Capítulo 9

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O funeral de Laena Velaryon foi um evento marcado por uma atmosfera pesada, onde a dor da perda se entrelaçava com as tensões políticas e familiares que permeavam a Casa Velaryon e a Casa Targaryen. A praia de Driftmark, coberta por flores brancas e pérolas, testemunhava não apenas a despedida de uma filha do mar, mas também um campo de batalha silencioso onde palavras cortantes e olhares furtivos falavam mais alto do que qualquer lamento.

Em meio ao luto, Vaemond Velaryon, sempre ardiloso e calculista, aproveitou a oportunidade para expressar suas opiniões de maneira provocativa. Ele se levantou, sua voz ecoando entre as ondas que quebravam suavemente na areia. Com um olhar que misturava tristeza e uma ponta de desdém, ele começou a falar sobre sua sobrinha, Laena, e suas filhas. Afirmou com veemência que as meninas tinham o verdadeiro sangue Velaryon, um legado que não poderia ser desvirtuado ou negado.

As palavras de Vaemond foram como flechas disparadas contra Rhaenyra e seus filhos, insinuando que os filhos dela eram bastardos, frutos de uma linhagem manchada por alianças questionáveis e casamentos tumultuados. A audácia de suas declarações fez com que o murmúrio de desaprovação se espalhasse entre os presentes, especialmente entre os Velaryon, que, apesar do luto, não podiam ignorar o desrespeito evidente.

Daemon Targaryen, sempre um homem de reações explosivas e impulsivas, não pôde conter uma risada sardônica diante da provocação. Ele sabia que seu riso poderia ser interpretado como um desprezo à memória de Laena, mas, naquele momento, sua intenção era desviar a atenção de Rhaenyra e de seus filhos, que estavam claramente feridos pelas palavras de Vaemond. O riso de Daemon ecoou pelo funeral como um trovão em um céu claro, uma forma de desafiar a tensão que pairava no ar, mas também como um desafio às normas e expectativas de respeito que deveriam prevalecer em um momento tão solene.
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No coração da Casa Targaryen, onde as chamas e as sombras dançam em um eterno balé, o rei Viserys I encontrou-se em um momento de vulnerabilidade e revelação. A poucos passos do trono que carregava o peso de sua linhagem, ele se viu cercado por um ar de tristeza e resignação, um reflexo de anos de batalhas perdidas, tanto no campo quanto no seio da própria família. No entanto, a presença de seu filho Aemon, um príncipe que carregava a chama da determinação e a promessa de um futuro, iluminou os aposentos reais como o nascer do sol após uma longa noite.

Aemon, com seus olhos ardendo de paixão e preocupação, aproximou-se de seu pai com a reverência que apenas um filho pode ter por um rei. Ele trouxe consigo não apenas a coragem, mas também um fardo de verdades não ditas, as sombras que se acumularam ao longo dos anos. Com uma voz clara e firme, ele narrou os eventos que moldaram não apenas seu próprio destino, mas o da casa Targaryen. Contou sobre as intrigas, as traições e as desilusões que marcaram a história recente, enquanto os olhos de Viserys se tornavam mais vivos, absorvendo cada palavra como um viajante sedento em busca de água.

Aemon, percebendo a fraqueza física de seu pai, não era apenas um príncipe preocupado, mas um filho que via a fragilidade do homem que sempre admirou. O desejo de proteger e curar o rei fervilhava em seu coração. Ele pediu aos curandeiros, homens e mulheres que tinham dedicado suas vidas ao bem-estar da realeza, que viessem a seu chamado. Com um olhar decidido, Aemon buscou uma solução que não estava apenas nas ervas e poções, mas também nas antigas tradições de magia que permeavam a história de sua família.

A magia, muitas vezes temida e incompreendida, fluiu através das mãos de Aemon enquanto ele preparava um elixir especial, oriundo de antigas receitas de seus ancestrais. Este elixir não era apenas uma mistura de ervas e substâncias, mas um símbolo de esperança e renovação. Quando finalmente apresentado a Viserys, o rei hesitou por um momento, mas o olhar esperançoso

O elixir preparado por Aemon era mais do que uma simples mistura de ingredientes; era uma manifestação da antiga magia Targaryen, um eco dos tempos em que os dragões voavam livremente nos céus e a linhagem de Valyria era venerada. Aemon, ciente do poder que corria em suas veias, infundiu a poção com não apenas ervas curativas, mas também com um pouco de sua própria essência, um gesto de amor e devoção que transcendeu o tempo e o espaço.

Quando Viserys tomou o elixir, imediatamente sentiu uma onda de calor e vitalidade percorrer seu corpo. O peso das dores que o acompanhavam há tanto tempo começou a se dissipar, como a neblina que se ergue sob a luz do sol da manhã. Suas articulações, antes rígidas e cansadas, se tornaram mais leves, e a visão que outrora carregava a tristeza das perdas e das batalhas começou a brilhar com uma nova esperança. Ele se sentiu revitalizado, como se as sombras da idade e do sofrimento tivessem sido banidas, mesmo que temporariamente, permitindo que a essência de sua juventude florescesse novamente.

Com a revitalização do corpo, o espírito de Viserys também ressurgiu, como uma fênix renascendo das cinzas. Ele olhou para Aemon, e pela primeira vez em muitos anos, um sorriso genuíno se formou em seus lábios. O rei não apenas recuperou a força física, mas também a clareza mental que o havia abandonado em momentos de desespero. Ele se lembrou de quem era, do homem que um dia sonhou com uma Westeros unida, não apenas através do ferro e do fogo, mas pelo amor e pela compreensão.

Esse momento de renovação trouxe consigo uma onda de inspiração. Viserys, agora mais jovem em espírito, começou a pensar em como poderia usar essa nova energia para moldar o futuro de seu reino. Ele se lembrou das promessas feitas a seus antepassados e dos ideais que sempre defendia. O elixir não apenas curou suas feridas físicas, mas também reacendeu a chama da liderança dentro dele. Viserys começou a planejar como poderia restaurar a honra da Casa Targaryen.

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