Capítulo 5

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No crepúsculo de um reino marcado por intrigas e sonhos desvanecidos, o rei Viserys I Targaryen se via imerso em um dilema que transcendeu os limites da política e da ambição. A memória de sua falecida esposa, Aemma Arryn, ainda pairava sobre ele como uma névoa suave, repleta de amor e dor. O desejo de encontrar seu primogênito, Aemon, que há muito se acreditava perdido, tornava-se uma obsessão. Viserys sentia, em seu ser, que o menino não havia perecido nas chamas da tragédia, mas que, de alguma forma, o Destino o mantinha vivo, aguardando um momento propício para retornar aos braços da família.

Consciente de que a busca por Aemon não poderia cair nas mãos de qualquer um, Viserys rejeitou a ideia de confiar essa missão a seu irmão, Daemon Targaryen. Embora Daemon fosse um guerreiro destemido e um estrategista astuto, sua ambição frequentemente ofuscava seu juízo. O rei temia que, em uma busca que deveria ser de amor e esperança, Daemon pudesse transformar a jornada em um jogo de poder, colocando em risco não apenas a vida do príncipe, mas também a estabilidade do reino.

Assim, Viserys se voltou para Sor Harold Westerling, seu leal guarda juramentado. Harold era um homem de princípios, cuja lealdade ao rei era inabalável. Ele não buscava glória nem poder; sua única ambição era proteger a coroa e servir a casa Targaryen. Viserys convocou Harold e, com o peso do mundo em seus ombros, revelou seu desejo mais profundo: encontrar Aemon e trazê-lo de volta para casa.

Sor Harold, com a cabeça baixa em respeito, aceitou a tarefa com fervor. Ele sabia que essa missão não era apenas uma questão de honra, mas um chamado do coração do rei. "Majestade," disse ele, "farei o que for preciso. A vida de um príncipe não é apenas um fardo de sangue, mas um legado de esperança. Eu trarei seu filho de volta, mesmo que isso signifique atravessar os reinos e enfrentar os perigos que possam surgir."

Viserys viu a determinação nos olhos de Sor Harold Westerling, e naquele instante, sentiu uma onda de alívio e esperança inundar seu coração. Era como se a escuridão que envolvia o palácio de Pedra do Dragão, repleta de sombras e segredos, se dissipasse, mesmo que momentaneamente, com a luz da coragem e da lealdade que emanava de seu guarda juramentado.

Sor Harold não era um cavaleiro qualquer, mas um homem moldado por batalhas e por uma devoção inabalável à casa Targaryen. Ele era um lobo em pele de carneiro, um protetor que, por trás de sua aparência serena e formal, continha a ferocidade de um leão quando se tratava de proteger aqueles que amava. A presença de Harold, firme e resoluta, trouxe um conforto necessário ao rei, que atravessava um mar de incertezas.

"Majestade," Harold começou, sua voz grave e clara, "sua fé em mim não será em vão. Partirei ao amanhecer, e seguirei cada pista, cada rumor que possa levar-me ao seu filho. O mundo é vasto e repleto de perigos, mas a esperança que move um pai é mais forte que qualquer obstáculo."

Viserys, tocado por essas palavras, sentiu o peso de sua responsabilidade como pai se transformar em uma determinação renovada. Ele percebia que, enquanto seu filho Aemon estivesse vivo, havia a possibilidade de redimir não apenas suas perdas, mas também o futuro de Westeros. O rei começou a imaginar as terras que Harold teria que atravessar — dos verdes campos de Dorne às geladas montanhas do Norte — e as pessoas que encontraria ao longo do caminho. Ele sabia que cada aldeão e cada viajante poderia ser uma peça no quebra-cabeça da vida de Aemon.

Enquanto a noite avançava, Viserys se perdeu em seus pensamentos, lembrando-se de Aemon como um menino risonho, com cabelos dourados como os raios de sol e olhos que brilhavam com a curiosidade da infância. Ele se lembrou de como, numa tarde tranquila, Aemma havia brincado com seu filho no jardim, suas risadas ecoando entre as flores. Agora, essas memórias eram um lembrete de sua fragilidade.

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