-ꜱᴛᴀʀᴛ-

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Riquezas, fama, poder, um homem conquistou tudo que o mundo tinha a oferecer, o Rei dos Piratas, Gold Roger, antes de ser executado, suas últimas palavras levaram multidões aos mares.....

Era um dia qualquer na pequena ilha onde Yuri estava de visita, com a brisa salgada do mar sempre presente e o céu azul pintando a manhã. Aquele deveria ser mais um momento de liberdade para o garoto de cabelos brancos e espírito inquieto, mas, ao invés de correr pelas ruas ou explorar a praia, ele se encontrava trancado em um quarto, lutando contra uma peça de roupa teimosa.

— Isso... isso é sério?! — ele sussurrou para si mesmo, encarando o espelho como se ele fosse um inimigo mortal. O vestido que ele usava era feito de cetim brilhante, com uma saia rodada que quase arrastava no chão e um laço gigante na cintura.

Yuri tentou puxar a gola da roupa desconfortável, como se esperasse que, de alguma forma, ela desaparecesse sozinha. Não entendia muito de moda — e sinceramente não queria entender — mas sabia que aquilo não era o tipo de coisa que esperava vestir antes de ir a um festival.

"Isso é ridículo", ele pensou.

— Se você não ficar parado, vai amassar tudo! — uma voz o alertou do outro lado da porta. O som era doce e firme, uma mistura de carinho e ameaça velada que só alguém da sua família conseguiria fazer tão bem.

Yuri sentiu um arrepio subir pela espinha. Não sabia ao certo quem tinha decidido que ele seria o modelo daquela peça extravagante, mas uma coisa era clara: não era uma ideia que ele podia recusar sem consequências.

Com um suspiro resignado, ele esticou a saia, tentando entender como aquilo funcionava. "Só mais uma vez", ele se prometeu, como se repetisse um mantra. No fundo, Yuri sabia que não adiantava lutar. Quando sua família decidia alguma coisa, não havia como escapar — fosse uma ordem de pirata ou uma escolha de figurino bizarro.

POV YURI:

-Será que eu poderia sair pra brincar hoje? - pergunto, eu tô com um pouco de medo da resposta, mas eu queria sair com pra brincar com as outras crianças também.

Nenhuma resposta...eu estou sozinho....de novo

Respiro fundo olhando minha imagem no espelho, isso me deixa desconfortável, esse cabelo enorme, esses laços, essa saia, esse não sou eu, meu quarto está menor do que nunca, as paredes de madeira clara, desgastadas pelo tempo e pelo ar salgado da ilha, tornavam-se um casulo sufocante. 

"Por que eu?" 

Pensei, apertando a barra do vestido com mais força. O laço nas minhas costas estava tão apertado que parecia prender não só a roupa, mas também cada pensamento confuso que passava pela minha mente. Tudo em mim gritava que aquilo não estava certo. Mas, ao mesmo tempo, havia algo mais forte do que o desconforto: eu não podia desapontá-la.

Desço as escadas, eu sinto que vou cair a qualquer momento nessa saia, a cada segundo, os sons do festival se tornavam mais vivos: gargalhadas ecoavam, tambores ritmados marcavam a passagem do tempo, e o cheiro de comida no ar invadia a casa. Apertei a barra do vestido, sentindo o estômago revirar. E se eles rissem de mim? E se achassem que eu era esquisito? O medo começou a crescer, apertando meu peito como uma onda prestes a me engolir.

"Não importa o que eu vista... importa quem eu sou."

Com uma determinação renovada, segurei o punho da porta e a abri, pronto para enfrentar o que viesse lá fora. Porém, assim que dei o primeiro passo, senti algo puxar meus pés.

O vestido.

Antes que eu pudesse reagir, meu pé se enroscou na barra da saia, e tudo aconteceu rápido demais. A madeira fria da escada foi de encontro ao meu corpo, e eu caí, batendo com um baque surdo.

Senti minha bochechas corarem de vergonha, ainda bem que ninguém viu isso, só fingir que nada aconteceu, e continuar.

Bufei, empurrando a saia para longe, e me levantei devagar. Meu coração estava acelerado, mas eu não podia deixar aquilo me derrubar — nem a queda, nem o vestido. Estava decidido: se o maior obstáculo do dia era uma barra de tecido, então eu daria um jeito.

Quando cheguei à porta da frente e senti a brisa suave tocar meu rosto, percebi que a queda não tinha sido tão ruim assim. Talvez eu tropeçasse outras vezes — talvez no vestido, talvez na vida —, mas isso não importava. O que importava era me levantar. Sempre.

Quando finalmente saí pela porta da frente e pisei nas ruas da vila, percebi algo que me surpreendeu: quase ninguém parecia notar. Os adultos sorriam para mim com gentileza, e as crianças corriam pela rua, rindo e brincando como se nada fosse mais importante do que se divertir.

Foi então que um grupo de garotos passou por mim. Meu coração acelerou por um momento, esperando o pior. Mas, em vez de risos cruéis, um dos meninos sorriu e brincou:

— Ei, Yuri! Vai dançar no festival? Ficou bonito, hein! — Ele piscou para mim e saiu correndo, rindo, mas sem nenhuma maldade.

Eu senti meu rosto esquentar, mas, para minha surpresa, não havia vergonha nem raiva. O que senti foi... alívio. Como se o peso que eu imaginava carregar nunca tivesse existido. Ajustei o vestido mais uma vez e, antes que percebesse, um pequeno sorriso escapou.

Foi então que, do outro lado da rua, avistei uma figura que me chamou a atenção. Um garoto de cabelos pretos bagunçados corria ao lado de um homem imponente, vestido com o uniforme da Marinha. O garoto, que não conhecia, parecia tão despreocupado, tão cheio de vida. Sua expressão alegre e seu sorriso largo iluminavam o ambiente ao seu redor.

Eu não sabia quem ele era, mas havia algo em sua presença que me fascinava. O garoto gesticulava animadamente, e parecia estar em uma conversa leve com o homem ao seu lado. Era como se eles estivessem prestes a embarcar em uma nova aventura, e isso me fez sentir uma pontada de inveja e admiração ao mesmo tempo. Eu gostaria de ter coragem para me aventurar como ele, para explorar o mundo além do que eu conhecia.

"Até que gostei do chapéu de palha dele......"

ᴏ ꜰᴀɴᴛᴀꜱᴍᴀ ᴅᴏ ᴍᴀʀ - 𝙊𝙣𝙚 𝙋𝙞𝙚𝙘𝙚Onde histórias criam vida. Descubra agora