João Romania.
Domingo, 21 de junho.Eu e o Pedro estamos sentados no meu sofá após alguns pedaços de torta e taças de vinho. Já estamos um pouquinho embriagados, mas nada demais.
— Agora que somos amigos... — Pedro começa, enrolando para terminar de falar – Queria te conhecer melhor, saber mais sobre você, entende!?
— Acho que ontem eu já falei demais! Hoje é seu dia de falar. — digo tentando fugir do assunto, não me sinto muito bem em conversar sobre mim.
— Se eu quero te conhecer melhor e você quer me conhecer também, nada mais justo dos dois falarem e ouvirem. — Pedro argumenta me olhando – Que tal um jogo de perguntas e respostas?
— Tá, tudo bem, mas com uma condição. — me animo um pouco com a ideia apesar de ter medo do que virá pela frente.
— Qual é a sua proposta?
— Cada um tem direito de pular duas perguntas se não se sentir confortável em responder. — proponho.
— Acho mais que válido! — ele concorda comigo afirmando com a cabeça.
— Okay, você começa. – digo me acomodando melhor no sofá e jogando a responsabilidade para o Pedro, quero saber qual rumo vamos tomar nesse jogo.
— Como se descobriu? — questiona, mas eu não entendo direito do que eles está falando. Pedro parece entender minha expressão de dúvida e se explica — Digo, bissexual.
— Ah, claro! Não lembro direito, mas no ensino médio me vi olhando demais para meninos igual eu olhava para as meninas — pauso minha fala tentando ter alguma recordação da época — Mas no interior as coisas são difíceis, minha primeira experiência com homens foi só aqui em São Paulo.
— Hmm, imagino que deve ser complicado mesmo! Lá em Belo Horizonte era super tranquilo, pelo menos no meu ciclo social. Agora me pergunta!
— Aquela menina, a Maria Luísa, que te buscou no café na segunda e tava com você na festa — introduzo, enrolando um pouco devido a timidez da pergunta que farei — Vocês tem algo? — Pedro ri alto e me sinto um bobo no mesmo instante.
— Claro que não, ela é minha melhor amiga — diz ainda rindo — A Malu fica com um cara do curso de Direito, o Lucas, ele é presidente da atlética e organiza a maioria das festas, conhece?— Acho que já ouvi falar sobre ele, mas não tinha relacionado os dois. Sua vez! – Tento fugir do assunto mais rápido possível, me sentindo realmente envergonhado, bebo um grande gole do meu vinho buscando evitar demonstrar meu constrangimento.
— Por que faz faculdade sendo que não quer exercer? — consigo ver seu olhar realmente confuso.
— É complicado... Bom, o "Mania" é o amor da vida dos meus pais, meus avós sonhavam em ter uma cafeteria, mas infelizmente eles se foram pouco tempo depois dela ficar pronta, não aproveitaram quase nada, pouquíssimos anos — suspiro pesado me recordando dos dias que passava com eles naquele lugar e da dedicação que tinham para que tudo fosse perfeito — Meus pais fizeram do sonho deles o seu e criaram um amor enorme por aquele lugar, e bom... agora que eles não conseguem se dedicar tanto como antigamente, resta a mim cuidar de lá, não posso simplesmente abandonar uma herança de família tão significativa.
— Puts, que situação... — Pedro fala com sinceridade na voz, parecendo compreender meus sentimentos, procurando resoluções para esse conflito — Mas você gosta de lá?
— Sem dúvida alguma, me sinto super bem lá, amo a paz e tranquilidade que transmite, além de ter recordações muito boas de momentos que vivi na presença dos meus avós. Mas não era isso que eu almejava pra mim, sabe!? — percebo que estou falando demais e corto o assunto — Bom, minha vez!
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Mania | pejão
FanfictionJoão mora na capital e cuida da cafeteria dos seus pais que moram no interior; Pedro, contratado como ajudante, trabalha pra se manter em São Paulo enquanto faz faculdade; Entre intervalos pra almoço, caronas e os silêncios fora dos horários de pico...