Segundas chances

Expectativa e emoção

Totalmente sem palavras e incrédula, Carol encarava a tela de seu celular, que segurava com ambas as mãos, parecendo não querer desviar o olhar dela por nada.

Ela leu várias vezes, linha por linha, a mensagem de texto, e a cada leitura seu sorriso se tornava maior, suas bochechas ficavam rosadas. Mas uma frase se repetia incessantemente em sua cabeça: “...estou muito ansiosa para te ver amanhã...”, palavras que fizeram seu pequeno coração disparar instantaneamente e elevaram sua expectativa para o encontro com Pri ao infinito.

Ela não tinha ideias ou expectativas sobre o que poderia acontecer, e isso parecia não lhe interessar. Tudo o que contava para a jogadora naquele momento era o reencontro com sua treinadora, que ela já estava esperando ansiosamente. Pri era uma mulher que controlava os pensamentos de Carol desde o primeiro contato visual.

Para muitos, isso poderia parecer apenas uma mensagem insignificante, mas para Carol tinha um significado muito grande. Pela primeira vez havia alguém em sua vida que se importava não apenas com seus sucessos esportivos, mas com a pessoa por trás da patinadora, o que a tocava profundamente.

Seu corpo era invadido incontrolavelmente por uma onda de sentimentos de felicidade enquanto lágrimas começavam a se formar em seus olhos, e ela fazia um grande esforço para contê-las.

Além de todas as experiências ruins que ela teve, tanto em relacionamentos rompidos quanto no ambiente familiar, que moldaram sua vida de maneira duradoura, havia a luta constante e, acima de tudo, desesperada pelo amor de seus pais, especialmente do pai. Tudo isso deixou grandes cicatrizes no coração da Carol.

A facilidade de se abrir para alguém ou mesmo confiar já não existia mais. Até que Pri entrou em sua vida aparentemente no momento certo. Carol não sabia se e o que poderia se desenvolver entre elas ao longo do tempo, mas tinha certeza de que não queria mais viver sem a loira em sua vida.

Nesse momento, começou a esfriar um pouco; o sol já estava quase completamente abaixo do horizonte. Carol rapidamente juntou suas coisas, vestiu sua jaqueta de treino e correu até a vila, onde foi recebida por Sheilla no saguão.

“Carol? De onde você veio agora?”

“Ah, eu queria aproveitar o tempo e fui dar uma corridinha.”

“Por favor, não exagere. Você sabe como as fases de recuperação entre seus treinos são importantes.”

“Não vou exagerar, prometo!”

“Falando em treino - como foi... com a senhora Priscila?”

“Olha, foi... muito bom. Acho que nos damos bem,” sorriu Carol de orelha a orelha, quase fazendo seu coração saltar do peito.

“Muito bem! Fico realmente feliz em ouvir isso.”

“Mas não fique brava comigo, estou realmente muito cansada... e gostaria de...”

“Claro, não quero te atrasar. Se você quiser, ainda há sobras do jantar…”

“Não, obrigada… não estou com fome!”

Carol segurou sua bolsa de treino sob o braço e subiu as poucas escadas até seu quarto. Depois de um rápido banho, ela se deixou cair em seus travesseiros com um sorriso tímido nos lábios e ficou olhando para o teto do quarto. Milhares de pensamentos giravam em sua cabeça; Carol estava agitada e um pouco tensa. Vários sentimentos percorriam seu corpo delicado: alegria, felicidade. Mas ela não podia negar que também havia um pouco de medo e insegurança, dos quais não queria se deixar influenciar.

Então, ela pegou seu celular, que estava na mesa de cabeceira, e abriu o aplicativo de mensagens para responder Pri.  Carol começou a digitar...

“Oi, desculpe pela resposta tardia. Eu… também estou ansiosa para amanhã ”, com um sorriso no rosto, ela enviou a mensagem antes de finalmente adormecer pouco depois.