Império do Caos

Capítulo 9 ‐ O bom duelo, chegando a um clímax

— Oráculo. Oráculo e sacerdotisa. — Não faz meu tipo intervir em duelos, mas se for pra falar algo envolvendo eu ou meus inferiores, fale o correto.

— Exatamente. Já entendeu? Seu braço está cortado, não é um bom dia para você duelar.

— Já mandei calar a boca velha maldita! Esse arranhão é superficial! Faixa solar! — Sim, o nome não é nada criativo. Mas esse ataque literalmente consiste em uma faixa. Um raio de luz enorme advindo do sol, que cai diretamente sobre a cabeça do alvo. Impossível fugir disso... Exceto, para Hera.

— Pare. — Tudo cessa. Isso inclui o tempo... Ao menos, é o que parece.

   O fato é que, Hera é a maior de todas as deusas da Grécia... A dimensão não muda seu status quo.

— Gostou, querida, Ártemis?

— Como!? — Ao que parece, o golpe de Ártemis não foi dado. As nuvens do céu ainda estavam se abrindo para que a luz solar pudesse passar e enfim atingir a cabeça de Hera, porém, parece que o tempo literalmente congelou.

— Seu ataque, não vai me atingir. Eu pausei tudo, e ninguém de fora dessa arena perceberá quando o tempo voltar. Acontece que para mim fugir de qualquer ataque seu e contra-atacar, eu só preciso de um tempo extra, se é que me entende. — Caçoa, Hera.

   Ártemis até tentou se transformar em cervo, em cobra, em um búfalo, em uma águia, um castor e até um rinoceronte, porém, sempre que olhava para seu corpo ela ainda estava com sua aparência real. Como se seus poderes não funcionassem e o tempo realmente tivesse parado. Nem mesmo era possível sentir a brisa do ar.

— Tudo o que eu preciso fazer agora, é caminhar até você, e te derrubar. Com você paradinha. — Zombou, Hera.

   Não contente com o cenário, Ártemis pediu para que Hera deixasse ela se mover livremente no tempo congelado, para que pudessem lutar em pé de igualdade. Hera concedeu esse desejo à Ártemis.

— Flechas de sol! — Exclamou, Ártemis.

   Flechas de sol é o ataque mais rápido e acertivo de Ártemis, depois da faixa solar. Acontece que esse ataque consegue gerar instantaneamente três disparos de luz perfurante, capazes de destruir até rochas inteiras em questão de segundos.

— Lento de mais! — Disse, Hera, conseguindo não só desviar facilmente dos disparos, como ainda conseguiu redirecionar um deles para o céu, apenas com a ponta dos dedos.

— Você está me subestimando, Hera!? — Grita, Ártemis, no apogeu da raiva.

— Você é inferior. Fraca! Não estou subestimando, você naturalmente está níveis abaixo de mim. Geração fraca de deuses... A sua e a atual!

— Cale-se! Velha! Supernova! — Eis aqui, um golpe de Ártemis que destruiria uma região inteira com facilidade. Ártemis é irmã de Apolo e filha de Zeus. Assim como seu irmão e seu pai, ela também consegue manipular a luz e a energia do sol... Mas quando se trata de tornar essa energia um constructo, Ártemis supera e muito seu irmão.

   Hera sabia que aquele golpe iria derrubá-la facilmente, cedendo assim, o trono... E sabia ainda, que nem a barreira de Nistram conseguiria anular os resquícios desse ataque.

   Não sei se disseram pra vocês... Mas numa batalha de fogo contra ar, normalmente o fogo ganha... É aí que entra o segundo atributo de nossa rainha.

— Não vai funcionar! Gruta de Poseidon! — Gruta de Poseidon é um golpe lento, porém, iria anular parte do fogo da supernova produzida por Ártemis.

   Nesse ataque, uma rajada de ar forte o suficiente para dizimar uma área três vezes o tamanho da Grécia é lançada contra o alvo em que Hera estiver pensando, esse ar serviria para causar lentidão. Em seguida, o ar se transformaria em água, que é o segundo atributo de Hera.

   Com isso, Hera faz até mesmo o ar quente (calor do fogo), do ataque de Ártemis, se transformar em água. Aos poucos a arena simulada por Nistram ficou num dilúvio jamais visto. O mesmo que em segundos desapareceu.

— Nunca mais ouse me desafiar para um duelo, se for colocar a vida de todos os seres vivos aqui em risco. — Diz, Hera, após conseguir deixar Ártemis inconsciente e caída no chão, após ficar sob o dilúvio da Gruta de Poseidon.

   Depois, o poder de Hera é desativado, fazendo assim o tempo voltar ao normal. Pensávamos que nenhum golpe de Ártemis havia atingido, Hera, porém...

— Nada mal. — Diz, Hera com uma voz fraca.

— Rainha! — Corro em seu encontro à fim de assegurar que não caia ao chão. — Como você se feriu?

   Parte do cabelo de Hera havia sido queimado, deixando somente a pele. Além disso, parte de suas vestes haviam sido perfuradas, e seus calçados haviam se queimado com o calor da supernova.

— O faixa de sol dela foi muito forte, quase fico desorientada.

— Calma... Creio que agora compreendi. — De fato, eu havia chegado a uma hipótese. — Em nenhum momento você parou o tempo, estou certa?

— Exato. Apenas fiz essa ilusão usando meus poderes. Fiz parecer que as nuvens não se moviam. Quando Ártemis tentava andar, fiz as coisas ao redor se moverem em relação a ela, dando a sensação de estar no mesmo lugar.

— Entendi. Quando ela disparou as flechas de sol, você não havia desviado... E sempre que ela tentava se transformar em um animal, ela de fato conseguia... Mas sua ilusão estava fazendo parecer que você estava intacta, e também fez parecer que ela ainda estava na sua forma real.

— Exatamente. Quanto às flechas, eu consegui anular duas após ler o fluxo de fil... Mas a terceira eu não havia sentido. Estou ficando fora de forma.

— Sinto muito, rainha.

— Não. Não sinta. Eu concordei com o duelo. Sem contar que esses ferimentos não são nada comparados ao da...

— Não recorde esse evento.

— A titanomaquia me feriu muito mais.

— Sabemos disso.

— Acontece que a geração atual, está nos ultrapassando de forma surpreendente. Ártemis evoluiu muito. Ouça, Athena. Sei que você está no trono por enquanto, afinal, estou com a maldição de Caos. Mas deixe-me reassumir. Por pelo menos dois dias. Quero poder aproveitar a vida ao lado de vocês. Nunca pensei que temeria a morte.

— Como quiser, rainha.