Capítulo 2

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Insistência

Um mês depois Jenna caminhava pelas ruas escuras, suas mãos enfiadas nos bolsos do casaco enquanto tentava manter a postura despreocupada. De repente, o som vibrante do celular no bolso interrompeu seus pensamentos. Ela o tirou com um suspiro, reconhecendo o número.

— Alô? — atendeu, a voz neutra, sem muito interesse.

— Olá, senhorita Jenna. Eu já falei para a senhorita não agir sozinha. Volte para o escritório agora — a voz irritada do chefe ecoou pelo telefone.

Jenna olhou ao redor, tentando manter a calma. As luzes fracas da rua deixavam tudo mais sombrio, mas sua mente já estava decidida.

— Desculpa, chefe, eu não posso falar agora. Minha bateria está acabando, vou desligar — respondeu ela, um pouco apressada.

— Espera aí, não desliga, eu...

Ela cortou a ligação antes que ele pudesse terminar. O ar frio da noite parecia combinar com a sensação de inquietude dentro dela, mas Jenna precisava manter o foco.

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No escritório, seu chefe, um homem corpulento de aparência cansada, se largava na cadeira, esfregando as têmporas com frustração. Ao seu lado, Jim, o administrador sempre atento, observava a situação com uma sobrancelha arqueada, uma expressão levemente divertida no rosto.

— Ah, ela nunca me ouve... — o chefe murmurou, reclinando-se na cadeira e cruzando os braços com um suspiro exasperado.

Jim balançou a cabeça, escondendo um sorriso.

— Então, quer dizer que o senhor foi rejeitado novamente? — ele provocou, a voz carregada de ironia.

— Fala sério, essa novata é muito insubordinada. Nunca faz o que eu mando — o chefe bufou, claramente frustrado, enquanto tamborilava os dedos no braço da cadeira.

Jim soltou uma risada curta, os olhos brilhando com uma ponta de sarcasmo.

— Talvez porque o senhor bajule demais essa menina, chefe. Ela sente que pode fazer o que quiser.

O chefe lançou um olhar irritado para Jim, que levantou as mãos em sinal de paz.

— E você sugere que eu faça o quê? — retrucou o chefe, a paciência claramente esgotando.

Jim inclinou-se um pouco para frente, apoiando os cotovelos na mesa, seu rosto assumindo uma expressão mais séria.

— Sabe, chefe, o senhor não faz a menor ideia de como lidar com uma mulher jovem, e também não parece querer aprender.

— Ah, Jim, controle essa língua! — o chefe retrucou, o tom irritado se intensificando. — O meu pai tem uma dívida com o pai dela. Eu não posso simplesmente largá-la.

Jim suspirou e balançou a cabeça.

— Mas por que ela quis virar caçadora de recompensas, afinal? Não faz sentido.

O chefe ficou em silêncio por um momento, olhando para o chão, pensativo.

— Eu não sei. Acredita que eu nunca perguntei isso a ela? — ele respondeu, a voz carregada de frustração. — Ela é uma incógnita.

Jim estalou a língua, pensando nas ações recentes de Jenna.

— Pois é... a senhorita Jenna tem feito bastante coisa este mês. Ela até conseguiu pegar dois alvos sozinha. — Ele fez uma pausa, o olhar se estreitando, desconfiado. — Quem sabe, talvez ela esteja recebendo ajuda de alguém perigoso. Tem algo estranho nisso tudo.

Em um quarto de hotel mal iluminado, a famosa mascarada so que agora sem a máscara — número 1 na lista de alvos perigosos — estava sentada na cama, o rosto parcialmente escondido pela sombra da janela. Seus olhos estavam fixos na tela do celular enquanto o som abafado do noticiário preenchia o ambiente. Ela não parecia interessada nas manchetes, apenas distraidamente mexia no telefone, os dedos deslizando pela tela de forma automática.

Do outro lado da cidade, Jenna caminhava pelas ruas estreitas, seu casaco balançando suavemente com o vento. Seus olhos estavam fixos na foto do próximo alvo de captura que ela segurava em uma mão, enquanto com a outra conferia o celular. Ela parou ao chegar na entrada de um beco, onde dois homens estavam brigando, mas não parecia prestar muita atenção neles. Sua mente estava ocupada com outras coisa.

De repente, o celular vibrou em suas mãos, e uma série de mensagens entrou na tela. Ao ver o remetente, Jenna suspirou, já prevendo o teor da conversa.

“Bom dia. É um lindo dia, né?”

“O que faz?”

“Fica livre quando?”

“Encontrei um restaurante bom.”

“Vamos lá?”

Ela revirou os olhos, frustrada, lembrando-se imediatamente da mascarada. Nos dias anteriores, aquela garota havia aparecido em momentos inesperados — às vezes no meio de uma missão, outras vezes nos becos escuros da cidade. Sempre com aquele jeito descarado, concluía as missões da latina e sumia antes de deixar qualquer rastro, nunca permitindo que Jenna pudesse dar os créditos de seus feitos. Além disso, a mascarada tinha o péssimo hábito de mandar mensagens de vários números diferentes, como se fosse um jogo para ela.

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Na manhã seguinte, Jenna estava no carro de seu chefe, ao lado dele, enquanto dirigiam em direção a um encontro importante. O chefe parecia focado na estrada, enquanto Jenna observava a paisagem passar pela janela. De repente, seu celular vibrou novamente. Ela sabia exatamente quem era, mesmo sem olhar. Com um suspiro, abriu a mensagem de vídeo que chegava de um número novo.

No vídeo, um rapaz, claramente um dos alvos de suas missões anteriores, estava amarrado a uma cadeira, desacordado. A cena era fria, calculada, e a mascarada, é claro, tinha sido responsável. Junto com o vídeo, uma única mensagem piscava na tela: "Será que esse é do seu agrado?"

Jenna desligou o celular, lutando para manter a calma. Ela olhou de soslaio para o chefe, que não parecia ter notado nada. Quando o carro finalmente parou no destino, ela desceu, acompanhada por ele. Caminharam juntos até o prédio, um edifício grande e imponente. Entraram e seguiram em direção ao elevador.

No silêncio apertado do elevador, o chefe lançou um olhar de aviso para ela.

— Olha, senhorita Jenna, hoje nós vamos apenas ouvir os detalhes do trabalho. Não faça nada por conta própria, se controle. — Ele disse isso com a voz firme, mas havia um toque de preocupação em seus olhos. Ele sabia que ela era impulsiva.

Jenna o encarou, a expressão impassível, mas com os lábios formando um quase sorriso sarcástico.

— Sim, senhor — respondeu ela, a voz controlada, mas o pensamento já distante, muito além daquele elevador e da missão que tinham em mãos. Ela sabia que, mais cedo ou mais tarde, a mascarada voltaria a cruzar seu caminho.

 Ela sabia que, mais cedo ou mais tarde, a mascarada voltaria a cruzar seu caminho

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Amor Assassino || S/n Kaling  x  Jenna OrtegaOnde histórias criam vida. Descubra agora