chapter 4

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não sejam leitores fantasmas!!

CHARLIE BUSHNELL

Às vezes, você sente que está prestes a perder o controle sobre uma situação, mas mesmo assim não quer fazer nada a respeito. Era assim que eu me sentia em relação a Amélia. Havia algo sobre ela que me mantinha intrigado, algo que me fazia querer passar mais tempo ao lado dela, ainda que eu soubesse que estávamos apenas começando a nos conhecer. Não era só uma questão de atração, era mais profundo do que isso, algo que eu não conseguia definir muito bem.

Depois daquele dia no parque, percebi que Amélia estava se abrindo um pouco mais, não só comigo, mas com todos. Ela ria mais, participava mais das conversas e até fazia piadas nos momentos mais inesperados. Mas, ao mesmo tempo, ainda havia aquela barreira, aquela reserva que ela mantinha, e eu não podia deixar de me perguntar o que estava por trás disso. Será que ela ainda estava se adaptando a tudo? Ou será que havia algo mais que ela não estava disposta a compartilhar?

Em uma das pausas nas gravações, nós estávamos sentados no refeitório improvisado do set. Todos pareciam ocupados com seus próprios assuntos, e foi aí que tive a oportunidade de conversar com ela de novo, dessa vez sem ninguém por perto para nos interromper.

- E aí, como você está se sentindo com tudo isso? - perguntei casualmente, pegando um refrigerante na mesa ao lado.

Ela levantou os olhos para mim, surpresa pela pergunta. Amélia era boa em manter a calma, mas eu conseguia ver, em seus momentos de distração, que algo a incomodava.

- Está sendo incrível - ela respondeu depois de um momento, jogando o cabelo para trás e me lançando um daqueles sorrisos tímidos. - Mas também é muito... novo, sabe? Eu ainda estou me acostumando.

- Eu sei como é. No começo, também me sentia assim. Parece que você está fora do seu lugar, mas aos poucos tudo começa a fazer sentido. - Minha tentativa de consolá-la foi genuína, e ela pareceu se confortar com isso, ainda que momentaneamente.

- É, talvez - ela disse, olhando para o copo de café na mão como se estivesse pensando em outra coisa. Havia mais que ela não estava dizendo, mas eu não quis pressioná-la.

- Só não se pressione tanto. Todo mundo aqui gosta de você. Principalmente a Dior, por mais que ela tente esconder - brinquei, e ela riu suavemente, o que me deixou satisfeito. Amélia Jones podia ser um mistério, mas eu estava determinado a conhecer cada peça desse quebra-cabeça.

Enquanto o dia de filmagem prosseguia, percebi que nossas cenas juntos, como Emma e meu personagem, tinham uma química natural que nem precisávamos forçar. Isso me fazia pensar se aquela química nas telas estava começando a se misturar com o que sentíamos fora delas. Quando estávamos em cena, era como se o resto do mundo não existisse, e nossos personagens se moviam com uma sincronia que beirava o mágico.

Durante uma das últimas cenas do dia, houve um momento em que nossos personagens deviam ficar frente a frente, quase se tocando. Não estava no roteiro, mas meus dedos quase roçaram a mão dela por um segundo antes de eu me afastar. A intensidade no olhar dela me pegou de surpresa, e, por um instante, não éramos mais Emma e o filho de Hermes. Era apenas Charlie e Amélia, presos em um momento que ninguém mais parecia notar.

Quando a cena terminou, ficamos em silêncio por alguns segundos, os olhos dela ainda fixos nos meus. Eu poderia jurar que ela queria dizer algo, mas, antes que tivesse a chance, o diretor gritou "Corta!", e a magia foi quebrada.

Nos minutos seguintes, Amélia se afastou rapidamente, voltando ao seu trailer sem olhar para trás. Eu fiquei ali, parado, sem saber o que pensar. Aquela faísca, que começava como uma pequena chama, estava ficando difícil de ignorar.
Eu estava em apuros, e sabia disso.

— Cara, vocês combinam muito — Walker vem correndo, empolgado em minha direção

— Não tem nada a ver Walker — eu retriquei

— Dessa vez vou concordar com Walker — Leah gritou do outro lado do set

— Vocês são crianças, não entendem nada — eu reclamei

— Eu não sou criança, e percebi que tem uma química rolando — Dior disse se aproximando

Realmente tinha alguma atração rolando, mas era isso, atração, não poderíamos confundir as coisas. Não dá pra se apaixonar tão rápido, pra se apaixonar não tem que amar? Eu não há conheço direito para amá-la

— Olha, eu nao estou dizendo que vocês estão apaixonados e devem se casar, mas vocês dois são bonitos e solteiros, o que custa ficar, dar uns beijinhos? — Dior disse fazendo gestos estranhos, fazendo os pequenos ao redor rirem

— Só porquê uma garota bonita aparece no elenco, não significa que vou ficar com ela, somos amigos — Eu disse

Não era mentira.

— Eu vou anotar isso — Leah debocha

— Vocês não podem apenas ficar? — Walker perguntou

— Eu não sou esse tipo de cara, não fico com qualquer uma — respondo

Eu realmente não sou assim, sempre tive expectativas altas no amor. Pois não quero ficar com alguém, quero que alguém fique.

— Crianças, relaxem — Dior disse — vocês são muito novos pra  entender, mas daqui um tempo depois de se conhecerem eles vão se amar, eles estão atraídos ainda, um passo de cada vez

— Eu não tenho interesse pela Amélia, tá legal? Ela não é meu tipo, eu nunca ficaria com ela — eu acabo alterando a voz

Nesse momento ouvimos o barulho da porta, todos olhamos para trás e vemos Amélia. Será que ela tinha escutado? Fiquei receoso, e todos nos olhamos com medo.

— Está tudo bem gente? — a garota pergunta naturalmente

Ela não havia ouvido nada.

Ela não havia ouvido nada

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LONDON GIRL • Charlie BushenellOnde histórias criam vida. Descubra agora