A música tocava baixinho em alguma parte afastada do castelo. Jungkook esticou o pescoço cansado e alongou os braços, buscando o máximo de alívio possível para os músculos desgastados depois de tantas horas de tensão com seu chefe de guerra e os conselheiros do reino.
A situação era melhor do que se esperava, mas isso não foi o suficiente para aplacar sua mente agitada, a sensação de que tudo podia dar errado ao mínimo deslize ainda percorria seu corpo como lava quente.
Respirou fundo e deslizou a blusa branca com mangas bufantes pela cabeça. O nervosismo o fizera suar, o corpo bem delineado estava completamente úmido. Precisava desesperadamente de um banho quente.
As criadas estavam ao redor da banheira, aguardando silenciosamente sua majestade para, enfim, fazer o trabalho de limpar e massagear seus músculos cansados.
Era um trabalho lisonjeiro, poder tocar no rei de Teruel. Elas sabiam disso e faziam a tarefa com uma maestria invejável. Para chegar nessa posição, anos de treinos eram necessários. Somente as melhores das melhores criadas podiam chegar tão perto assim da figura mais importante do norte.
Jungkook tirou a calça leve e sedosa, ficando nu diante das mulheres que mantinham as cabeças inclinadas para baixo em sinal de respeito. Entrar na água foi, sem dúvidas, a melhor parte de seu dia. A água estava fervendo, quente como o inferno, exatamente como ele gostava.
Uma das duas criadas se aproximou e se abaixou atrás dele, massageando o trapézio tenso. Era a novata, uma senhora franzina e assustadoramente calada. Jungkook deixou escapar um suspiro baixinho e encostou a cabeça na quina da banheira.
Precisava desesperadamente relaxar. Ser rei tinha seus benefícios e, definitivamente, a massagem era um deles. Tentou desligar a mente por alguns minutos, sem pensar em casamento, no sul ou nos ferais.
A outra criada, encarregada de manter a água quente, se aproximava sempre que o vapor diminuía no quarto do rei. Jungkook encolheu as pernas e, em seguida, as esticou, tentando evitar a iminente câimbra na panturrilha. Não adiantou; a dor do relaxamento muscular o atingiu implacavelmente.
Fechou os olhos procurando pensar que em poucos segundos a dor passaria, câimbras eram quase rotineiras ultimamente. Ao abrir os olhos e mirar na janela entreaberta de seu quarto, algo incomum, escutou o farfalhar das árvores imensas que rodeavam o castelo. Deixou passar esse detalhe, era bom ouvir o vento. A noite já abraçava completamente o céu. O tempo passou voando.
A lua estava cheia lá fora, tão grande e intensa que fez com que o rei se pegasse admirando o brilho sobrenatural do astro luminoso prateado.
Talvez tenha sido por ter baixado sua guarda apenas um pouco, ou por ter se permitido relaxar ouvindo a canção das árvores, que Jungkook suspirou, surpreso, ao sentir algo gelado em seu pescoço.
A adaga fria fazia cócegas em sua pele desnuda. Ele permaneceu imóvel, olhando devagar para a criada à sua frente, que sufocava um grito de surpresa. A jovem parecia tonta, sem emitir som algum. Sua mão pequena foi até a garganta, de onde tirou um pequeno dardo esverdeado. Não demorou para que a mulher caísse no chão, desacordada.
— Quem é você? — perguntou o rei, tão calmo e sereno como se não sentisse o fim flertando com sua garganta naquele exato momento.
Nenhuma resposta. Apenas uma respiração serena perto de sua nuca.
Então, Jungkook sentiu. Garras sobrepujando seu corpo, uma força invisível o obrigando a se levantar. Ele tentou resistir ou até mesmo chamar os dois guardas que ficavam do lado de fora de seu quarto, mas as palavras não saíam de sua boca.
A mão invisível o virou, agora em pé na banheira, de frente para a nova criada que antes o massageava. A mulher ainda tinha o rosto parcialmente coberto pelo capuz que as criadas eram obrigadas a usar como parte do uniforme. Jungkook gemeu baixinho, sentindo todos os seus músculos travados numa batalha interna.
Ele escutou uma risada baixa, sinistra, mas a mulher em sua frente não havia feito barulho algum.
Ela estava em sua mente, rindo dele, da sua falta de controle. Jungkook não era de se desesperar, mas estava começando a acreditar que seu fim ocorreria, de fato, ali. Queria perguntar o que a velha queria, o que estava fazendo consigo.
A mulher olhou demoradamente para o corpo ainda desnudo do rei, sem expressão alguma. Jungkook ficou inesperadamente hiper consciente que ainda estava completamente nu.
Que vexame, iria morrer pelado.
Ainda tentando resistir, Jungkook suava com o esforço de manter a lucidez. Uma grande nuvem negra dominava seus pensamentos e vontades. Seus olhos vacilaram, e as gotas de suor continuavam a escorrer por seu corpo, que tentava desesperadamente retomar o controle.
A mulher o olhava curiosa. Ela não esperava tanta resistência vindo do rei. Um sorrisinho moldou os lábios ressecados da velha.
— Você não conseguir vai, gastando energia. Homem burro.
Jungkook quis rir. A situação em si não tinha graça alguma, mas ele estava fodido e sabia disso. Nunca havia encontrado alguém com um poder tão forte. Ninguém jamais conseguira sobrepujá-lo, nem mesmo seus mestres.
Ainda assim ele tentou, fez forças contra as garras, todo seu corpo contra aquele energia sufocante, sentiu o formigamento de uma esperança quando conseguiu mexer os dedos das mãos. Ele olhou para a mulher, que engoliu em seco.
Ele quis rir novamente. Isso mesmo, sua filha da puta. Eu não vou me entregar tão fácil.
Como se não tivesse sido abalada pela luta do rei, a mulher levantou um pouco seu rosto, apertou mais as garras ao redor de Jungkook, como se provasse que ele não era nada. O homem mais forte de Teruel sendo vencido tão facilmente. Tornou-se difícil respirar, ele iria desmaiar, sabia disso, caindo sobre os joelhos, ainda envolto dos poderes da velha, Jungkook viu um vislumbre dos olhos prateados sob o capuz, mudando rapidamente, como de um réptil, para o castanho que todos súditos de seu reino possuíam.
Estranho, parecia o brilho da lua, um metal precioso.
Finalmente desistiu de resistir, inexplicavelmente os olhos prateados foram catalisadores para sua batalha oculta. Esperou que Perséfone o buscasse ao cair sem forças na água da banheira, agora fria como a noite lá fora.
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N/a: não esquece de votar, sem vergonhas 🤪
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Teruel - Jikook
FanfictionEm idade tenra, Jungkook é o rei mais brutal de toda a história de Teruel. Não havia espaço para erros em sua vida, especialmente porque sua família dependia desesperadamente de si. Prestes a casar-se para equilibrar as tensões de um possível confl...