado para o outro, os saltos altos ecoando no chão de madeira, e seus olhos faiscavam com cada nova lembrança do que havia acontecido no restaurante.

— Eu não consigo acreditar, — começou ela, o tom de sua voz afiado como uma lâmina. — Aquela mulher... Aquela... — ela interrompeu, claramente procurando a palavra adequada, mas desistiu, movendo as mãos no ar em um gesto de puro desprezo. — Aquele ser grotesco teve a audácia de me insultar na frente de todos. E o que você fez, James? Nada. Absolutamente nada.

James olhou para ela, as mãos apoiadas nos joelhos. Ele soltou um riso nervoso, claramente tentando aliviar a tensão.

— Mir, vamos lá, — disse ele, usando o apelido carinhoso que sabia que não a acalmaria, mas que sempre tentava. — Foi engraçado. Quer dizer, a mulher estava só... brincando. Nem ela acreditava no que estava dizendo. Você precisa relaxar.

Miranda parou de andar e se virou abruptamente, estreitando os olhos para o marido.

— Brincando? — Ela repetiu a palavra com tanto desdém que poderia ter derretido o chão. — Você acha que foi engraçado? Engraçado, James? Aquela mulher me tratou como um objeto, como se eu fosse uma... uma... — novamente ela procurou a palavra, a frustração crescendo a cada segundo. — Uma peça de mobiliário à venda. E você simplesmente sentou lá, rindo feito um idiota, sem sequer levantar uma palavra em minha defesa!

James suspirou, sabendo que estava entrando em território perigoso, mas não resistiu à resposta que saiu automaticamente.

— Mas o que eu deveria ter feito? Entrar na brincadeira e dizer que você vale uma fortuna? — Ele riu um pouco, claramente achando que estava aliviando a tensão, mas tudo o que conseguiu foi fazer o olhar de Miranda endurecer ainda mais.

Ela cruzou os braços, os lábios apertados em uma linha fina.

— Isso não é uma piada, James. — Sua voz agora era um sussurro afiado. — Você me deixou exposta. Eu fui humilhada por uma mulher de botas de cowboy e uma camisa xadrez suja, e tudo o que você conseguiu fazer foi gaguejar como um idiota. Você sequer tentou me defender de forma adequada. O mínimo que eu esperava de você era um posicionamento claro. Alguma... dignidade.

James soltou um suspiro e levantou-se da cama, aproximando-se de Miranda com as mãos levantadas em rendição.

— Eu entendo que foi desconfortável, — disse ele, mantendo a voz suave e pacífica, o que, claro, só serviu para irritá-la ainda mais. — Mas isso aqui é Willow Creek. É um lugar diferente. As pessoas são... diferentes. Não tem sentido levar tão a sério o que aquela mulher disse. Era só piada, eu garanto. Todo mundo estava rindo.

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