Reflexões noturnas

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Era tarde da noite. Bill dormia pesadamente na cama, e eu estava sentada no colchão no chão, refletindo. Eu realmente não podia voltar a dançar. Perdi meus pais por conta da dança, por conta dela perdi tudo o que eu mais prezava, as pessoas que eu mais amava.

A única luz do quarto era a emitida pela lua, que estava estranhamente clara aquela noite. Fiquei observando a janela e uma forte sensação de culpa e medo me atingiu. Eu queria tanto uma coisa que estragou a minha vida. Como eu podia seguir em frente com isso? Como eu...

- Bi? – Bill murmurou rouco. Coçava os olhos tentando enxergar. – Você está acordada?

- Não tô com sono. – Disse baixo sem olhá-lo.

- Qual o problema? – Ele sentou-se na cama.

- Hum, nada. – Resmunguei.

- Bi, pode confiar em mim... Não tenha medo.

- Eu não tenho medo de você.

- Mas tem medo de confiar em mim. – Ele deu um leve sorriso. – Vamos lá...

Ele esticou a mão para mim, eu a observei. Involuntariamente a peguei. Era tão quente e macia. Ele puxou-me para a cama a qual estava sentado, eu sentei ao seu lado e ele me envolveu com o braço.

- O que está havendo? – Murmurou fracamente.

- Você não entenderia.

- Tente. – Suspirou.

Eu olhei-o de esgueira. Seu abraço me envolvia de um modo tão seguro, que até senti sono. Sentia sua respiração quente roçar em meus cabelos.

- É que... Bom, eu sou bailarina. – Disse as palavras como se estivesse admitindo um crime.

- Ah, o Tom mencionou isso.

Desgraçado.

- E... Quando eu estava indo para uma apresentação muito importante no teatro de Los Angeles... – Baixei o olhar. Parecia que mesmo depois de uma semana, ainda não tinha caído à ficha.

- Tudo bem, você não precisa falar disso se não quiser... – Bill interrompeu meus pensamentos.

- O caso é... Eu fui solicitada para um teste para a Dança Acadêmica de Londres.

- Sério? – Ele disse surpreso. – Mas... Isso é ótimo! É uma das melhores academias de dança!

- E é... No entanto... – Falei feliz, mas depois tornei a trazer uma expressão triste e baixei a cabeça.

- Acho que seus pais não gostariam que você desistisse do seu sonho. – Ele murmurou, levantando levemente meu rosto me fazendo fita-lo. Parecia ler meus pensamentos, saber exatamente que eu me sentia responsável por tudo aquilo.

- Mas por causa de uma apresentação eles estão mortos.

- Você conseguiu essa bolsa e pode realizar o seu maior sonho! – Ele disse empolgado.

- Mas... – Murmurei, logo sendo interrompida por Bill.

- Ou então pode desistir de tudo, jogar todo o seu empenho fora. – Deu um meio sorriso. - Eu acho que os seus pais ficariam muito orgulhosos de você, mas a decisão é sua. Seja qual for você pode contar com a gente...

- A gente? – Eu falei e nós rimos.

- Você entendeu. – Ele murmurou. – É ótimo ver você sorrir.

- Ainda não estou com sono... Não consigo dormir. – Falei aninhando-me em seu ombro. Nunca fui daquele modo com um desconhecido, mas eu realmente precisava de algum cuidado.

- E se eu cantar pra você? – Ele deu um leve sorriso.

- Tá falando sério? – Eu debochei.

- Oh, oh... – Começou afagando minha cabeça. – The sun will shine like never before. One day I will be ready to go, see the world behind my wall...

- Bill... - Murmurei interrompendo.

- O que? – Ele sussurrou sonolento. Devia estar quase dormindo.

- Obrigada.
E fechei os olhos.

Acordei com os raios de sol batendo no meu rosto. Olhei em volta e estava na cama do Bill. Levantei rapidamente e o vi ali, dormindo no colchão ao lado da cama. Levantei, peguei uma roupa e fui em direção ao banheiro.

Quando cheguei à porta ela se abriu e lá estava o Tom, com uma toalha enrolada na cintura e sorridente. Olhou-me de cima a baixo e seu sorriso mudou, agora sorria de um jeito malicioso.
Ai meu Deus, esse pijama é muito curto! Que vergonha! O fuzilei com o olhar, fazendo com que seu sorriso aumentasse.

- Bom dia pra você também Bi! – Falou passando por mim. – Belo pijama.

Ahg, que ódio! Sorte a dele que entrou logo no quarto, porque se não eu tinha afogado ele na privada.
Tomei meu banho, troquei de roupa e fui em direção ao quarto de Bill. Ele já estava acordado, mas continuava lá deitado.

- Bill? – Falei, fazendo-o me olhar.

- Oi Bi, bom dia! – Falou sorrindo.

- Posso fazer uma pergunta?

- Outra? – Ele falou rindo e eu assenti. – Pode sim, fala Bi.

- É que eu fiquei curiosa. Por que você tava dormindo aí em baixo e eu na sua cama? – Ele riu.

- Só isso? – Riu novamente. – É que você demorou a dormir, daí eu fiquei com pena de te acordar e... Bom, eu não quis deitar ao seu lado, achei que não seria legal da minha parte, nós mal nos conhecemos.

- Ah, obrigada pela preocupação. – Sorri.

Bill se levantou e foi tomar banho. Eu arrumei minhas coisas e desci para comer alguma coisa.

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora