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Rosé: Não sei se é uma boa ideia - falou, com a máquina na mão.
Rosé e eu estávamos em uma casa de verão nas Filipinas. Passamos o final de semana inteiro juntas em uma ilha.
Ela usava uma camisa branca grande que não cobria todo o seu corpo, o que fazia com que o biquíni florido ficasse à mostra. A pele dela estava avermelhada como o céu ao pôr do sol. Eu estava sentada na cadeira da varanda que dava de frente para o mar. Um celular estava escorado na sacada filmando a gente, e eu podia sentir o cheiro de verão que ela tinha sempre que se aproximava de mim.
- Então deixa que eu faço isso - ela passou a mão nos meus cabelos.
Rosé: Não - puxou meu cabelo com um pouco de força para trás, me fazendo olhar para ela, que estava em pé na minha frente - se alguém vai fazer isso, vai ser eu.
A ideia de raspar o cabelo já estava na minha cabeça há meses, e o calor excessivo daquela viagem só me fez ter mais vontade de tomar uma atitude.
Rosé: Tá pronta? - Ela se posicionou atrás de mim, e o celular filmava a gente como um espelho.
- Acho que sim - ela sorriu, passou os dedos entre meus cabelos e beijou minha testa.
Rosé: Eu amo esses cachinhos - suspirou - mas vamos lá.
Ela ligou a máquina, e eu fechei os olhos. Logo senti o pente passando pela minha cabeça, e um pedaço do meu cabelo caiu no meu colo.
Rosé: Agora não tem mais volta - ela parecia feliz e nervosa.
Mais algumas passadas depois, eu senti como se estivesse pelada ou como se pudesse sentir frio no cérebro.
Rosé: E aí? - ela voltou para a minha frente - o que achou?
- Eu não quero ver - fechei os olhos.
Rosé: Deixa de bobeira - beijou minha careca - como você tá se sentindo?
- Tô com frio na cabeça - ela riu como se eu tivesse feito a melhor piada do mundo.
Rosé: Eu não achei que era possível - ela levantou meu rosto, e eu abri os olhos para olhar para ela - mas você ficou ainda mais linda assim.
Fiquei em silêncio, apenas olhando nos olhos dela e sorrindo, me sentindo confortável e sabendo que tinha ficado bom, mesmo sem olhar.
- Eu sei que sim - sorri - já que seus olhos não mentem e você está sorrindo com eles.
Rosé: Para - disse dengosa, limpando uma lágrima do olho.
- Sério - me levantei e abracei ela, o celular ainda filmava - seus olhos estão brilhando, então eu acredito que tenha ficado bom - dei um selinho nela.
Fui ver na câmera como tinha ficado, e ela estava certa: realmente tinha ficado bom. Os cachos tinham seu charme, mas a careca me deu um ar de seriedade.
Rosé: Viu? - me abraçou por trás - eu disse que estava linda.
- Eu gostaria de poder ver todas as coisas do mundo com os seus olhos - ainda estávamos de frente para a câmera.
