Um casamento arranjado, duas pessoas com personalidades opostas. O que poderia dar errado? Absolutamente tudo! Killian Beaumont é um CEO renomado e reservado. Nunca apareceu em reportagens nem deu uma única entrevista em toda sua vida. A timidez ext...
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Carregar o sobrenome Beaumont pode parecer fácil para quem vê de fora. Mas tudo muda quando você descobre que nem todo herdeiro é cem por cento feliz ou amado pelos pais. Na maioria das vezes, somos deixados de lado, esquecidos após jantares de negócios ou festas luxuosas. Acho que é por isso que me tornei tão introvertido — sem amigos, sem relacionamentos, sem nada. Na verdade, tenho um amigo, e ele vale por muitos, apesar de ser um pouco louco às vezes.
Aumento a velocidade da esteira enquanto corro, concentrado demais para prestar atenção ao que acontece ao redor. Moro em Washington há quinze anos e, até hoje, nunca fui a uma festa sequer. Sou um idiota. Já tentei fazer amigos, sair, mas sempre travo e acabo me sentindo patético.
O suor escorre pelas minhas têmporas. Mesmo com o fone de ouvido no último volume, percebo que minha respiração está pesada e acelerada. Estou treinando desde as sete da noite, e já são dez e meia.
Desperto dos meus pensamentos ao sentir meu celular vibrar no suporte preso ao meu braço. Paro a esteira e pego o smartphone, vendo o nome do meu avô brilhar na tela. Por que ele estaria ligando tão tarde?
— Boa noite, senhor Beaumont — limpo o suor do rosto com uma toalha e a penduro no ombro.
— Boa noite, querido neto desnaturado — deixo escapar uma risada abafada quando ele começa com seu famoso drama. — Marquei uma reunião com você amanhã, às nove da manhã. Não cancele.
— Reunião? — pergunto, e ele murmura um "sim". — Aconteceu alguma coisa?
— Sim, mas você só vai saber amanhã. Não me faça esperar muito — e desliga sem dar mais detalhes.
Fico olhando para a tela por alguns segundos, confuso.
— Velho maluco — dou de ombros, guardo o celular e volto ao treino.
Antes de me mudar para Washington, eu morava com meu avô. Na verdade, moro com ele desde os três anos de idade, já que meus pais eram fúteis o bastante para não quererem o próprio filho. Meu choro à noite atrapalhava a rotina corrida deles. Hoje, eles vivem na Alemanha, cuidando dos negócios da família por lá.
Só os vejo no Natal. Eles me enchem de presentes e depois somem por mais um ano inteiro, sem telefonemas, mensagens ou qualquer outro tipo de contato. Se não estavam preparados para ter filhos, por que me tiveram, para depois me abandonarem?
Minha sorte foi meu avô, que assumiu o papel de pais no lugar daqueles dois. Quando me mudei para Washington, as coisas foram complicadas. Sou extremamente tímido, então precisei me manter focado e fazer sessões de terapia para conseguir falar em público e comandar centenas de setores na minha empresa. Mas no final, tudo deu certo, graças ao meu avô. Ele sempre acreditou em mim e me ajudou a persistir no meu sonho de ser o representante de uma multinacional.