Jake se virou para Alexia, um misto de alívio e ansiedade nos olhos.
— Por um momento, eu achei que você não viria.
A resposta dela foi imediata, uma defesa instintiva enquanto ela se encostava no muro, os cotovelos apoiados e as mãos entrelaçadas. Olhando para a cidade que se estendia diante deles, ela disse:
— Eu não posso fugir do meu passado por tanto tempo. Porque uma hora ele iria me encontrar. E aqui estamos. O que você quer conversar? O que não foi dito?
A tensão pairava no ar como uma nuvem pesada. Jake engoliu em seco, sentindo o peso da pergunta dela ecoar em sua mente. Com a voz trêmula, ele perguntou:
— Você ainda me odeia?
Alexia refletiu sobre a pergunta dele. O perdão era uma carga complicada de carregar, especialmente quando as perdas eram irreparáveis. Ela sabia que o ódio era uma forma de proteger seu coração da dor insuportável que sentia. Durante meses, havia canalizado sua dor em raiva, culpando Jake por tudo o que havia perdido. Mas o ódio era como um veneno; consumia-a lentamente e a impedia de seguir em frente.
As lembranças de Alessa e Thomas frequentemente a assombravam, e a dor dessas perdas doía mais do que qualquer chance de perdoar alguém.
O perdão significava esquecer; era um ato de libertação, um presente que ela precisava dar a si mesma mais do que a Jake.
Com um suspiro pesado, ela finalmente respondeu:
— Não. Naquela época, eu te odiava muito. E por meses te culpei por tudo o que aconteceu comigo.
Jake ouviu suas palavras com atenção, e ela continuou:
— Porque você voltou pra minha vida para se vingar, apenas pelo fato de eu estar fazendo o meu trabalho.
— Quando se está tão apaixonado por alguém. - Jake começou, sua voz carregada de emoção: — E acontece uma traição – para mim, foi uma traição. - Ele hesitou antes de continuar e Alexia aproveitou para corrigi-lo:
— Eu nunca te dei motivos ou sequer tentei te seduzir. Você se apaixonou por mim porque quis.
Jake assentiu lentamente e então continuou:
— Eu passei anos fugindo do FBI, vivendo como um fantasma em um mundo que não me pertencia mais. A cada esquina que eu virava, o medo me acompanhava como uma sombra constante. Eu não sabia em quem confiar; cada rosto desconhecido poderia ser um agente à espreita, esperando o momento certo para me prender novamente. A desesperança se transformou na minha única companheira. A insônia tornava-se uma rotina; as noites eram longas e solitárias, repletas de pensamentos atormentadores sobre tudo o que perdi – amigos, família e até mesmo a chance de viver uma vida normal. Eu me via preso em um ciclo de desconfiança e desespero, sem saber como escapar desse pesadelo. E então... então eu te encontrei aqui hoje. Você era uma pessoa completamente desconhecida para mim, mas ao mesmo tempo um mistério fascinante que me intrigava profundamente. Conversar com você trouxe uma sensação estranha – algo que eu não sentia há muito tempo – esperança. Uma esperança tênue, mas ainda assim real. - Ele olhou nos olhos dela com sinceridade: — Eu sei que errei e magoei você profundamente. Mas... ver você aqui agora me faz questionar se ainda há chance para um futuro diferente.
O silêncio entre eles era palpável enquanto as palavras flutuavam no ar pesado da noite. Alexia percebeu que Jake também carregava suas próprias cicatrizes; talvez houvesse espaço para a compreensão entre eles após tanto tempo perdido na dor e no ressentimento.
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DUSKWOOD- unrecognizable
Fiksi PenggemarNo mundo digital, Jake era considerado um mito - um hacker ilusivo e habilidoso, sempre um passo à frente das autoridades. Mas quando se apaixonou por Alexia, um brilho de vulnerabilidade iluminou sua vida nas sombras. Em um desesperado ato de amor...