07 - Lucas

17.6K 1.4K 55
                                    

Quatro anos depois...


Olho-me no espelho e quase não acredito no que vejo. Estou na última prova do smoking para o meu casamento. Caramba, casamento! Parece um sonho. Não que eu fosse avesso a casamento, mas nunca achei que encontraria alguém com quem quisesse me casar, construir uma família, ter filhos. E agora isso é umas das coisas que mais quero na vida.

Quando vi aquela pessoa do outro lado, no apartamento que tem janela com janela com o meu, fiquei curioso para conhecê-la e não era só conhecer o corpo dela, como conheci de várias antes dela. Era de saber o que ela gostava, o que fazia quando não tinha nada para fazer, suas manias, seus medos, se ela era nervosa, enfim, sobre tudo.

Na primeira vez ela não me viu, mas fiquei um tempo a observando. Estava com um coque mal feito, um short curto e uma camiseta que cabia umas duas dela dentro, mas para mim parecia linda. Estava envolvida com a arrumação da casa, pois havia acabado de se mudar, logo chegou uma amiga e começou a ajudá-la, as duas riam muito e pareciam bem unidas. Logo fiquei sabendo que a amiga se chamava Paty e elas eram melhores amigas.

Depois desse dia a observei durante toda a semana, cada dia mais intrigado sobre ela, um magnetismo atraia minha curiosidade e era inexplicável. Descobri que seu nome era Lucy, trabalhava em um escritório e estudava.

Amo ficar só de cueca dentro de casa, não me julguem é muito bom, tente um dia, mulheres de calcinha, claro, apesar que uma mulher com uma cueca box não deixa de ser atraente, mas essa não é a questão agora e sim como comecei a tentar chamar atenção da minha doce Lucy.

Fui até a janela e percebi que Lucy me viu, na hora arregalou os olhos e sei que gostou do que viu, isso era ótimo de saber. Claro que fingi que não há vi, porém minha vontade era de olhar em seus olhos e ver o que se passava neles enquanto me via só de cueca. Depois desse dia sempre que tinha a oportunidade me mostrava dessa forma para Lucy. Fomos apresentados por nosso amigo em comum, mas não passávamos de oi, tudo bem.

Apesar da vontade de chegar nela e conversar, sei lá chamar para tomar algo. Tinha receio de que ela não quisesse, descobri com um amigo em comum que ela tinha sido traída pelo namorado e que desde então não se envolvia com mais ninguém, então achei melhor ir com calma. Percebi que Lucy me olhava sempre que podia e isso era um ponto a meu favor, mas mesmo assim nunca tomei uma iniciativa; ela era tão diferente de todas as outras que não sabia como agir. Até que o destino jogou a meu favor.

Um dia em umas das minhas sessões de fotos encontrei Marco. Ele era um velho amigo, nos conhecemos na época da faculdade.

— E aí, cara, quanto tempo? — disse Marco e veio me cumprimentar com um aperto de mão.

— Caraca, faz tempo mesmo, hein. E, você, o que anda fazendo da vida?

— Sou sócio da boate nova que vai inaugurar semana que vem. Ando pegando várias como sempre. E, você, com essas fotos agora? Deve tá chovendo mulher — ele diz e me dá um soco de brincadeira.

Dou risada, Marco é uma figura, gente boa, mas muito galinha. Não que eu seja santo, mas Marco me supera nesse quesito. Pelo pouco que sei, ele teve uma grande desilusão amorosa e então acabou se fechando para relacionamentos.

— Não exagera, uma aqui outra ali, mas nada que valha muito a pena se apegar — respondo.

— Mas assim é que é bom, sabe meu lema: pega, mas não se apega.

— Você não muda mesmo. Ainda vai achar uma que te pegue de jeito — digo rindo do seu jeito. Marco também ri.

— Ah meu amigo, se eu achar também pego ela no laço — zomba, fazendo uma volta com o dedo como se fosse laçar algo. — Mas agora falando sério, você vai na inauguração?

A tentação mora ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora