Amor de Werehog

10| Visita Noturna

Sonic the Hedgehog

As coisas eram boas antigamente... Mobius era o lugar mais legal para se viver. Meu tio Chuck tinha uma ultra barraca de chili dogs. E o entregador mais rápido em duas pernas.

Mas nem sempre foi assim. Antes disso, vivi com meus irmãos no reino da rainha Aleena e, sendo seu filho mais velho, deveria herdar o trono. Era o sonho da minha mãe e já do meu pai... bem... Papai morreu lutando para defender o castelo antes do nosso nascimento. Acho que ele desejaria o mesmo.

O Oráculo de Delfus declarou que deveríamos crescer longe do castelo, longe da rainha, para o nosso próprio bem. Minha mãe nos dispersou e fiquei com seu irmão que não tinha tanto convívio. Com o simples e bom tio Chuck aprendi a fazer chili dogs.

Com o passar do tempo, Sonia, Manic e eu nos encontramos e restauramos o reino. Infelizmente a nossa felicidade durou pouco.

Não tive garra o suficiente para salvar a minha mãe de um equidna chamado Finitevus. O cientista louco destruiu todo o local com uma bomba. Embora Finitevus não tenha conseguido escapar da explosão que ele mesmo causou, seus estragos foram tão devastadores que sua morte, ao menos para mim, não significava nada e, por um tempo, desejei que ficasse vivo para um acerto de contas, sua morte deveria trazer alívio, por mais pertubador que possa parecer. Fiquei desolado por um longo tempo, vagando sozinho até encontrar Tails sendo atormentado por valentões.

Depois que o defendi, ganhei um maninho do coração. Inseparável, contei muito com ele sem me decepcionar. Ao lado de Tails posso dizer que tenho uma daquelas amizades que sobrevivem passe o tempo que for, aconteça o que acontecer.

Passei muito tempo na companhia de Tails, andando por Mobius e pertubando Robotnik até parar em um abrigo, uma pacata vila escondida chamada Knothole. Nela, conheci Sally Acorn, a princesa líder de uma equipe rebelde, os Lutadores da Liberdade, bons guerrilheiros contra o tirano Robotnik.

Escondi boa parte de meu passado da princesa, mesmo namorando e chegando a noivar com ela. Estava decidido a contar tudo, algum dia. Só não achava tão necessário. Depois que o reino foi restaurado e seus pais retornaram sãos e salvos ao trono, recebi um belo esporro de bônus. Tanto o rei quanto a rainha não aceitaram um plebeu ao lado de sua preciosa filha.

No começo, Sally estava disposta a lutar por mim mas seus pais sempre tramavam e conseguiam afastá-la cada vez mais. Até que ela desistiu de seguir com o noivado, perdeu toda a confiança em mim e, com isso, me dei conta de que sair dali era a melhor opção.

Avisei o Tails que não queria mais viver alí e estava indo embora, tudo estava bem e não precisavam mais de uma ajudinha do herói. Disse que estava tudo bem por mim caso ele escolhesse permanecer no reino, afinal alí ele estaria em segurança, mas insistiu em me acompanhar, como não podia obrigar o meu melhor amigo a ficar, mais uma vez voltamos a ser nômades.

Chegamos em Green Hill, um lugar até aquele momento tranquilo e bem próximo a Christimas Island, onde minha mãe me teve, foi o lugar mais seguro que ela encontrou longe do Eggman.

Ao colocar uma sola no gramado, encontrei tio Chuck que me recebeu de braços abertos. Sinto que deveria ter aproveitado mais a sua companhia pois logo ele foi para o céu dos ouriços.

Em suas andanças atrás do meu paradeiro, meus irmãos toparam com Sally e revelaram que eu fui um príncipe. E, segundo a princesa que está diante de mim neste momento, isso seria suficiente para seus pais me aceitarem para ser o futuro rei.

- Finalmente podemos ficar juntos. O que me diz, Sonic?

- Eu digo que isso é uma tremenda besteira!

Não consegui me conter.

- Sonic o Ouriço! - ela bate o pé no chão. - Podemos reatar! Eu sonhei reinar ao seu lado! O reino dos Acorn precisa de um herói como você!

- Sally... o que vivemos foi bom mas isso é passado! Lamento!

Foi bom... tirando os últimos dias ao seu lado que foram terríveis mas prefiro focar mais nas memórias boas.

- So-

- Sal... não insista. Eu não posso aceitar isso. Eu... amo alguém e esse alguém não é você. Não mais.

Ela se encolheu e ficou a me olhar. Puts, escolheu acreditar somente em seus pais e agora insiste em me ter de volta... depois de todo esse tempo... agora é tarde... nada mais é como era antes e sim gostei dela mas hoje só prefiro a sua amizade... ela não pensou muito em me deixar, ela teve ideia de como me senti? Foi duro deixar de lado o que eu sentia apesar dos problemas que passamos. Hoje vejo que foi melhor assim. Ela achou que eu estava com saudades dela depois de tudo? Saudades eu tenho é de lutar junto dos Freedom Fighters que foi uma das melhores coisas que já fiz, a adrenalina de enfrentar todo tipo de adversário para trazer todo o reino de volta... isso é incomparável.

Respirei o ar puro com intensidade, a noite está linda com essa lua cheia. Que pena que a pequena discussão que tivemos agora não combina em nada com este cenário. Posso mudar isso com certeza. Devo.

Me viro.

- Foi mal princesa, tenho que ir e, além do mais, prolongar essa discussão não vai fazer bem para nenhum de nós mesmo. Mande lembranças a turma por mim.

Com todo furor, me vejo saindo em alta velocidade da colina. Infelizmente não estou com toda velocidade que prefiro, ao menos a forma Werehog me dá a habilidade de esticar meus braços e me lançar para longe.

Estava com saudades de um certo alguém.

Cheguei em seu apartamento caminhando pelos becos escuros de Station Square. Vou entrar em sua casa sem ser convidado, sem ao menos pensar muito em como ele pode reagir ao me ver aqui. Conhecendo o senhor antissocial em pessoa talvez isso não seja uma boa ideia mas desde quando isso me impediu?

Como a porta estava trancada, coloquei uma garra na fechadura e consegui abrir sem estragar nada. Quase derrubei um vaso pelo caminho por conta da minha grande estatura. Ao adentrar seu quarto, com facilidade pois sua porta estava apenas encostada, o observo dormir. Ah Shadow... sua ferocidade em suas feições adormecidas me encantam tanto, poderia passar a noite toda aqui, só te observando. Ok, isso foi estranho. Deixando tal admiração de lado, estou muito contente por vê-lo.

Voltando para a sala, consigo me acomodar no sofá depois de virar umas quinhentas vezes. Me entrego ao sono e sonho com ele.

É loucura ficar aqui? Talvez. Mas não faço sem motivo algum. Ainda consigo lembrar das suas palavras no abrigo minutos antes de voltar a Green Hill.

"Podemos ficar juntos?"

E eu lhe respondi "sim".

"Seja discreto, faker. Não conte a ninguém ainda".