Segredos

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     A rua não estava movimentada. Pelo contrário, parecia até deserta, levando em conta o horário. Caminhavam calmamente em direção ao bar. Alastor precisava conversar com Husk antes da polícia.

     — Olha, loirinho. Você sabe bem como é o Husk, certo? — Lúcifer sorri de maneira convencida e acena com a cabeça. — Só tenta se manter na sua pra ele não ficar te perguntando um monte de coisa desnecessária.

     Realmente, Husk era um pouco curioso demais sobre a vida dos outros. Devia ser costume. As pessoas deviam ser acostumadas a contar tudo pra ele quando bebiam demais. Talvez fosse até divertido ficar sabendo tudo sobre a vida dos outros. Mas o anjo conhecia alguém pior. Rindo baixo enquanto falava, Lúcifer diz:

     — Relaxa, Alastor. Se você acha que as perguntas e comentários do Husk são invasivos, não sei como você classificaria o que o Adão fala. Aquele lá, sim, fala e pergunta um monte de coisa desnecessária.

     — Adão? Aquele Adão? O primeiro homem?

     — Esse mesmo — Responde com divertimento na voz.

     — Posso perguntar o tipo de "atrocidade" que ele fala? 

     — Geralmente é sobre... — Uma pausa. Lúcifer não gostava muito daquela palavra. — ... sexo. Ele adora contar sobre as noites dele e... fazer perguntas sobre a vida sexual dos outros.

     — Você pareceu bem desconfortável pra falar disso. Mas ele com certeza é bem inconveniente.

     — Alastor, eu sou um serafim. Ele já foi humano, já teve... relações. E, pensa, antes dele e da Eva, a gente nem pensava na existência desse tipo de coisa. Então geralmente é bem desconfortável. 

     O moreno acena com a cabeça, rindo baixo. 

     Logo que chegam ao bar, escutam risadas vindas da despensa. Eles trocam olhares. Tinha alguém com Husk. Alguém que havia conseguido arrancar risadas dele. Uau. 

     — Ele vai querer te matar se você atrapalhar a conversa — Lúcifer comenta. 

     — Eu não vou ficar aqui parado esperando a conversa do bonito acabar, Lúcifer. 

     — Acho que ele não vai querer te ajudar — O anjo segura o braço do maior, impedindo-o de entrar. Alastor revira os olhos. 

     Não demora muito para o bartender sair da despensa, acompanhado de um garoto alto, com cabelos brancos e um moletom branco e rosa bem grande.

     — Alastor? O que tá fazendo aqui tão cedo? E quem é o loirinho? — Husk indaga.

     — Ah, que ótimo, mais um me chamando de loirinho — O anjo resmunga.

     — Precisava conversar com você. Tá muito ocupado? — Seu olhar se volta para o garoto albino. — Esse é... — Alastor olha para o menor. Ele faz que sim. — Lúcifer, um amigo. E ele?

     — Não sabia que tinha a capacidade de fazer amigos. Esse é Anthony, meu mais novo cliente e amigo — Um sorriso se forma nos lábios do bartender ao se virar para o albino. — Pode falar. Não tô muito ocupado.

      — Então, acho que já vou indo — Pela primeira vez, Anthony se pronuncia. — Imagino que o assunto seja bem pessoal.

     Husk olha para Alastor. Os olhos do radialista diziam que não era um assunto muito leve. O bartender logo entende do que se trata.

     — Pode ficar, Anthony. Sei que não contaria sobre isso. Angel é bem tranquilo, Alastor. Pode confiar. Sei que ele não contaria. 

     — Se você diz.

Entre Anjos e Sombras (RadioApple)Onde histórias criam vida. Descubra agora