No Ritmo do Jogo - Winrina

Capítulo 2 - Quatro Anos Depois

Quatro anos haviam se passado desde o fatídico incidente com a bola de basquete e o sorvete de baunilha. Minjeong havia se distanciado daquilo, pelo menos na superfície. Agora, ela estava sentada no banco de pedra do campus da Universidade Phoenix, com a brisa leve balançando suas mechas soltas de cabelo. O céu estava azul, e o sol brilhava com suavidade enquanto ela e Ning Yizhuo conversavam, observando o movimento ao redor.

— Não parece real, sabe? — Ning comentou, enquanto mordia a borda de um muffin, o olhar atento às quadras de basquete do campus à distância. — Nas próximas semanas, vamos finalmente entrar para o time titular. Depois de tudo isso, a gente conseguiu.

Minjeong suspirou, assentindo enquanto cruzava as pernas, ajustando o boné preto em sua cabeça. O cheiro familiar de grama fresca e concreto aquecido era sempre o mesmo. Mas aquele momento carregava uma expectativa diferente. Tantos anos de treino, suor e dedicação, e elas estavam tão perto de atingir o que tanto sonhavam.

— Demorou, mas chegou — ela murmurou, sua voz calma, mas carregada de uma emoção contida. — Sempre achei que esse momento fosse surreal, mas agora... está aí.

Minjeong e Ning jogavam basquete juntas desde a infância. Seus pais eram amigos de longa data, e o destino fez com que elas fossem criadas praticamente lado a lado, compartilhando muitas coisas, incluindo a paixão pelo esporte. O amor pelo basquete veio cedo, com os pais frequentemente comentando sobre seus dias de glória nas quadras universitárias, uma era que parecia tão distante quanto mítica.

No começo, como toda criança, Minjeong e Ning tinham dificuldades. Suas jogadas eram desajeitadas, e a bola parecia ter vida própria, raramente indo para onde pretendiam. Foi por isso que seus pais decidiram inscrevê-las em um clube local, um ambiente mais sério, onde poderiam aprimorar suas habilidades. No início, elas apenas se divertiam, como qualquer criança. Mas, ao longo dos anos, algo mudou: elas começaram a se destacar, e a amizade que tinham evoluiu para uma parceria eficiente dentro de quadra.

— Eu lembro quando nossos pais nos levavam para aqueles torneios de bairro. — Ning riu, lembrando com carinho dos primeiros passos no esporte. — Eu mal conseguia driblar a bola, e você, bem... — ela lançou um olhar divertido a Minjeong. — Você corria como se a bola estivesse tentando te pegar.

Minjeong sorriu de canto, encarando o horizonte. — Eu só me divertia. A competição de verdade só começou no ensino médio.

E foi no ensino médio que a coisa realmente ficou séria. Minjeong e Ning jogavam pela seleção da escola, uma equipe formada por diversas meninas talentosas. Elas sempre fizeram parte do mesmo subgrupo da seleção, o que fortalecia ainda mais a parceria em quadra. Juntas, desenvolviam jogadas complexas e aprimoravam suas habilidades. Minjeong se tornou uma especialista em velocidade, conhecida por sua capacidade de se mover tão rápido que as adversárias quase não conseguiam marcá-la. Ning, por sua vez, era uma estrategista natural, sempre encontrando formas criativas de abrir espaço e fazer passes inesperados.

Apesar de todo o talento de Minjeong, havia alguém que sempre conseguia marcá-la de maneira eficiente. Yu Jimin. Ela foi, de longe, a jogadora mais habilidosa que Minjeong já enfrentara. A rivalidade entre as duas começou com um incidente aparentemente banal — a bola de basquete atingindo o sorvete de baunilha de Minjeong. Mas, para ela, aquilo foi mais do que um simples acidente.

Kim Minjeong lembrou-se do aniversário de seis anos, quando um garoto derrubou um pote de sorvete em cima dela, arruinando seu dia e a envergonhando diante de todos. O episódio a marcou tanto que, desde então, ela nunca mais fez uma festa de aniversário. A raiva que sentia por Jimin não era apenas por causa da sujeira ou da humilhação no colégio, mas porque aquilo reacendeu um trauma infantil. Desde aquele dia, as duas nunca mais se entenderam. O que era apenas uma antipatia silenciosa se transformou em uma rivalidade feroz dentro e fora das quadras.