Eu olhava pela janela do carro, tentando absorver cada detalhe do set que, aos poucos, desaparecia com a distância. Aquela paisagem tinha sido o cenário de tantas memórias intensas, e eu não sabia quando a veria novamente. O clima cinzento do dia, com uma chuva fina caindo, parecia combinar com o peso daquela despedida.
Quando parei em frente ao trailer de dior, vi ela organizando as últimas malas. A chamei e ela olhou para trás, sorrindo. Nos abraçamos com força, e ela sussurrou, quase como uma promessa:
— Cuida de você, hein? A gente se vê logo na próxima temporada. — assenti, com um sorriso que tentava esconder a tristeza, e ela sabia que o sentimento era mútuo.
— Eu tenho medo de não renovarem a série, sei que já renovaram mas e se... — fui interrompida
— Não vão, relaxa — ela me abraçou novamente — Pena que você vai estar a 6 horas de mim.
Assim como Charlie e eu, Dior também estava indo para os estados unidos. Porem ambos iriam viajar para Los Angeles enquanto eu vou voltar para casa dos meus pais em São Francisco
O processo de despedida continuou, com abraços e acenos para cada pessoa que eu tinha conhecido tão bem nos últimos meses. Eu finalmente encontrei Charlie parado em frente ao próprio trailer, olhando para o celular e com um sorriso leve nos lábios. Ao perceber que ele se aproximava, eu levantei o olhar e guardei o celular.
Charlie respirou fundo. — Então... até logo? — disse, tentando soar casual, mas ele sabia que havia algo mais profundo naquele momento.
Eu assenti e ele viu nos meus olhos o que as palavras não diziam. Nos abraçamos, e Charlie se permitiu fechar os olhos por um segundo, desejando que o tempo desacelerasse. Sentir o calor do abraço dele fazia querer parar ali mesmo, mas ele sabia que era hora de ir.
No caminho para o aeroporto, eu senti o celular vibrar. Olhou rapidamente e viu uma mensagem de Charlie *Chegou bem?* eu sorrio sozinha, os dedos deslizando pelo teclado enquanto respondia rápido: *Ainda não, mas já morrendo de saudades do Canadá. E você"* A resposta veio quase que instantaneamente, um emoji de risada que trouxe um calor inesperado ao peito dele.
Era estranho: mesmo estando tão longe um do outro, a troca de mensagens fazia com que eu ainda me sentisse próxima dele quase como se ainda estivéssemos dividindo o mesmo espaço. Isso tornava a despedida menos dolorosa, e, de alguma forma, eu sentia que aquilo tudo – aqueles meses juntos, as conversas, os momentos – era só o começo de algo que ainda se desenrolaria entre nós.
Quando cheguei ao aeroporto, meus pais estavam lá esperando por mim, como sempre, com sorrisos calorosos. Eles me abraçam, mas percebi imediatamente que há algo estranho no ar. A tensão é sutil, mas está ali. Eles não falam muito, trocam apenas algumas palavras sobre a viagem e como eu estou bem. Enquanto dirigem para casa, senti que a conversa está travada, com ambos agindo de forma um pouco diferente do habitual. Ela tenta relaxar, mas uma sensação de inquietação vai crescendo nela.
Em casa, durante o jantar, eu decidi quebrar o silêncio.
— Pai, mãe, tem alguma coisa acontecendo entre vocês? Eu posso sentir que algo não está bem. — meus pais trocam um olhar, e há uma pausa. Meu lai, com um suspiro pesado, finalmente fala:
— Amélia, sua mãe e eu... decidimos nos separar.
A notícia a atinge como um choque. Fica sem palavras, tentando processar a informação. Meu pai tenta suavizar a situação: — Eu sei que isso é difícil, mas vocês vão continuar tendo o nosso apoio, sempre. As coisas vão ser diferentes, mas estaremos aqui por você.
Olho para os dois, sentindo que minha vida, de alguma forma, nunca mais será a mesma. Eu tento entender o que tudo isso significa, mas no fundo sabe que, de uma forma ou de outra, eu preciso ser forte para lidar com a mudança que está acontecendo em minha casa.
— Quando vocês decidiram isso? Por que não me avisaram? — comecei ficar afobada.
Minha mãe soltou os talheres na mesa e meu pai suspeitou, apoiando suas mãos no queixo — Filha, já é tarde, você está cansada da viagem e nós precisamos descansar também — minha mãe diz.
— O que? Como assim vocês falam uma coisa dessas e depois evitam explicar — questionei.
— Não estamos evitando, apenas estamos cansados, vá descansar — meu pai praticamente ordena — Eu e sua mãe garantimos que assim que amanhecer todas suas dúvidas serão esclarecidas — ele conclui.
Não tinha muito o que fazer então apenas assenti, dei boa noite e subi para meu quarto mas eu ainda estava tentando raciocinar tudo o que acabara de ser dito.
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Mais tarde naquela noite, depois de passar um tempo sozinha em meu quarto, tentando processar tudo o que acabara de descobrir, decidi mandar uma mensagem para Charlie. Eu ainda está em choque e sente uma necessidade de falar com alguém que a compreenda. Ela escreve:
— Charlie, eu... não sei o que fazer. Meus pais vão se separar, Eu não estou sabendo lidar com isso. Parece que tudo está mudando de uma vez e eu não consigo entender o que está acontecendo.
A mensagem demora alguns minutos, mas logo Charlie responde. Ele, como sempre, com suas palavras gentis e reconfortantes:
— Amy, eu sinto muito por isso. Não consigo imaginar como você deve estar se sentindo agora, mas quero que saiba que estou aqui, ok? Se precisar de algo, seja para conversar ou para distrair a cabeça, você pode contar comigo.
Eu sorrio sentindo-se um pouco mais leve ao saber que tem alguém em quem confiar, mesmo à distância. Ela responde com uma risada nervosa:
— Você sempre sabe o que dizer, né? Acho que realmente preciso de uma boa distração agora. Vamos ver se você consegue me fazer sorrir.
Charlie, com a naturalidade que sempre teve, manda um emoji engraçado, seguido de uma piada sobre a saudade que sente dela, o que faz eu soltar uma gargalhada sincera. Continuamos conversando por horas, e percebi que, por mais que as coisas estejam confusas em minha vida, conversar com Charlie ainda tem o poder de fazer eu me sentir um pouco mais em paz.
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