ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ 12: ꜱᴏᴢɪɴʜᴀ

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Acordo com o sol tímido atravessando a pequena janela acima de mim. Por um instante, me sinto confusa, sem saber ao certo onde estava. Sento devagar no sofá, o corpo ainda meio mole, dolorido.

Coço a cabeça enquanto aos poucos me lembro o que havia acontecido...de novo...
Porém, o que me machuca é perceber que mais uma vez eu me encontrava na mesma situação: Sozinha

Eu devia ter imaginado que isso se repetiria... Sempre acontece.
E mesmo assim, aquela pontada no peito vem com força, como se eu estivesse esperando algo diferente dessa vez. Não sei se era mágoa ou frustração - talvez uma mistura dos dois. Mas ali, sozinha, sentada no sofá, a mesma sensação que me atormentou antes voltou com ainda mais intensidade. Aquele vazio, a incerteza, o medo de que no fim talvez eu fosse apenas mais uma pessoa para ele deixar para trás.

Eu queria entender o que passava pela cabeça de Daryl. Entender por que ele insistia em se afastar depois de nos aproximarmos tanto. Mas a verdade é que, por mais que eu tentasse, nunca conseguia decifrá-lo completamente. Ele era um labirinto, e toda vez que eu pensava estar chegando perto de uma saída, me deparava com mais paredes.

Suspirei, passando as mãos pelo rosto enquanto organizo os pensamentos para não agir de forma infantil mediante a tudo aquilo.

Levanto espreguiçando os músculos doloridos do corpo, tentando afastar a confusão da cabeça.
Antes que pudesse pensar em mais alguma coisa, sou interrompida por um som alto vindo do lado de fora do trailer. Era uma mistura de vozes exaltadas e o som de algo se chocando no chão. Meu coração dispara. Não dava para saber se eram humanos, zumbis ou algum ataque inesperado.

Sem perder tempo, começo a me vestir apressadamente. Meu olhar caiu sobre a camisa de Daryl, jogada no chão desde a noite anterior. A ironia me atingiu, mas não tinha tempo para pensar muito nisso. Puxo a camisa e a vesti rapidamente, sentindo o cheiro dele no tecido, o que me deixou ainda mais inquieta.

Em questão de segundos já segurava minha faca pronta para o que quer que estivesse do outro lado da porta.

O barulho do lado de fora não cessava, e algo me dizia que não era apenas uma discussão comum. Meu corpo inteiro estava em alerta. Quando abri a porta, a luz do dia me atingiu de uma vez, e meus olhos rapidamente varreram a área ao redor.

A cena era caótica:

Glenn corria desesperado, gritando feito um maluco. Atrás dele, vinha Daryl com sua besta em mãos, mirando no pobre coitado.
Mais atrás, Dale tentava acompanhar a confusão, sua risada ecoando enquanto tentava acalmar a situação.

- Para, Daryl, eu só estava brincando! - Glenn gritava sem olhar para trás, o pânico evidente em sua voz. - Juro que era só zoeira, cara!

- Vou te mostrar o que é brincadeira, seu moleque! - Daryl gritou de volta enquanto acelerava o passo.

Não pude evitar a risada que escapou dos meus lábios enquanto assistia a cena. Saí do trailer ainda ajeitando os botões da camisa que vestia. Tudo era tão absurdo que era impossível não rir.

Maggie, Beth e Carol estavam do outro lado, apontando para os homens e rindo. Aquele tipo de energia era contagiante.
Perto delas, vejo Ashley e Carl correndo se divertindo sob a supervisão de Rick e Lori. Parecia que, pelo menos por um momento, todos estavam relaxados, sem preocupações.

Glenn continuava correndo, claramente arrependido de ter provocado Daryl.

- Foi só uma piada! Paraaa! - ele implorava entre risadas, quase tropeçando ao tentar desviar de uma pedra.

- "Pegador de Novinha" é o seu rabo quando eu encher ele de flecha! - Daryl respondeu, com a voz rouca e ameaçadora, mas havia um brilho em seus olhos que mostrava que ele estava gostando da perseguição. Gargalhei ao entender o porquê de toda aquela perseguição.
Glenn havia provocado Daryl. Brincou com fogo e estava prestes a se queimar. Ou ser queimado...
Glenn deveria saber que mexer com Daryl era sempre uma má ideia - ou talvez fosse isso mesmo que ele quisesse.

Dear Daryl - Daryl Dixon FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora