Capítulo 5

7 2 0
                                    

Quando sentiu seu celular vibrar novamente, rapidamente tirou-o do bolso e viu uma mensagem do delegado Alan perguntando se ela havia feito algo com a transmissão e sugerindo que ela desse uma olhada. Alexia acessou a transmissão e viu o trajeto que o HSR fizera na mina. Ficou claro que ele havia sido baleado no braço e na coxa na cabana por Dan quando tentou atacar Jessy, pois seu movimento era lento e dificultoso.

Alexia parou abruptamente no meio do caminho, completamente absorta na transmissão que mostrava o HSR na mina. Ele se movia lentamente, claramente enfraquecido pelos ferimentos sofridos. Seu moletom preto e bota pareciam contrastar com a parede fria e gelada contra a qual ele se apoiava.

A máscara da lenda do Homem sem Rosto capturava a luz fraca da mina, envolvendo-o em uma aura de mistério e perigo, enquanto sentava na parede gelada.

Lentamente, ele pegou seu celular e digitou uma mensagem. Seu telefone vibrou no bolso de Alexia, e ela o tirou rapidamente, sentindo uma sensação de apreensão enquanto lia suas palavras:

Desconhecido: Houve um tempo em que você estava incrivelmente perto da verdade. Mas você estava errada sobre uma coisa.

Alexia franziu o cenho, um aperto no peito apertando sua respiração, e digitou uma resposta hesitante: Sobre o quê?

Os dedos do HSR, dançaram sobre o teclado do celular enquanto ele respondia:

Desconhecido: Não eram duas pessoas envolvidas no acidente. Eram três.

De repente, um som de videochamada interrompeu a troca de mensagens. Alexia hesitou em atender, uma profunda intuição dizendo-lhe que estava prestes a enfrentar uma decepção imensa. Mas ela queria ir até o fim, então, engolindo em seco, atendeu a chamada.

A imagem na tela do celular se estabilizou, revelando o HSR em todo o seu "esplendor" sinistro. Ele se moveu com cuidado, sua mão esquerda se erguendo lentamente para segurar os fios que prendiam sua máscara.

Seus dedos trêmulos desfizeram o nó que a mantinha no lugar, e a tensão parecia aumentar com cada centímetro que o tecido negro escorregava pela cabeça do HSR.

Finalmente, a máscara caiu, revelando o rosto de uma pessoa que Alexia conhecia bem - Richy. O homem com quem ela havia criado um laço profundo, a pessoa que ela desconfiava desde o início mas não queria acreditar, o amigo que ela queria salvar. Ele era o culpado por tudo.

O peso da revelação parecia sufocá-la, e ela sabia que nada mais seria o mesmo depois daquela noite.

Os traços faciais de Richy se contorceram em uma mistura de arrependimento sincero e dor lascinante, como se ele estivesse ciente do peso de suas ações e das consequências que elas trouxeram. Seus olhos se encheram de lágrimas, e sua voz tremeu quando ele começou a contar sua versão da história, cada palavra parecendo ser arrancada de sua garganta com uma força inimaginável.

Hannah, embriagada e desesperada, fora até a garagem de Richy afirmando que Amy havia perdido algo. Embora ele estivesse bêbado e negasse dirigir, elas insistiram tanto que ele cedeu, entregando as chaves do carro, o Gremlin, para as duas jovens adolescentes.

Quando elas retornaram, o pára-choque do carro estava ensanguentado, o que levou Richy a questionar o que havia acontecido.

No entanto, as meninas estavam em choque e em silêncio, sem responder às perguntas. Ele presumiu que elas haviam atropelado um cervo e, como uma forma de ajudá-las, levou-as até o local do incidente.

Ao chegarem à estrada escura e vazia, eles encontraram o corpo de Jennifer Hanson, a filha dos Hansons, em vez de um animal morto. Em pânico e convencidas de que seriam responsabilizadas pelo acidente, elas tomaram a decisão equivocada de enterrar o cadáver na floresta, com medo das consequências. E esse segredo se manteve por dez longos anos.

Com a voz embargada pela emoção, Richy pediu desculpas e encerrou a chamada.

Alexia, sentindo uma mistura de dor e traição, chorou pela primeira vez desde que toda essa história começara. Richy era alguém com quem ela sempre acreditou que fosse sincero e que a ajudava quando ela desabafava sobre as ligações de ameaças recebidas do HSR.

Contudo, Alexia suspeitava dele, pois, durante a investigação, todas as pistas pareciam apontar para sua oficina. Mas ela se recusava a acreditar que seu amigo pudesse estar envolvido. Agora, sentindo-se traída e abandonada, ela enviou uma mensagem: "Como você pôde fazer isso comigo?"

Alexia insistiu em conversar sobre as dúvidas que a assolavam, buscando respostas e explicações do homem que ela uma vez considerou seu amigo. As palavras saíram em uma torrente de emoções, o rosto dela iluminado pela tela do celular, enquanto Richy respondia com um ar de resignação e tristeza, sem a menor hesitação. Ele pediu perdão, embora com o coração apertado e as emoções à flor da pele, Alexia aceitou e acreditou em seu arrependimento, o alívio se misturando com a dor.

No entanto, os olhos de Alexia se arregalaram quando Richy murmurou suas últimas palavras: "Mas não se preocupe, Alexia. Eu cansei de fugir."

Ela sentiu que ele estava prestes a tomar uma decisão irreversível e questionou, a voz trêmula: "O que você quer dizer com isso?"

Antes que Richy pudesse responder, Jessy entrou em contato, perguntando por que o número dele estava online. Alexia ficou em silêncio, observando enquanto Richy confessava a Jessy que ele era o culpado. A ruiva recusou-se a acreditar, fazendo perguntas que apenas Richy poderia responder. Mesmo com as provas sendo apresentadas, ela se recusava a aceitar a verdade, até que ele fez uma videochamada.
Como Jake havia dado acesso ao celular de todos do grupo, Alexia entrou na videochamada em modo sombra, observando enquanto Richy confessava a sua melhor amiga, que ele era quem sequestrou Hannah, prometendo que Alexia explicaria tudo.

Na floresta, Alexia correu o mais rápido que pôde, observando a conversa em sua tela, quando chegou à entrada da mina no momento em que uma imensa explosão sacudiu o solo. Uma onda de calor e pressão a atingiu, arremessando-a contra um galho de árvore devido ao impacto.

A mina abandonada, uma vez símbolo de prosperidade e esperança, foi consumida por uma bola de fogo e fumaça que se ergueu do subsolo, rasgando o ar e lançando pedras e detritos em todas as direções. O ruído ensurdecedor da explosão ecoou pelas montanhas, fazendo com que as aves abandonassem seus poleiros e a vida selvagem fugisse em pânico. A estrutura de madeira que sustentava a entrada da mina foi despedaçada, e a terra se abriu em um cráter fumegante, engolindo tudo que restava da existência da mina e dos segredos que ela guardava.

Hannah, que agora estava fora da mina, estava em um estado de desespero ao ver a explosão da entrada da mina. Seu rosto pálido se iluminou com o brilho das chamas, enquanto seus olhos arregalados refletiam o horror da situação. Mesmo não sabendo que Richy era seu sequestrador, ela entrou em pânico absoluto e tentou ir até ele para salvá-lo, mas era contida por dois agentes do FBI que a seguravam firmemente pelos braços.

Ela podia ouvir um "NÃO!" ecoando através das árvores, um grito desesperador, deprimente e triste que ecoou em toda a floresta. O som da voz era tão alto e cheio de emoção que Hannah se assustou e tentou se libertar dos agentes para ir ver, mas foi impedida pelos homens que a seguravam. O grito representava uma mistura de angústia, pânico e arrependimento, enviando uma onda de tristeza e medo que atingiu o coração de Hannah.

Enquanto isso, Alan, que estava conversando com o agente responsável pela operação, também ouviu o grito e se virou, encontrando uma mulher de joelhos apoiando as duas mãos na terra gelada, com a cabeça baixa e as lágrimas escorrendo por seu rosto.

Era óbvio que ela estava chorando.

Alan e o agente ficaram surpresos ao encontrar uma civil em um local tão isolado e perigoso. Alan se agachou ao lado da jovem e perguntou com gentileza:

- O que você faz aqui? É uma área policial.

O agente, por sua vez, reconheceu a jovem pelas roupas que ela usava, lembrando-se de quando ele a havia algemado no carro. Sua mandíbula ficou tensa de raiva, pois ele pensou que ela estava mais uma vez interferindo em uma operação policial.

DUSKWOOD- unrecognizable Onde histórias criam vida. Descubra agora