𝗊𝗎𝖺𝗍𝗋𝗈

139 17 7
                                    

🐟     CAPÍTULO QUATRO::
❛ SE QUER SOBREVIVER,
COMECE A SORRIR ❜

🐟     CAPÍTULO QUATRO::❛ SE QUER SOBREVIVER, COMECE A SORRIR ❜

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

PHOENIX ABERNATHY POV
—————————————————

Deitada na cama da cabine, eu observava a paisagem passar rapidamente pela janela. As árvores e montanhas se misturavam em borrões verdes e cinzas, um contraste com a calma enganosa do trem. Meus pensamentos estavam tão confusos quanto a vista, e um peso crescente se instalava no meu peito. Quando eu era criança, o meu maior sonho era reencontrar meu pai. Haymitch. O vitorioso, o homem que havia sobrevivido aos Jogos (ou apenas aquele que sempre me colocava para dormir com um beijo de boa noite). Mas agora, depois de tantos anos, esse sonho parecia tão errado.

Eu o vi hoje, e o que senti não foi alegria ou alívio, foi uma mistura de frustração e amargura. Como eu deveria agir? O que eu deveria dizer? Ele estava ali, presente, mas sua ausência ao longo de todos esses anos ainda pesava sobre mim. E, na verdade, a única pessoa que eu queria aqui comigo não era ele. Era minha tia.

Calliope Emberfall, a mulher mais forte e sábia que já conheci. Se alguém poderia me ajudar a navegar por essa confusão, seria ela. Como eu queria seu conselho agora, como eu queria que ela estivesse ao meu lado, me dizendo o que fazer, o que dizer. Mas ela não estava aqui. E eu me sentia mais perdida do que nunca.

Lembro-me de como minha tia enfrentou o mundo, mesmo quando o mundo só lhe devolvia dor. Quando adolescente, ela perdeu o irmão para os Jogos Vorazes. E mais tarde, quando já era adulta, perdeu o marido enquanto estava grávida de Magnólia. No mesmo dia, minha mãe também foi levada embora. Eu sempre a vi como uma rocha, inabalável, mas também sabia o quanto aquilo a havia despedaçado por dentro.

Minha tia foi tudo para mim. Ela me criou e criou Magnólia, sem nunca pedir ajuda. Não havia Haymitch. Não havia ninguém. Era só ela. Uma guerreira, uma sobrevivente. E eu sempre me perguntei como ela conseguia. Como ela carregava tanta dor nos ombros e ainda assim sorria para mim e para minha prima, ainda que o sorriso fosse cheio de cicatrizes.

Uma parte de mim queria ser como ela. Forte. Indestrutível. Mas agora, no silêncio desta cabine, enquanto nos aproximamos cada vez mais da Capital, sinto como se minhas forças estivessem escapando por entre os dedos. 

Meus pensamentos são interrompidos quando, de repente, tudo fica escuro. Pisquei várias vezes, tentando me ajustar, até perceber que algumas luzes ainda piscavam dentro do trem, mas do lado de fora... era como se a noite tivesse caído de novo. Me dei conta de que devíamos ter entrado em um dos túneis que percorrem as montanhas até a Capital.

As montanhas... barreiras naturais entre a Capital e os distritos ao leste. 

Eu sempre soube dessa vantagem geográfica. Ela foi uma das principais razões pela qual os distritos perderam a guerra. Os rebeldes tinham que escalar as montanhas para alcançar a Capital, e isso os tornava alvos fáceis para a força aérea. Esse pensamento me dá um gosto amargo na boca, porque é justamente essa derrota que me trouxe até aqui. Se os distritos tivessem vencido, eu não estaria deitada neste trem agora, indo em direção à Capital como tributo.

𝐁𝐑𝐔𝐓𝐀𝐋, ᶜᵃᵗᵒ ʰᵃᵈˡᵉʸOnde histórias criam vida. Descubra agora