ᴏ ꜰᴀɴᴛᴀꜱᴍᴀ ᴅᴏ ᴍᴀʀ - 𝙊𝙣𝙚 𝙋𝙞𝙚𝙘𝙚

O Caçador de Piratas Zoro

A cidade de Shells Town não parecia grande coisa à primeira vista — ruas de pedra, poucas lojas e um ar pesado de algo fora do lugar. Mas Luffy andava por aquelas ruas como se já soubesse o que estava procurando. E, claro, ele sabia. Assim como sempre soube o que queria, desde o dia que decidimos partir juntos.

 Eu, por outro lado, sentia cada sombra ao nosso redor como um aviso. O instinto de me esconder nunca deixava de me cutucar.

— Então, você realmente vai salvá-lo? — pergunto, sentindo um misto de admiração e preocupação.

— Claro! — Luffy respondeu, com aquele sorriso confiante. — Se ele é tão forte quanto dizem, ele precisa estar conosco.

Tentei não demonstrar, mas essa resposta fez um nó se formar na minha garganta. Será que eu não era forte o bastante? Será que ele via em mim apenas um peso?

Seguimos até uma praça ampla, onde encontramos o tal espadachim amarrado em uma cruz de madeira, Zoro. Ele estava coberto de sujeira e com um olhar duro, mas mesmo assim não demonstrava fraqueza. Parecia que aguentaria aquela humilhação até seu último suspiro.

Isso é mais humilhante do que usar um vestido.

Seus olhos eram intensos, e havia uma aura perigosa ao seu redor, como se ele fosse um lobo acorrentado, esperando o momento certo para morder.

Luffy se aproximou como se estivesse reencontrando um velho amigo, despreocupado e cheio de um entusiasmo que me fazia duvidar da sanidade dele.
— Você é o Zoro, não é? Quer entrar na minha tripulação?

Zoro ergueu o olhar, arqueando a sobrancelha.
— Você é maluco? — ele resmungou.

Senti um pequeno alívio, mas ele foi passageiro. Sabia que Luffy não ia desistir tão fácil.

— Se você vier comigo, eu te libero. E prometo que vamos comer um banquete depois — Luffy disse, com um sorriso aberto.

Eu não consegui segurar.
— Um banquete? Isso é sério, Luffy? — falei, tentando disfarçar a tensão com uma risada. — É assim que você acha que vai convencer alguém?

Luffy me lançou um olhar cheio de convicção, como se a resposta fosse óbvia.
— Quem não gosta de comida?

Eu revirei os olhos e bufei. Era impossível discutir com ele.

Minha mente foi tomada por um turbilhão de pensamentos. Quem era esse Zoro? Ele era perigoso? E se ele machucasse Luffy? Eu odiava admitir, mas uma parte de mim se sentia... descartável. Luffy ia preenchendo nossa tripulação com pessoas fortes e habilidosas, enquanto eu continuava sem saber como meus próprios poderes poderiam ajudar.

— E se ele tentar te matar quando você soltar ele? — perguntei em voz baixa, me aproximando de Luffy.

Luffy apenas riu, sem se abalar.
— Eu dou conta.

Me mantive à sombra de uma casa próxima, invisível como sempre, como sempre um fantasma. Meu peito apertava com um medo que eu não conseguia explicar. E se, no fim das contas, não houvesse lugar para mim nesse sonho que ele tanto queria?

No fundo, eu sabia que Zoro não diria não. Ele tinha aquela mesma chama no olhar – a mesma que vi em Luffy no dia em que ele me convidou para seguir com ele. Um olhar que dizia que nada poderia segurá-lo.

E isso me fazia pensar... eu conseguiria acompanhar? Cada pessoa que Luffy atraía para perto parecia ser mais forte, mais pronta para essa jornada. Eu queria acreditar que havia um lugar para mim, mas, às vezes, era difícil. Mesmo assim, enquanto as ondas se agitavam dentro de mim, eu segui em frente. Porque, se havia uma coisa que eu sabia, era que não importava quão assustador o caminho fosse — eu precisava descobrir o quão longe conseguiria ir.