Sonhos ou Realidades?

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Eu estava deitado, o sono me envolvendo em um abraço quente. Gradualmente, sua consciência começou a se dissolver, eu me vi em uma paisagem familiar, mas estranhamente distorcida.

Estava em um imenso navio de madeira, a brisa do mar acariciando meu rosto e o som das ondas batendo contra o casco ressoando como uma melodia hipnótica. O sol se punha no horizonte, tingindo o céu de laranja e roxo, mas havia algo inquietante em toda a cena.

Isso me lembra algo...

À frente, uma ilha ardia em chamas, as chamas dançando como serpentes em um banquete de destruição. O calor refletia em meu rosto, fazendo-me sentir poderoso, quase divino, enquanto o navio flutuava a uma distância segura, como se eu estivesse acima de tudo. Minhas mãos estavam firmes na borda, e eu observava a cena com horror.

Eu era pequeno em relação a borda do navio, estava sentado em alguma coisa alta, com uma bolha na cabeça muito desconfortável, aquelas roupas brancas que eu tanto odiava, era tudo que eu conseguia lembrar.

E então, aquela voz suave, a mesma que eu conhecia tão bem, ecoou em minha mente.
— Olhe para eles, Yuri. — O tom era autoritário, quase sedutor. — Eles merecem isso. É o destino dos inferiores.

Um arrepio percorreu minha espinha ao ouvir aquelas palavras. Era como se eu soubesse, em algum lugar profundo, que havia uma ordem natural no mundo. A ideia de que eu era superior a eles crescia dentro de mim, como um fogo que não poderia ser apagado.
— Eles são fracos, e você... você é especial. — continuou a voz, insinuando-se em minha mente. — É seu direito. Sua natureza.

"Não... isso não está certo." 

— Eles não são dignos. Você é. Lembre-se, é o destino dos inferiores.— As palavras se repetiam em meu ser, fazendo-me sentir uma estranha euforia. Mas, mesmo em meio a essa sensação, uma sombra de dúvida pairava sobre mim, uma voz distante que sussurrava que eu não queria ser como eles.

Ao fundo, risadas ecoavam, e reconheci as vozes de meus irmãos mais velhos. Estavam juntos, rindo e brincando, como se a destruição da ilha fosse uma piada, algo para ser celebrado.
— Olha só! Eles merecem isso! — exclamou um deles, com um tom de desprezo.
— É hilário ver como se debatem! — disse o outro, rindo com desprezo.

As palavras deles cortaram o ar como lâminas, e uma parte de mim se perguntou por que eles se divertiam tanto. O que era tão engraçado na dor alheia? Mas a voz suave e familiar retornou, ecoando em minha mente, como se tentasse me confortar.

Senti uma onda de calor ao meu redor, mas, assim que abri os olhos, a escuridão começou a se dissipar, o ambiente mudou e logo me vi na vila Foosha. O cheiro do mar e o som das ondas quebrando na praia eram familiares, um conforto bem-vindo, mas havia algo mais profundo que me inquietava.

Uma voz familiar ecoou em meio às casas. "Ei! Vamos! Rápido!" Era Luffy. A animação em sua voz fez meu coração acelerar, mas uma sensação de pressentimento começou a se instalar em mim.

Segui o som, meu corpo se movendo quase que automaticamente. À medida que me aproximava, vi sombras se formando. Um garoto de cabelos pretos estava lá, rindo e brincando, enquanto outro, um pouco mais velho, de cabelos loiros, observava com um semblante sério. A cena era vibrante, repleta de vida e alegria.

"Yuri!" A voz de Luffy chamou novamente, cheia de entusiasmo, e eu sorri involuntariamente. Mas foi o garoto loiro que capturou minha atenção. Ele olhou diretamente em meus olhos, e o sorriso no rosto dele se transformou em uma expressão mais grave.

"Cuidado com os nobres," ele disse, e suas palavras ecoaram em minha mente, carregadas de um significado que eu não conseguia decifrar. A imagem dele começou a se desfocar, como uma pintura manchada pela chuva, e eu senti um desespero crescendo dentro de mim.

"Luffy! Espera!" gritei, mas minha voz parecia desaparecer antes de chegar até eles. Tudo foi envolto em escuridão, e as sombras que antes estavam ali se esvaneceram.

Eu acordei com um sobressalto, ofegante, o coração acelerado. A sensação de confusão e inquietação ainda pulsava em meu peito. O mar estava em silêncio, e a realidade começou a se estabelecer lentamente.

A luz brilhante da manhã começou a invadir meus olhos, ao meu lado, Luffy dormia tranquilamente, seu rosto sereno iluminado pela luz suave do sol.

O que você quis dizer com aquilo.....

Sabo

ᴏ ꜰᴀɴᴛᴀꜱᴍᴀ ᴅᴏ ᴍᴀʀ - 𝙊𝙣𝙚 𝙋𝙞𝙚𝙘𝙚Onde histórias criam vida. Descubra agora