João Romania.
Quinta-Feira, 18 de junho— Gente, vai ter uma festa da união de todas as atléticas no sábado, vocês animam? — Renan pergunta entusiasmado.
Estamos sentados em um dos bancos da área externa da faculdade. Por optarmos por cursos diferentes, esses são os momentos durante a semana em que me encontro com meus melhores amigos, geralmente no final das aulas.
— Ai não sei, vocês sabem que fico muito cansado por causa da cafeteria e nos finais de semana gosto de "descansar" ou fazer um programa mais leve, já que não tem aula. — digo com a mesma desculpa de sempre, que mesmo não sendo absoluta mentira, não é o real motivo pra eu não ir em quase nenhuma dessas festas.
— Nem vem João, você disse que o novo contratado tá te ajudando muito e que você não cansa nem metade do que cansava antes — Giovana, minha prima, retruca minha fala.
— É, não adianta escapar dessa, todos vamos e não aceito "não" como resposta — meu amigo complementa a fala da minha prima.
— Vou pensar e dou um retorno até a sexta. — digo, só para eles não me encherem o saco.
— Pensa com carinho, por favor — Gio implora e todos rimos da atitude atípica dela.
— Preciso ir, amanhã levanto cedo — me levando me ajeitando para ir embora — Estão de carro ou querem carona?
— Tô de carro, a Gio vai comigo, é caminho — Renan diz.
— Ótimo, até amanhã então — me despeço dos meus melhores amigos e sigo caminho até minha casa ouvindo meu mpb de sempre.
Sexta-Feira, 19 de junho
As coisas no "Mania" têm sido ótimas, Pedro é um ótimo ajudante e uma pessoa muito legal. Nós não conversamos muito, mas os poucos diálogos que temos são leves e felizes, fico contente por meus pais terem acertado tanto! Por esse motivo decidi ir à festa que meus amigos tanto insistem.
Uma festa só não mata ninguém, né!?
Vou avisá-los hoje a noite na faculdade, acho que vão ficar contentes. Eu quase nunca apareço nessas ocasiões que eles tanto gostam, mas tenho meus motivos para isso.
No meio dos meus pensamentos, Pedro aparece e se aproxima após seu intervalo pro café da manhã, acabei de fechar a conta da última mesa e agora a cafeteria está vazia. Pego um café e me viro pra ele, mas antes que eu consiga falar ele começa:
— Você não come, cara? — questiona com uma expressão confusa olhando para minha xícara de café.
— Claro que como, só não estou sentindo fome — dou de ombros indiferente ao seu comentário.
— A manhã de hoje foi mais movimentada do que nunca, tem certeza que não tá com fome?
— Tá, talvez um pouco — admito — Mas vai que chega algum cliente, não posso sair daqui.
— Eu vou estar aqui, uai — Pedro diz como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Não consigo deixar de notar o seu sotaque mineiro.
— Tá, esquece isso — dou um fim a essa conversa pois sei que ele não me entenderia. — Não precisa vir no domingo...
— Tem certeza? Por que? — pergunta com uma feição confusa.
— Acho que não vou abrir, tenho um compromisso no sábado à noite e devo demorar para chegar em casa — digo me referindo a festa das atléticas que vou com meus amigos.
— Ah, okay. Fico feliz, eu acho.
Pedro Tófani.
sábado, 20 de junhoHoje é meu último dia de trabalho da semana e já posso dizer que estou amando meu novo emprego, cada parte dele é ótima.
João me disse que a cafeteria não vai abrir no domingo, pois ele tem um compromisso, fico feliz com isso porque queria muito ir na festa das atléticas que vai ter hoje, e se precisasse bater ponto amanhã cedo, eu não conseguiria. Mas também fico pensando em que tipo de compromisso ele deve ter, penso ser algo bem importante e formal.
Ele é um cara um pouco fechado, mas muito gentil, deve ser alguma reunião de negócios, mas vai ficar só na imaginação mesmo, não tenho coragem de perguntar. Apesar de sua companhia ser muito agradável em meio a conversas sobre as letras das músicas do Cazuza, que descobri ser seu cantor preferido, e suposições sobre o que certos clientes discutem com seus acompanhantes nas mesas, não somos próximos o suficiente para assuntos pessoais.
— Bom, vou nessa — aviso assim que me aproximo do balcão onde João está no mesmo lugar tomando o seu café, como sempre.
— Tchau, Pedro! — diz sendo educado — Até segunda, bom descanso!
— Obrigado, até! — aceno enquanto passo pela porta da frente do estabelecimento.
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Mania | pejão
FanfictionJoão mora na capital e cuida da cafeteria dos seus pais que moram no interior; Pedro, contratado como ajudante, trabalha pra se manter em São Paulo enquanto faz faculdade; Entre intervalos pra almoço, caronas e os silêncios fora dos horários de pico...