Amor em território proibido

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Capítulo 3: Chama e Sombra

Amanda estava no terraço de sua casa, observando a Maré sob o manto da noite. As luzes dos becos e vielas pareciam pequenas estrelas brilhando em um céu turbulento. Seus pensamentos estavam dispersos desde o último encontro com Caio. A ideia de uma aliança, algo que parecia absurdo dias atrás, agora fervilhava em sua mente.

— Você está pensativa hoje, não é? — perguntou Lívia, sua amiga de longa data, que subiu até o terraço sem ser notada.

Amanda deu um sorriso cansado. — Muita coisa pra processar, sabe?

— O Caio tem algo a ver com isso? — Lívia perguntou, provocativa.

Amanda lançou um olhar afiado, mas não pôde deixar de rir um pouco. — Não é só ele. É o que ele representa. Essa guerra entre os nossos territórios... Parece que nunca vai acabar. E agora estamos considerando unir forças?

Lívia se aproximou, encostando-se à grade do terraço. — Você confia nele?

Amanda suspirou, olhando para o horizonte. — Não sei. Ele é diferente do que eu esperava. Mais reservado, mais... estratégico. Mas eu sinto que ele não está mentindo. Ele também quer mudança.

Antes que pudessem continuar a conversa, um barulho vindo da entrada interrompeu o momento. Um dos homens de confiança de Amanda apareceu, visivelmente nervoso.

— Amanda, você precisa ver isso — disse ele, com pressa.

— O que houve? — Amanda já estava descendo as escadas, com Lívia logo atrás.

Chegando na frente da casa, ela viu um grupo reunido. No meio, um garoto jovem, ofegante, segurava um pedaço de papel. Amanda franziu a testa e pegou o papel de sua mão, desenrolando-o.

As palavras escritas eram claras e diretas: "Essa aliança não vai acontecer. Recuem ou haverá consequências."

Amanda sentiu uma onda de raiva se formando. Quem ousaria ameaçá-la dessa forma? Ela olhou para o garoto.

— Quem te deu isso?

— Um homem no beco. Ele estava de capuz, não deu pra ver o rosto.

Amanda respirou fundo. — Lívia, reúna o grupo. Vamos averiguar.

Enquanto a movimentação começava, Amanda sentiu seu celular vibrar. Era uma mensagem de Caio: "Precisamos conversar. Algo aconteceu por aqui também."

Ela hesitou por um segundo antes de responder. "Encontro você no lugar de sempre em 10 minutos."

Amanda chegou ao local combinado, um galpão abandonado que ficava entre as fronteiras dos dois territórios. Quando entrou, viu Caio já esperando, encostado em uma das paredes de concreto, com a expressão séria.

— Você também recebeu uma mensagem? — Amanda foi direta.

Caio assentiu, tirando um papel amassado do bolso e entregando a ela. As palavras eram praticamente idênticas às que Amanda havia recebido.

— Parece que alguém não está feliz com nossa aproximação — ele disse, cruzando os braços.

— E quem poderia ser? — Amanda perguntou, irritada.

— Temos muitos inimigos, Amanda. Pessoas que não querem que as coisas mudem. — Caio a observava atentamente, tentando medir sua reação. — Precisamos descobrir quem está por trás disso antes que façam algo drástico.

Amanda concordou, andando pelo galpão enquanto seus pensamentos corriam. — Se formos seguir em frente com essa aliança, precisamos de mais segurança. Alguém dentro de um dos nossos territórios pode estar passando informações.

— Já pensei nisso — Caio admitiu, aproximando-se. — E tenho uma ideia. Vamos reforçar nossas defesas, mas em silêncio. Ninguém pode saber até que tenhamos certeza de quem está nos traindo.

Amanda parou, olhando diretamente nos olhos dele. — E você acha que podemos confiar um no outro?

Caio segurou o olhar dela por um momento antes de responder. — Confiar completamente, não. Mas acho que ambos queremos o mesmo: evitar uma guerra maior.

Ela refletiu por alguns segundos, antes de concordar com a cabeça. — Certo. Vamos fazer isso à nossa maneira.

Caio deu um meio sorriso. — Gosto do jeito que você pensa, Rainha de Fogo.

Amanda soltou uma risada curta. — E eu do seu, Fantasma.

A tensão entre os dois era palpável, mas havia também algo a mais. Uma energia que ia além da rivalidade ou do jogo político. Havia uma atração crescente que eles, até então, se recusavam a reconhecer completamente.

— Vou reforçar a segurança no Alemão. E você, na Maré. Nos encontramos amanhã com mais informações — Caio disse, quebrando o momento.

Amanda assentiu. — Isso é só o começo, Caio. Se formos fazer isso, teremos que estar preparados para tudo.

Ele olhou para ela com seriedade. — Eu estou. E você?

Amanda, mais determinada do que nunca, encarou Caio sem desviar o olhar. — Estou preparada para o que vier.

Eles se despediram em silêncio, cientes de que o caminho à frente seria árduo, mas também cheios de um propósito maior que apenas a sobrevivência de seus territórios.