P.O.V. Jane.
Acabamos decidindo que meu irmão iria atrás de meu pai e que levaria Lucinda com ele para que ela pudesse receber o tratamento que precisava. Os médicos e alienistas do futuro sabem lidar com mulheres que passaram pelo o que Lucy passou. E como teria que se ausentar, meu irmão pediu ao advogado que providenciasse uma procuração concedendo-me plenos poderes para que eu possa gerir as propriedades da família em sua ausência. Vocês deviam ter visto a cara do advogado. Estou rindo até agora.
Algumas famílias são abençoadas com o dom da música, outras com inteligência superior, mas a minha... fomos abençoados com o dom da magia. E na linhagem Gray temos um dom único, podemos caminhar através do continuo espaço tempo. Alguns carregam o gene outros não, por isso á muito tempo atrás meus avós Lorde Edward Gray e Lady Carmen Santiago Gray imbuíram parte de sua magia num espelho, no espelho da penteadeira da minha vó. Infelizmente o espelho partiu-se antes de nós nascermos. Porém, seu Poder ainda vale.
Meu pai mandou construir um quarto de vestir, uma sala de espelhos como aquelas dos circos itinerantes e no centro da sala há um espelho de mão que é um enorme fragmento do espelho da minha vó Carmem. Ele fez um feitiço para conectar eles todos, os maiores canalizam o Poder do fragmento e assim podemos invocar a magia e viajar pelo tempo através do Espelho De Sangue. É claro que a sala fica trancada o tempo todo e existem apenas seis chaves. Uma para cada um de nós e nós a carregamos conosco o tempo todo.
Se alguém descobrisse sobre nossa verdadeira natureza estaríamos perdidos. Não tenho dúvida que nos condenariam e tentariam usar o Espelho de Sangue para fins maléficos, para alterar a história e isso seria catastrófico. Apesar do nome assustador, o espelho não faz nenhum mal ou advém de forças maléficas ou sombrias, na verdade o nome Espelho de Sangue se dá porque apenas um bruxo da linhagem Gray é capaz de atravessá-lo.
Bom, já chega disso. Agora falemos de coisas mais agradáveis como o jovem John Clayton III, também chamado Tarzan. Ele está tendo aulas de dança, violino, etiqueta e tudo mais que precisa para ser um cavalheiro. O senhor seu avô está muito empolgado com o retorno do seu neto e hoje dará um baile em sua honra.
P.O.V. Tarzan.
Tudo isso é muito difícil! É muito chato.
-Porque preciso de tantas facas, garfos, colheres e pratos se posso comer com a mão?- Perguntei.
E o professor não gostou.
-Não somos animais, Lorde Clayton. Somos pessoas civilizadas.- Disse o professor.
Olhei para todos aqueles pratos, todas aquelas coisas pontudas e constatei que ser civilizado é... difícil. São ferramentas demais. O Professor também não gosta do jeito como eu sento, tenho que sentar com as pernas para baixo e as costas encostadas na cadeira. E quando ele me amarrou na cadeira, ai é que eu não gostei mesmo!
P.O.V. Lorde John Clayton I.
Meu neto não gostou de ter sido amarrado á cadeira com a estola. John reagiu agressivamente, começou a se debater, a fazer barulhos como os dos macacos. Ele se debateu até se soltar e então atacou o professor. Teria matado o homem se eu não o tivesse impedido.
-Tenha calma meu neto. Não se pode sair por ai atacando as pessoas ou fazendo barulhos como um macaco! Você não é um macaco. É um ser humano, é um Lorde e o herdeiro desta casa.- Briguei com eles.
-Homem amarra Mangani para por na jaula.- Disse John.
Tive que explicar a ele que ninguém o iria colocar numa jaula. As aulas não estavam indo bem até recebermos a visita da jovem Lady Gray. Foi ela quem conseguiu explicar as coisas para o pequeno John e eles ficaram treinando etiqueta a tarde toda.
P.O.V. Tarzan.
Dançar é difícil, mas a Jane é boa professora. Ela é divertida, já tinha me ensinado algumas coisas antes. Quando o chá queimou a minha língua ela deu risada. Ela não fica brava quando eu erro.
-Acredite, eu entendo a sua dor. Eu também nunca gostei de aula de etiqueta, sempre achei um tédio. Tudo é muito cuidadosamente calculado. É como estar acorrentado, nada é natural.- Disse Jane. E era verdade.
Mas, ela explicou que precisávamos saber aquilo para sobreviver aqui. Então eu aprendi, bom aprendi um pouco. O suficiente para não passar vergonha no baile. Tive que deixar o mordomo me vestir e quando chegou a hora do baile todos os outros me olhavam de um jeito estranho, como estranheza e apesar deles parecerem gentis... eles não eram. Não sou burro, sei quando alguém está mentindo para mim. Essas pessoas não me veem como seu igual, se acham melhores que eu.
A única pessoa que não me enxerga como inferior é a Jane. Por isso eu a convidei para dançar, mas as coisas não saíram como planejado. Eu errei tudo. Ela só deu risada, mas não era uma risada como a dos outros, ela não debochava de mim parecia achar o meu erro divertido.
-Tudo bem, vamos... simplificar. Coloque a mão direita na minha cintura.- Ela mandou e eu obedeci.- Agora segure a minha mão direita com a sua esquerda.- Disse Jane e eu obedeci.
-Muito bom, agora como essa é a primeira vez eu guio. Vamos caminhar dois passos para frente e dois para trás.- Disse Jane.
E começamos a nos mover enquanto ela contava. O ritmo em que dançávamos era diferente do da música que tocava e aqueles movimentos me lembraram dos que ela e os outros fizeram no acampamento quando Jane tocou violino e eu imitei.
P.O.V. Jane.
O que começou como uma valsa virou uma coreografia de dança irlandesa. E ficamos saltando pelo salão enquanto o povo em volta nos olhava como se fossemos formas de vida extraterrestres.
P.O.V. Lady Elizabeth Clifford.
Mas, que vergonha. Esta ai não nega o sangue que tem, eles estão dançando como plebeus! Pobre Lorde Clayton, imagino que agora deve estar desejando nunca ter encontrado este neto selvagem que foi criado por macacos. Porém quando olhei para o Lorde John Clayton I ele também estava aplaudindo e mexendo a cabeça. Até hoje não posso acreditar que o Lorde Tristan Gray, membro da Casa dos Lordes, um homem nobre e tão distinto tenha escolhido para esposa uma plebeia sem classe como Sophie Anne Parker. Não me conformo que ele a tenha escolhido ao invés de mim e a meretriz ainda ficou com uma mansão, posição social e um título maiores que os meus. Se eu tivesse tido mais tempo... eu sou Elizabeth Clifford agora, mas era Elizabeth Johnson na época e ao que parece agora a filha primogênita da mesma meretriz mal educada vai fincar suas garras no melhor partido da cidade.
-Esse homem não pode ser o Lorde de Greystoke. Ele se comporta como um camponês.- Ouvi minha filha Katherine dizer.
-Silêncio Katherine. Esse homem é o homem mais rico e distinto da festa. A Fortuna dos Greystoke é a maior de toda a região e ele é o novo herdeiro.- Falei. - A mulher que casar com ele será absurdamente rica e terá uma vida de Rainha.- Sussurrei.
E não vou de maneira nenhuma permitir que uma mulher tão... pouca coisa como Jane Gray passe a minha filha para trás.
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A Lenda de Tarzan. -Minha Versão
FantasyEsta fanfic é uma continuação da minha história original SEPARADOS PELO TEMPO. Após a morte de sua mãe, Lady Jane Grey e sua família vão á uma viagem de pesquisa na África, mas ela não esperava encontrar lá um homem selvagem e muito menos se apaixon...