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— Precisamos dar um jeito na Paty e no Marco. Sério, não aguento mais esses dois brigando — digo para Lucas, que prepara nosso café da manhã com sua maravilhosa mania de ficar só de cueca.

— Mas vamos fazer o quê? Esses dois são malucos.

— Não sei, mas vou dar um jeito nisso. Nossa despedida é amanhã e eles estão quase se matando. Mais um pouco e amanhã ao invés de festa teremos um velório — constato e Lucas começa a rir. E como seu sorriso é contagiante, também dou risada do que acabo de falar.

Mas agora é sério, vou dar um jeito nisso, não aguento mais esses dois me enlouquecendo.

Depois do café, decido ir até uma pessoa que sei que pode me ajudar. Lucas não pode ir comigo, então vou sozinha mesmo.

— A que devo a honra? — Rodrigo indaga ao me receber em seu escritório, na boate.

Ele vem até mim e me cumprimenta com um beijo no rosto, me oferece uma cadeira e me sento. Vou direto ao ponto.

— Preciso da sua ajuda com Paty e Marco ou vou ficar louca com esses dois e essa briga idiota por quem irá fazer a festa na boate.

Rodrigo me olha espantado, mas logo um sorriso surge em seu rosto. Não posso negar que ele é de tirar o fôlego.

— Pode contar comigo. O que vamos fazer?

— Nós vamos fazer a despedida juntos.

— Com todo respeito, Lucy, mas acho que você bebeu. Estamos falando da Paty e Marco, eles nunca vão permitir isso — diz e teria razão se não fosse pelo que direi agora.

— Você vai ligar agora pra Paty e dizer que Marco arrumou outro lugar pra fazer a festa. E depois vai ligar para o Marco e dizer que Paty arrumou outro lugar.

— Desculpa, mas acho que não ouvi direito, é isso mesmo? Vou mentir para os dois, dizendo que podem fazer a festa tranquilos? — Assinto com a cabeça e ele continua: — Não acho que seja uma boa ideia, os dois são meus amigos e não quero enganá-los, fora que irão arrancar as minhas bolas quando souberem disso.

Dou risada.

— Está com medo, Rodrigo?

— Não, mas sei lá do que esses dois são capazes.

— Rodrigo, por favor, me ajuda nessa. Estou quase matando os dois. — Olho para ele com cara de coitada, vai que cola.

— Tá bom, vou te ajudar, mas só porque é seu casamento.

Dou um sorriso e murmuro obrigado.

Rodrigo pega o telefone e liga para Paty, assim que ela atende ele diz:

— Oi, gata. Tudo bem? — Faço um sinal de joia para ele, tentando encorajá-lo.

Tudo ótimo. Por que está me ligando, aconteceu alguma coisa? — Paty pergunta.

— Não, nada. Quer dizer, só queria te falar que Marco arrumou um novo lugar para fazer a festa.

Ah, que maravilha. Aquele troglodita idiota finalmente se deu por vencido — ela grita animada.

Gostaria muito de saber o que aconteceu para esses dois não se baterem.

— Parece que sim. Agora preciso desligar, beijos. — Rodrigo desliga, olha para mim e diz: — Um já foi.

Bato palmas de felicidade. Agora é a vez do Marco. Rodrigo pega o telefone e liga, Marco atende no quinto toque com voz de quem estava dormindo.

— Cacete, isso são horas de ligar para a casa dos outros? — Marco grita ao telefone.

— Já é quase meio-dia, levanta a bunda da cama que tem trabalho à sua espera — Rodrigo diz sério, mas vejo em sua cara que só está tentando irritar Marco.

Logo eu chego aí. Estou com uma morena deliciosa na minha cama, ontem à noite foi daquelas e acho que vou... — Rodrigo revira os olhos.

Que cachorro esse Marco.

— Tá, Marco, não quero saber das suas peguetes — Rodrigo o corta. — Só estou ligando para dizer que você pode organizar a festa aqui sossegado, a Paty arrumou outro lugar para fazer a dela.

Ouço o grito de Marco.

Sério que a maluca desistiu?

— Sim, é sério, mas não a chame de maluca — Rodrigo pede.

Marco fala mais algumas coisas, mas dessa vez não escuto. Ele se despede e desliga.

— Feito.

Agradeço ao Rodrigo e vou embora com a sensação de missão cumprida. Só espero que a minha amiga não me mate quando descobrir.

***

É hoje o dia da despedida, já estou quase pronta. Optei por um vestido azul Royal de mangas longas, colado ao corpo, saltos pretos, cabelos soltos e olhos bem delineados. Lucas já foi com Marco, para que ele não desconfiasse, e eu estou esperando a Paty.

A campainha toca e corro para atender. Depois que fui morar com Lucas, ela não entra mais aqui sem avisar, diz que prefere evitar cenas impróprias para sua mente pura, que de pura não tem nada.

— Oi. — Paty me cumprimenta com um beijo no rosto.

— Caramba, você está um arraso — digo, olhando-a de cima a baixo.

Ela está usando um vestido preto agarrado ao corpo, com um decote gigantesco nas costas, saltos vermelhos, uma make suave nos olhos e batom vermelho. Se o que penso for verdade, hoje é melhor que Marco leve um babador.

— São seus olhos. — Dá uma voltinha e me manda um beijo por cima do ombro. – Agora vamos nos divertir.

Saímos para a festa e sinto uma pontada de remorso por estar a enganando sobre a festa, mas foi necessário.

Chegamos em frente à boate e Paty entrega as chaves ao manobrista, que leva o carro.

— E que comece a festa — diz, batendo palmas toda animada.

— E que comece a festa — repito e penso: e que deus me ajude para que todos saiam vivos essa noite. Só isso que peço.

E que comece os jogos. 

A tentação mora ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora