"De sonhadores a inimigos"

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Abro meus olhos e vejo Davi dormindo ao meu lado com uma expressão um pouco desconfortável. Seu rosto está avermelhado como se tivesse levado sol por um dia inteiro. Encosto levemente a mão nele e sinto seu corpo bem mais quente que ontem.
Pensei que ele estaria melhor hoje de manhã.

Vou até o quarto do Henrique e o encontro acordado já com o uniforme da escola.

A: você tá melhor?

H: bem melhor

A: se quiser ficar em casa eu deixo

H: não precisa, mas vou guardar essa lembrança pra quando eu estiver com preguiça- solto um pequena risada.

A: vou preparar o café pra você, termine de se arrumar

[...]

Abro a porta do quarto deixando as chaves do carro emcima da minha penteadeira e vou até Davi que ainda está deitado. Deixei o Henrique na escola como de costume, pretendia voltar a fazer academia pela manhã agora que estou de férias, mas vim para casa ja que Davi está aqui.

A: como se sente?

D: pior

A: acabei de levar o Henrique pra escola ele acordou melhor- falo medindo sua temperatura de novo.

Me deito ao seu lado e aos poucos começo a fazer carinho em seu rosto. Ele suspira e me puxa para que eu deite emcima dele. Desço minha mãos por seus braços e beijo seu pescoço algumas vezes.

D: Você  sabia que é crime a enfermeira se aproveitar das condições físicas do paciente para toca-ló?- sussura e solto uma risada.

A: acho que vou ser presa então

Suas maos se apoiam em minha bunda e me puxam para cima fazendo com que ele me beije. Minhas costas encontram a cama e sua mao vai ate minha nuca intensificando nosso beijo. Tudo parece tão perfeito que não à nada Que pode acabar com isso, até ele afastar sua boca da minha e abro meus olhos confusa. Tento aproximar minha boca da sua novamente mas o mesmo se afasta.

A: Davi?- sussurro e ele desvia seu olhar negando com cabeça

D: desculpa, Ana- fala se deitando novamente.

Se forma um nó em minha garganta e não tenho coragem de encara-ló.

A: não...- solto um longo suspiro e me levanto sentindo o sangue ferver de ódio- Não me chama de "Ana", porra!

.

15:00

Entro no quarto e entrego um remédio para Davi que o pega sem trocar nenhuma palavra.

A: vou buscar o Henrique na escola-aviso

D: vou dormir, então pode trancar a porta- fala deitando. Toco sua testa novamente medindo sua temperatura.

A:você tá com febre

D: hum.- ele se vira e se acomoda na cama se cobrindo com o lençol

A: sua febre tem que abaixar, você não pode se cobrir

D: eu tô com frio

A: eu tô falando sério e você sabe disso

D: me deixa

A: você não é uma criança, você sabe o que pode e o que não pode fazer, Davi.- falo perdendo a paciência.

D: eu não sou uma criança, você não é minha mãe!

A:...

Então morre, merda.

A: ok, então se fode vc e sua gripe.- falo indo embora do quarto.

D: Ana, espera eu-

A: pq caralhos vc tá me chamando de Ana!? Não será o suficiente você não está fazendo o mínimo como meu marido!?

D: desculpa tá! Eu só tô estressado.

A: desculpa o caralho, Davi! Tenha o mínimo de respeito por mim ou não olhe mais para minha cara!

D: porra, eu não já pedi desculpa?!

A: que bixo te mordeu em?! Você tá merda na cabeça caralho?

D: para de drama, meu Deus.

A: não é drama, você que está descontando sua raiva de alguma merda em mim! Se quiser conversar eu estou aqui e você sabe disso, mas se for me tratar igual uma qualquer, vá embora porra!- ele me encara sem reação e abaixa a cabeça pensando em uma resposta- Espero que seja uma fala sem pensar, Davi.

Desço as escadas e a cada degrau tenho vontade de matar alguém ou me jogar no chão de tanto chorar.

.

Paro algumas ruas antes da escola no lugar menos movimentado que acho, não quero tirar o Henrique de um ambiente de brigas e levar para outro.

Tento não chorar mas é impossível lembrando de cada coisa que Davi falou pra mim antes de sair de casa e sentindo na pele o quanto minha mente está cheia.

Vejo que já deu o horário do Henrique então ligo o carro e vou até a frente da escola.

H: já disse que eu tô com fome?- fala aparecendo na janela do carro. Solto uma pequena risada.

A: até agora e a primeira vez- falo tentando parecer o mais normal possível.

H: o que aconteceu?

E não deu certo.

A: nada ue

H: seus olhos estão inchados- ele cantarola entrando no carro.

A: você pode fingir que não viu dessa vez?

H: tá...

A: não se preocupa não foi nada sério, tá bom? Como foi a aula?

H: foi legal, descobri que conheço sua vizinha.

A: sério?

H: aquela ali ó- ele aponta para uma menina que tem sua idade.

A: a sim, já vi ela algumas vezes

H: ela e legal- o observo de canto de olho com um sorriso- a fala sério.

A: parei- falo rindo

Continua...

Todos os motivos para te amar 2 (D+A)Onde histórias criam vida. Descubra agora