17- Retorno - parte 2 ( Dimitri)

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Saí da clínica com o corpo exausto e a mente mais pesada do que nunca

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Saí da clínica com o corpo exausto e a mente mais pesada do que nunca. As palavras de Lúcia ecoavam em minha cabeça enquanto eu caminhava em direção ao carro. Ela estava certa. Eu não podia salvar minha mãe, e talvez nunca pudesse, mas a pergunta que me atormentava agora era: como eu seguiria em frente com essa realidade?

Fiquei parado na porta da clínica, o vento frio batendo no meu rosto enquanto eu tentava organizar os pensamentos. As palavras de Lúcia ainda ecoavam na minha mente, e o peso de tudo parecia aumentar a cada segundo. Minha respiração estava irregular, e eu nem sabia se estava preparado para voltar para casa.

De repente, senti um impacto leve no meu ombro. Quase cambaleei para o lado, distraído demais para reagir a tempo.

- Cara, foi mal! - ouvi a voz familiar.

Levantei o olhar e me deparei com Charles. Ele estava parado na minha frente, com uma expressão confusa e nervosa. Nos encaramos por alguns segundos, sem saber o que dizer. Charles parecia ainda mais agitado do que o normal, o que não era um bom sinal. Mas, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele franziu o cenho, olhando para mim de cima a baixo.

- Dimitri... por que você tá sem tênis? E... - ele apontou para o meu rosto, os olhos arregalados. - Que merda aconteceu com o seu rosto?

Eu olhei para baixo, só então percebendo o quão ridículo eu deveria parecer: sem sapatos, com a bochecha ainda dolorida e provavelmente inchada pela queda. Suspirei, sem saber por onde começar.

- Eu... vim ver minha mãe, - comecei, a voz saindo mais fraca do que eu pretendia. - Ela teve outro surto.

Charles me encarou, a expressão de preocupação ficando mais intensa. Ele deu um passo para mais perto, como se tentasse entender o que estava acontecendo.

- E aí? - ele perguntou, mais calmo agora. - O que rolou?

As palavras saíram antes que eu pudesse me controlar. Era como se, naquele momento, tudo o que eu estava segurando finalmente explodisse.

- Ela começou a gritar que odiava todo mundo, que queria sair daqui. - Abaixei a cabeça, tentando evitar o olhar dele. - Disse que eu ia pagar por ter deixado ela aqui, que eu a abandonei. Não sei mais o que fazer, Charles. Eu tô exausto.

Charles não disse nada por um momento, mas sua presença era reconfortante. Ele sempre teve esse jeito de estar lá, mesmo quando as palavras não eram suficientes.

- Cara... - ele começou, sua voz mais suave do que o normal. - Eu nem consigo imaginar o que você tá passando, mas... você fez o que podia, Dimitri. Não é sua culpa.

Eu balancei a cabeça, sentindo a frustração crescendo no meu peito.

- Parece que é, às vezes. Como se, de alguma forma, eu fosse responsável por tudo. E enquanto eu fico preso nisso, minha vida continua parada. Eu tô... - minha voz falhou por um segundo. - Eu tô cansado, Charles.

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