Capítulo 4

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— Certo... certo, vamos começar

Disse o velho Nathan com um sorriso jovial.

Nathan assentiu, os olhos cansados, mas cheios de determinação. Ele andou mancando não que estivesse mancando mas porque ele havia dado um mal jeito enquanto engatinhava pelos tuneis, até o canto da cela, os passos arrastados pelo chão de pedra .

— A janela dos guardas abre duas vezes ao dia

Nathan explicou, enquanto observava atentamente o pequeno vão pela qual o balde de dejetos seria passado.

— Primeiro, para os dejetos... onde podemos esconder o entulho. Depois, à noite, para a comida.

O plano era simples, mas requeria um certo nível de paciência. Cavávamos em segredo, removendo as dejetos pouco a pouco, escondendo-as nos baldes de dejetos. A cada dia, avançávamos um pouco mais, mas nunca rápido o suficiente. pois se não poderia chamar a atenção dos guardas.

Ainda assim, o novo esquema "com duas celas e dois baldes" prometia dobrar nossa velocidade.

— Anda logo, velho, coloca essa tigela aqui!

Gritou um dos guardas que traziam a comida para cela.

Nathan, com sua calma habitual, obedeceu sem pressa, já que não se podia ver por causa da porta. O som dos passos do guarda ressoava pelas paredes de pedra.

— Felizmente ele não muda a rota há anos — ele sussurrou.

O guarda sempre passava no mesmo ritmo, o som metálico de suas botas nos alertando com tempo suficiente para escondermos o que fosse necessário. Era como uma dança, e nós tínhamos aprendido a coreografia perfeitamente.

Uma pequena porta na base da cela foi aberta, estreita o bastante para passar apenas uma concha rasa de comida. Quando a tigela entrou, Nathan pegou-a, agradecendo como de costume.

— Obrigado — murmurou, como se fosse um habito rotineiro.

Eu nunca entendi por que ele agradecia pela comida miserável que recebíamos. Quando perguntei, ele disse algo sobre o valor sagrado de todo alimento.

Meus pensamentos foram rápidos e amargos: "Será que deveria agradecer por estar preso todo esse tempo também?" Mas me contive. O velho Nathan não merecia meu sarcasmo. Por mais rabugento que eu fosse, ainda não era um desgraçado que descontara minha frustração nos outros.

Nathan passava as horas gravando símbolos nas paredes da cela. Era um trabalho rude, primitivo até, mas eficaz. Não ousava desenhar nada elaborado, com medo de levantar suspeitas. Suas marcas pareciam rabiscos sem sentido para qualquer um que as visse, mas para nós, eram mapas, cálculos e palavras.

Assim como eu Anor também visitava Nathan uma vez por ano por causa de seu ritual, aquele homem era realmente um desgraçado não é ?.

— Esses são os únicos momentos em que os guardas checam nossas celas

Nathan explicou enquanto mantinha o dedo apontado para as paredes e o olhar fixo no trabalho.

— Isso significa que podemos trabalhar em paz o resto do tempo.

A negligência dos guardas, nossa maior vantagem.

— Então. A negligência. Se tornou. Nossa. Principal. Aliada.

Eu li oque Nathan havia escrito nas paredes.

—Perfeito.

Respondeu Nathan balançando a cabeça em concordância, eu estava começando a pegar o jeito das palavras.

Honra: A História Do Primeiro GuardiãoOnde histórias criam vida. Descubra agora