Memórias de Verão | Apollo MC

16 . A vida precisa continuar.

••• Letícia narrado •••

Acordar naquele quarto de hospital parecia um sonho surreal, mas ao ver minha mãe do lado, segurando meu rosto com um misto de alegria e alívio, a ficha foi caindo aos poucos. O quarto era iluminado por uma luz suave que entrava pela janela, e minha mãe segurava o terço tão forte que parecia que nunca mais ia soltar. Ela parecia exausta, como se estivesse esperando por aquele momento há muito tempo, e ao perceber que eu estava de volta, seus olhos encheram de lágrimas.

– Mãe… o que aconteceu? – perguntei, minha voz saindo fraca e confusa.

Ela respirou fundo e começou a contar tudo. Era muito para processar de uma vez. Eu fiquei em coma por duas semanas, e, no meio de tudo isso, Matheus, meu ex, estava sendo procurado por suborno policial, após ele ter  provado que eu havia mentido, mas que o caso havia sido reaberto e que ele ia pagar por por. Senti uma mistura de choque e alívio. Finalmente, parecia que tudo o que ele tinha feito estava voltando para ele. Mas algo dentro de mim ainda estava em paz. Eu só queria seguir em frente e deixar toda essa dor para trás.

Mas uma coisa não saía da minha cabeça.

– E o Apollo? – perguntei, sentindo meu coração bater mais rápido.

Minha mãe me lançou um olhar terno e, pegando o celular, me mostrou uma foto minha que tinha acabado de enviar para ele. Ela explicou que ele estava na aldeia, então  já entendi que era segunda, além disso me falou que ele estava se preparando para a BDA8, uma das maiores competições de batalhas, e tinha passado os últimos dias completamente focado nos treinos com seu trio. Ao ver aquela foto minha, ele tinha mandado uma mensagem desesperada, dizendo que viria assim que pudesse, mas a batalha ainda era prioridade. E eu entendi. Afinal, era o sonho dele.

– Ele tá batalhando por você também, filha – disse minha mãe, acariciando meu cabelo. – Tenho certeza de que ele vai ganhar, não só hoje mas também a competição.

Isso me fez sorrir, apesar de tudo. Eu queria estar com ele, mas sabia que o melhor presente que poderia dar era deixá-lo batalhar sem preocupações. Então, respirei fundo e perguntei:

– Mãe, você acha que eu vou ter alta até a BDA8?

Minha mãe soltou uma risada, aliviada por me ver com esperança.

– Os médicos disseram que sim. É só você descansar direitinho. Eles estavam esperando você acordar, creio que logo deve receber alta.

Os dias no hospital foram lentos, mas eu estava decidida a me recuperar. Rogerio veio me ver na terça, mas eu estava fazendo exames e ele não consegiu ficar pra me ver, é nos próximos dias pelo que soube pela minha mãe, ele estava treinando para a competição.  A cada dia, minha força voltava um pouco mais, e, finalmente, na véspera da batalha, o médico deu a notícia que eu tanto esperava: estava de alta. Meu coração disparou. Mas eu tinha um plano – e pedi que meus pais não contassem nada para ninguém.

– Quero fazer uma surpresa para o Apollo – falei, sorrindo.

Eles hesitaram, mas minha mãe logo percebeu o quanto isso significava para mim. Assim, no dia seguinte, com o coração acelerado, coloquei uma roupa discreta e fui até a BDA8. Aquele lugar estava lotado, e eu consegui me infiltrar entre a multidão, mesmo que algumas pessoas me reconheceram, 3u consegui ser discreta.

Apollo estava no palco com Neo e Tavin, e só de vê-lo de longe, com aquele foco, já me senti mais forte. Ele parecia ainda mais determinado e seguro, cada movimento no palco era como uma dança de força e técnica, enquanto mandava suas rimas afiadas. Cada vez que ele atacava, a plateia explodia em gritos, e eu me sentia mais conectada a ele. A energia daquela competição era indescritível.