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Capítulo 14: Tempestade Interna

As semanas seguintes foram marcadas por um frenesi de atividades nas comunidades da Maré e do Alemão. O evento planejado por Amanda e Caio estava se aproximando, e a energia era palpável. Contudo, no fundo de seu coração, Amanda sentia uma inquietação que não conseguia ignorar. O beijo que compartilhara com Caio era um ponto de virada, mas as pressões externas e internas estavam começando a pesar sobre ela.

Certa manhã, enquanto revisava os detalhes finais do evento em sua casa, Amanda foi interrompida por um grupo de jovens da comunidade que chegara para ajudar. O entusiasmo deles era contagiante, mas mesmo assim, ela se sentia distante, perdida em seus próprios pensamentos.

— Amanda, você está bem? — perguntou Pedro, um dos jovens que ela conhecia desde a infância. — Você parece meio fora de si hoje.

Amanda forçou um sorriso. — Estou sim, só um pouco cansada. Temos muito a fazer antes do evento.

Ele a observou por um momento, antes de insistir: — Se precisar de alguém para conversar, estamos aqui, tá? Todos nós admiramos o que você está fazendo pela comunidade.

Agradecendo o apoio, Amanda respirou fundo. — Obrigada, Pedro. Eu aprecio muito isso.

Ela percebeu que, apesar da confiança que tinha em sua liderança, havia uma pressão interna crescente. A responsabilidade de unir as duas comunidades estava se tornando um peso, e a ideia de que tudo poderia desmoronar a assombrava.

Naquela mesma tarde, Amanda decidiu que precisava de um tempo sozinha para refletir. Ela se afastou do centro da Maré e foi até um pequeno mirante que costumava visitar na infância. O lugar era tranquilo, e a vista para o mar a ajudava a clarear a mente.

Sentada na beira, olhando as ondas quebrando, sua mente começou a vagar. O que eu realmente quero? A pergunta a atormentava. O relacionamento com Caio tinha mudado tudo, mas e se o que eles estavam construindo não fosse suficiente?

De repente, a lembrança do beijo deles a invadiu como uma onda. O calor, a conexão... Mas também havia o medo. Medo de abrir seu coração e se ferir. Eles eram de mundos diferentes, e cada um carregava o peso de suas comunidades.

Após algum tempo, Amanda decidiu que precisava falar com Caio sobre como se sentia. Ao voltar, encontrou-o no armazém onde haviam planejado o evento. Ele estava conversando com alguns membros da equipe, mas ao vê-la, seu rosto iluminou-se.

— Amanda! Você estava desaparecida! Estava começando a me preocupar — disse ele, aproximando-se.

Ela tentou sorrir, mas seu coração estava apertado. — Eu precisei de um tempo para pensar.

Caio percebeu a seriedade em sua voz e se afastou um pouco dos outros. — O que aconteceu? Você parece distante.

— É que... Eu estou preocupada. O evento está chegando, e eu sinto como se tudo estivesse em risco. E o que aconteceu entre nós... — sua voz falhou por um momento. — O que isso significa, Caio?

Ele a olhou com intensidade. — Significa que somos uma equipe. E que estamos juntos nisso.

Amanda hesitou, lutando contra a onda de emoções que a invadiu. — Mas e se não for o suficiente? Eu quero que isso funcione, mas a pressão é muito grande.

Caio deu um passo à frente, segurando suas mãos. — Amanda, nós vamos enfrentar isso juntos. A pressão é parte do que fazemos, mas isso não precisa nos separar.

Ela sentiu um calor em seu coração ao olhar em seus olhos, mas a dúvida ainda persistia. — E se a rivalidade entre as comunidades nos destruir? Eu não posso permitir que isso aconteça.

— Eu prometo que faremos o possível para evitar isso. Você é a Rainha de Fogo e eu sou o Fantasma, e juntos somos mais fortes — ele disse, com um sorriso que buscava tranquilizá-la.

Amanda sorriu de volta, mas ainda se sentia insegura. — Você é incrível, Caio. Mas eu só quero ter certeza de que estamos fazendo a coisa certa.

A conversa se prolongou, com Caio assegurando-a de que estavam no caminho certo. No entanto, Amanda sentia que ainda havia um abismo emocional a ser cruzado. Enquanto isso, a data do evento se aproximava e a tensão crescia entre os dois.

Durante as próximas semanas, Amanda e Caio continuaram a trabalhar juntos, mas a sombra da dúvida pairava sobre Amanda. Ela queria que tudo funcionasse, não apenas pela comunidade, mas também pelo que estava florescendo entre eles.

Em um dos últimos dias antes do evento, enquanto revisavam os últimos detalhes, Caio fez uma pausa. — Amanda, posso te pedir algo?

— Claro, o que você precisa? — respondeu ela, já acostumada a sua intensidade.

— Quero que você se lembre de que não precisa carregar todo esse peso sozinha. Estou aqui para te apoiar, e quero que confie em mim — disse ele, sua voz mais suave agora.

O olhar profundo dele a fez sentir-se mais leve, e Amanda finalmente respirou fundo. — Eu vou tentar. Prometo que vou tentar confiar mais em você.

Caio sorriu, e a conexão entre eles se fortaleceu ainda mais, embora Amanda soubesse que o verdadeiro teste estava por vir. Ela se perguntou se seria capaz de abrir seu coração, não apenas para Caio, mas também para a nova vida que ambos estavam tentando construir.

Naquela noite, enquanto se preparava para dormir, Amanda olhou pela janela e viu as estrelas brilhando no céu. Um pensamento a atingiu: Às vezes, é preciso arriscar para encontrar o que realmente se deseja.

Com um misto de esperança e ansiedade, ela se permitiu sonhar com um futuro ao lado de Caio, um futuro onde ambos poderiam ser os líderes que suas comunidades precisavam, mas também onde poderiam encontrar um ao outro em meio a tempestade

Amor em território proibidoWhere stories live. Discover now