Capítulo 21

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Maitê Belmonte

"devo ter sido uma vadia desalmada na vida passada..."



Quando acordei ao lado dele na cama...ou melhor, acordei agarrada a ele na cama, quase tive um treco. Como pode o meu próprio corpo me trair desse jeito?! E o pior não foi acordar agarrada a ele, e sim ter gostado, querer continuar daquele jeito o resto do dia, ter viciado em apenas uma noite e desejar tê-lo pelas próximas.

Primeiro, tirei com todo cuidado o braço que estava em cima de mim, depois tirei com mais cuidado ainda o outro braço que estava me segurando por trás, em cima da minha cabeça -esse homem acha que sou um urso de pelúcia, só pode...-. Assim que estava livre do seus braços, me levantei com o triplo de cuidado. Se ele acordar e me pegar saindo de fininho tenho até medo do que pode fazer comigo -medo e também...aff, esquece-. Saio da cama e vou direto para o banheiro, lembro vagamente de ter deixado minhas coisas lá. Pego minha bolsa, roupas e saltos, olho para o telefone e já são seis horas da manhã, hora de ir embora.

Não me preocupo em trocar de roupa, até porque felizmente ou infelizmente, moramos no mesmo prédio. Saio do banheiro depois de fazer minha higiene pessoal, rumo a porta do quarto, mas no caminho tenho uma ideia. Vou até a mesinha de cabeceira e procuro algum papel e caneta, por sorte eu acho em uma gaveta um post-it e uma caneta...entre outras coisas. Pego o post-it e deixo um bilhetinho pro Dominic.

"Bom dia, Dominic.

Agradeço pelo o que fez por mim ontem...

E espero que isso não mude nada entre nós.

P.S: achei que vampiros dormiam em caixões..."

Por mais que eu saiba que, querendo ou não, noite passada significou algo, desejo que ele não mude por isso. Devo me lembrar sempre disso, não adianta as atitudes de Dominic serem gentis e os seus toques em mim terem um carinho; afinal, não sou eu com quem ele deseja ficar de verdade. Espero que ele cumpra a parte dele do nosso acordo, e depois que tudo isso acabar, nós nos divorciamos para que ele case com a tal Emma, irei voltar para o Brasil.

O problema é que, aos poucos Dominic está se infiltrando dentro de mim, me fazendo desejá-lo de forma que não deveria. Preciso me controlar, evitar que situações como a dessa noite e as outras que ele me tocou não se repitam.

Deixo o bilhete próximo ao seu celular, em cima da mesinha de cabeceira. Antes de sair, fico observando ele dormir, ele usa apenas uma calça de moletom cinza. Os braços fortes cheios de tatuagem, o abdômen de tirar o fôlego; são seis lindos gominhos que adoraria lamber, o V bem marcado mesmo deitado -esse homem é um Deus grego de tão gostoso-.

Saio do quarto e vou rumo às escadas que dão acesso ao ao primeiro andar, onde a porta principal de entrada da cobertura fica. Assim que desço o último degrau, dou de cara com Berê, a governante do Dominic.

- Bom dia, Senhorita Maitê. Dormiu bem? - cumprimenta, me olhando de cima a baixo com um olhar sugestivo e um sorrisinho.

- Bom dia, Berê. É...digamos que dormi. - digo, e vou até ela para cumprimentá-la com um abraço.

- Adoraria conversar, mas estou atrasada e preciso ir. Bom te ver. - digo, saindo rumo a porta.

- Não quer ao menos tomar um café antes, querida? Acabei de fazer. - eu adoraria tomar um café e também uma aspirina para a minha dor de cabeça -ressaca filha da mãe-.

- Infelizmente não vou poder. Mas prometo que na próxima eu tomo. - digo, e logo me arrependo. Ela me olha com um brilho nos olhos e dá um sorriso tão grande que, em outras circunstâncias, me daria até medo.

Profecia da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora