𝐂𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟑𝟖

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A manhã de domingo surgiu carregada de um cinza suave, e o vento úmido sussurrava pelas janelas, trazendo uma melancolia silenciosa à mansão. O clima, nublado e frio, parecia convidar todos a permanecerem em suas camas, envoltos pelo calor de suas cobertas. No entanto, a casa estava longe de ser silenciosa. Todos se reuniam na sala de estar, onde a lareira crepitava suavemente, aquecendo o ambiente enquanto um ar de despedida pesava sobre eles. Era o dia da partida de Harry e os Blackwood.

Narcisa, sempre elegante, porém visivelmente preocupada, quebrou o silêncio com sua voz baixa, quase trêmula.

Narcisa: Vocês precisam realmente ir? Parece que mal chegaram...

O tom carregava não apenas questionamento, mas um apelo delicado, o medo disfarçado de uma mãe que odiava despedidas.

Selene, de pé ao lado de Harry, esboçou um sorriso gentil, porém cansado. Aproximou-se da cunhada, segurando suas mãos com firmeza.

Selene: Minha querida, precisamos ir. Mas, lembre-se, o Natal já está logo ali... Voltaremos para o baile, prometo.

Draco, que até então estava em silêncio, não conseguia esconder sua tristeza. Sua expressão endurecida traía os sentimentos que ele, de forma quase teimosa, tentava manter sob controle.

Draco: Não vai ser a mesma coisa sem vocês aqui.

Sua voz saiu rouca, mas determinada, o peso da despedida apertando seu peito. Ele desviou o olhar, evitando encarar Harry diretamente, como se o contato visual fosse o golpe final.

Alaric, sentado numa poltrona próxima, tentou aliviar o clima com um sorriso breve.

Alaric: Tenho certeza de que ele só está dizendo isso porque não quer que Harry vá embora.

Era uma provocação leve, mas carregava também a verdade não dita. Draco sempre fora mais apegado do que gostava de admitir.

Harry, percebendo o desconforto do amigo, deu um passo à frente, seu coração apertado ao ver Draco tão abalado. Aproximou-se com cuidado, a tristeza refletida em seus olhos, mas tentando manter o tom otimista.

Harry: Draco, você sabe que não precisa ficar assim. Vai ser só uma semana. Estarei de volta para o baile, como combinamos.

Ele colocou uma mão firme sobre o ombro de Draco, tentando passar algum conforto com o toque.

Draco fechou os olhos brevemente, soltando um suspiro frustrado.

Draco: Eu sei... Mas isso não significa que eu tenha que gostar.

Sua voz carregava o peso do orgulho ferido, mas também da amizade profunda que os dois compartilhavam.

Harry, sorrindo com ternura, puxou Draco para um abraço, ignorando a resistência inicial. Draco, por fim, se rendeu ao gesto, permitindo-se relaxar nos braços do amigo. Era nesse tipo de carinho silencioso que Harry sabia que Draco mais precisava.

Harry: Eu vou te escrever todos os dias, prometo. E logo, logo, estaremos juntos de novo.

Ele recuou levemente, segurando o rosto de Draco com ambas as mãos, olhando diretamente nos olhos do amigo.

Draco: Você promete?

Havia uma vulnerabilidade em sua voz que raramente deixava escapar, algo que Harry sabia valorizar.

Harry: Prometo.

A palavra saiu firme, sem hesitação.

A sala, então, ficou envolta em um silêncio melancólico, quebrado apenas pelo crepitar das chamas e pelo som suave das despedidas. Entre abraços e promessas, o tempo parecia se arrastar e correr ao mesmo tempo. Harry e os Blackwood finalmente partiram, deixando para trás uma casa carregada de saudades e a certeza de que logo estariam de volta. O vazio da ausência era palpável, mas as memórias compartilhadas, mesmo nas breves horas daquele domingo, mantinham os corações aquecidos.

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