- narrado por Letícia -
Hoje levantei sentindo um peso enorme em minha cabeça, minha mãe me acordou com um café da manhã que não consegui comer nada, só tomei uma vitamina. Hoje era dia de ir a delegacia, e por sorte tinha meu pai, delegado, que é acostumado com isso para me acompanhar, me arrumei bem rapidamente e fui com o carro alugado do meu pai, minha mãe optou por ficar e arrumar minhas coisas.
A caminhada até a delegacia parecia durar uma eternidade. Meu coração batia forte, e a mão do meu pai, segurando a minha me dava uma força que eu precisava. O prédio tinha uma cara bem fria, um ar de cena de terror, mas sabia que esse era um passo importante contra o Matheus.Assim que entramos, o cheiro de café e papel velho me envolveu. Um policial estava sentado na mesa, todo distraído olhando pra tela do computador. Eu me sentia nervosa, mas respirei fundo e fui até ele.
— Oi, eu preciso fazer uma denúncia. O nome dele é Matheus Duarte, e ele me agrediu — falei, tentando deixar minha voz firme.
O policial finalmente levantou os olhos e me encarou, com um olhar meio cético.
— Matheus Duarte? Conheço um Matheus que tem esse sobrenome, um advogado bem renomado que veio a pouco pra São Paulo. — ele disse, meio irônico. Confirmei que era ele mesmo, e ele deu uma risada baixa, meu pai encarou o mesmo que ajeitou a postura e pediu que eu contasse o que tinha acontecido.
Senti meu ânimo desabar um pouco, mas continuei, contando tudo: a briga, as ameaças e o medo que ele tinha me causado. Falei que ele quebrou meu celular e como isso estava me afetando. Cada palavra pesava, mas eu precisava ser ouvida.
— Ele me ameaçou e disse que ia acabar com a carreira do Apollo, um amigo meu. Isso não pode ficar assim!
O policial soltou uma risadinha, cruzando os braços.
— Olha, moça, com a fama do Matheus, isso provavelmente não vai dar em nada. Ele tem recursos e sabe como se virar, você sabe?
Meu coração afundou. Era como se ele estivesse desmerecendo meu sofrimento.
— Mas isso não é justo! — eu insisti, com a voz embargada. — Ele não pode sair impune por isso!
Meu pai, que estava ao meu lado, apertou minha mão um pouco mais forte.
— Escuta, investigador? - meu pai deu uma pausa lendo seu distintivo - Nonato né? a minha filha tá falando a verdade — disse meu pai, firme. — O que esse cara fez não é uma brincadeira. Ele tá usando a posição dele pra intimidar. Posição por posição também tenho e muito maior. Agora você vai nos encaminhar para um escrivão?
O policial olhou pros papéis na mesa, meio divertido.
— Não tô dizendo que vocês não tenham razão, mas casos assim, envolvendo gente influente, costumam acabar sem consequências. É uma pena. E o sr é o que?
Meu pai franziu a testa, claramente irritado.
— Como assim? Isso é agressão! A justiça deve ser igual pra todo mundo, não importa quem seja! E meu cargo não te diz respeito.
— Eu só quero que ele entenda que não pode fazer isso com as pessoas — eu disse, tentando segurar as lágrimas. — Ele precisa pagar pelo que fez!
O policial parecia achar graça da nossa situação, mas, nesse momento, um delegado entrou na sala. Ele era mais velho, com uma expressão séria, mas com um olhar que passava autoridade. Ao ver meu pai, seu rosto mudou.
— grande delegado Nunes! Como vai meu querido? — disse o delegado, estendendo a mão.
Meu pai apertou a mão dele, mas fez uma cara nada boa olhando pra mim e a atmosfera mudou instantaneamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Memórias de Verão | Apollo MC
Teen FictionRogério, um garoto de 14 anos cheio de aventura, vai para a cidade de Letícia, uma sonhadora, e os dois acabam se encontrando durante as férias. Juntos, eles exploram tudo, compartilham sonhos e trocam um primeiro beijo mágico sob as estrelas. Mas s...