Naquela semana ele realmente ficou em casa, tivemos bons momentos e até mesmo falamos sobre algumas coisas do casamento, mas os dias seguintes foram preenchidos por mensagens e pequenos encontros durante o jantar. Comecei a acreditar que tudo poderia voltar ao normal. No entanto, conforme a semana avançava, o trabalho dele começou a engolir novamente os momentos que a gente tinha planejado juntos.
Era sempre a mesma história: um compromisso aqui, uma reunião ali, e a gente acabava se perdendo um do outro.
Hoje quinta-feira, enquanto eu estava terminando um projeto, percebi a falta dele novamente. Mensagens que não chegavam, promessas não cumpridas. O mesmo padrão se repetia. Já eram 21h e nada dele chegar em casa.
" E aí, Matheus? " mandei uma mensagem, um pouco ansiosa.
As horas passaram sem resposta, e meu coração começou a apertar, preocupada se havia acontecido algo. Decidi ligar pela sei lá qual tentativa, mas a chamada foi direto pra caixa postal dessa vez. Acabei dormindo no sofá mesmo, sem saber que horas que peguei no sono.
No dia seguinte, acordei na cama, sinal que ele veio em casa, mas novamente sozinha, e um novo presente no closet, que achei após tomar meu banho e ir me arrumar. Era uma caixa menor, com um cartão que dizia: "Desculpe pela ausência, tive uns imprevistos. Espero que goste." Quando abri, encontrei um relógio elegante da vivara.
— Não posso acreditar que ele tá fazendo isso de novo — murmurei, frustrada.
Os presentes luxuosos não podiam substituir o tempo e a atenção que eu realmente desejava. E mesmo que o relógio fosse bonito, seu valor sentimental era quase nulo.
Naquele momento, decidi que precisava ter uma conversa sincera com Matheus. Não era sobre presentes; era sobre presença, e eu queria mais do que isso. O que a gente tinha merecia ser cultivado, e não algo preenchido com itens caros.— Não adianta só aparecer com presentes, Matheus. Eu preciso de você aqui, de verdade — falei sozinha, preparando-me pra conversa que sabia que precisava ter, além de tudo me lembrei das mensagens que ando recebendo, ainda anonimas, sobre uma possível traição.
Enquanto a cidade gritava lá fora, me sentei e refleti, com a minha. Se houvesse uma chance de salvar o que a gente tinha, isso tinha que começar pela honestidade. E eu tava determinada a fazer isso acontecer, por mais difícil que fosse. Mais tarde recebi uma mensagem dele, onde dizia para me vestir que iriamos sair pra jantar. Decidi ir no salão de beleza fazer uma escova e acabei passando no shopping comprando uma roupa nova, por volta das 18h comecei a me arrumar e esperar ele que marcou de chegar as 20hrs.
A cada minuto que passava, eu olhava para o relógio na parede e, logo em seguida, para o meu celular. "21:05", pensei. "Ainda dá tempo." Mas, em vez de conforto, cada olhada só trazia mais ansiedade.
"22:03". Um suspiro escapou dos meus lábios. "Ele deve estar a caminho." Mas lá no fundo, uma vozinha começou a me incomodar. Por que ele não mandou uma mensagem? O que poderia ser tão urgente assim?
A cada nova olhada, meu coração acelerava. "22:30". Comecei a contar os minutos, quase como um ritual. "Só mais meia hora e eu vou entender." Mas a espera só se tornava mais insuportável.
Olhei pela janela, tentando distrair a mente, mas logo voltei a encarar o celular. "22:45". A frustração estava começando a se misturar com a raiva. Por que eu ainda acreditava que ele apareceria? "23:00". A esperança estava escorregando entre os meus dedos, e a ideia de que ele poderia simplesmente não vir começou a se tornar uma realidade.
Quando o relógio marcou "23:45", eu já não sabia mais o que pensar. Olhei para o sofá vazio e me senti cada vez mais sozinha. Era como se cada segundo que passava estivesse me afastando dele. E ali, sentada, contando os minutos, percebi que a espera havia se transformado em um teste: até que ponto eu estava disposta a esperar por alguém que parecia ter esquecido de mim?
A noite se arrastava, e eu olhava para o relógio pela décima vez. Eram quase duas da manhã, e Matheus ainda não tinha aparecido.
Mas agora, aqui estava eu, sozinha no sofá, cercada por um silêncio que parecia gritar. O que tinha acontecido? Uma mensagem? Um aviso? Nada. A angústia começou a tomar conta de mim, e a frustração crescia a cada minuto que passava.
Levantei e fui até a cozinha, pensando em preparar um lanche qualquer, mas nem a comida conseguia tirar a amargura que me consumia. "É só mais uma vez", pensei, tentando me convencer de que era só uma questão de trabalho ou algo que ele não podia evitar. Mas, no fundo, eu sabia que isso já tinha se tornado um padrão.
Voltei pro sofá e peguei meu celular. Abri o WhatsApp e, mais uma vez, não havia nenhuma notificação. Com o coração apertado, mandei uma mensagem de voz:
— E aí, Matheus? Tá tudo bem? Tô preocupada já.
Esperei. O que parecia uma eternidade. E nada. A frustração virou uma mistura de tristeza e raiva. Eu não merecia isso. O que estava acontecendo com a gente?
Cada segundo que passava parecia mais uma confirmação de que a atenção que eu tanto desejava dele estava se esvaindo. Era como se eu estivesse esperando por alguém que nunca ia chegar. E essa sensação de desamparo me deixou ainda mais revoltada.
Por que eu estava aqui, esperando? Fiquei me perguntando se ele pensava em mim, se se importava. O silêncio era ensurdecedor, e a única coisa que restou foi a solidão. O jantar que eu sonhei parecia tão distante agora.
Desliguei o celular e joguei na mesa, decidida a não me deixar levar mais por essa espera interminável. Olhei pela janela, vendo as luzes da cidade piscando na madrugada, e percebi que precisava agir. Não dava pra continuar assim. Se Matheus não estava disposto a se esforçar, talvez fosse hora de eu pensar no que realmente queria para mim. Mas o difícil é saber como fazer isso, se o que ele falou há alguns dias é realmente verdade, eu só tenho ele em São Paulo. Que falta faz estar em minha cidade.
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Mais um, hoje posto 3 pra chegar o dia deles se conhecerem logo!!! Vem hoje ainda!
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Memórias de Verão | Apollo MC
Roman pour AdolescentsRogério, um garoto de 14 anos cheio de aventura, vai para a cidade de Letícia, uma sonhadora, e os dois acabam se encontrando durante as férias. Juntos, eles exploram tudo, compartilham sonhos e trocam um primeiro beijo mágico sob as estrelas. Mas s...