reconciliation

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O jogo contra o Japão estava prestes a começar, e o ginásio vibrava com a energia da torcida. Maria Alice, ainda com o semblante fechado, tentava ignorar a ansiedade que a consumia. Não era apenas o nervosismo típico antes de um jogo importante; havia algo mais. A lembrança de Rosamaria insistia em voltar à sua mente, trazendo uma mistura de raiva, confusão e, por mais que ela tentasse negar, uma pontada de saudade.

Camila continuava ao seu lado, percebendo a expressão da irmã e tentando distrair Maria Alice, Luizzy brincava com uma garrafa d'água. Apesar de sua relutância em admitir, Maria Alice sabia que sua irmã e suas amigas estavam certas; ela ainda não havia conseguido se livrar desse incômodo e sentimentos por Rosamaria.

Do outro lado da quadra, Rosamaria também tentava manter o foco, mas seus olhos frequentemente encontravam o semblante carrancudo de Maria Alice na arquibancada. Gabi, sempre perspicaz, notou a inquietação da amiga e cutucou-a no braço.

— Rosa, se você quer mesmo resolver as coisas com ela, precisa parar de enrolar. Vai falar com ela de uma vez! — aconselhou Gabi, enquanto ajeitava seu uniforme.

Rosamaria suspirou. A verdade era que ela queria muito resolver as coisas com Maria Alice, mas o jogo e o medo de como a mulher reagiria aquele momento,novamente a impediam de agir. Contudo, uma determinação nova brilhou em seus olhos. Ela sabia que, no fundo, o que sentia pela morena era mais do que apenas uma atração passageira.

Quando o juiz finalmente deu início ao jogo, o Brasil mostrou logo de cara que estava preparado. A equipe estava afiada, e Rosamaria, como sempre, estava em seu melhor momento. Cada saque, cada defesa e cada ataque eram executados com precisão e força. A camisa 7 brilhava em quadra, arrancando gritos entusiasmados da torcida, que não parava de aplaudir.

A partida era acirrada. O Japão também jogava com garra, dificultando a vida das brasileiras em cada ponto. Rosamaria estava especialmente concentrada e determinada, mas, em certos momentos, seus olhos voltavam-se para a arquibancada, onde Maria Alice a observava com uma expressão indecifrável.

Maria Alice tentava manter a frieza, mas era impossível ignorar a habilidade de Rosamaria em quadra. Cada movimento da loira parecia hipnotizá-la, e ela se perguntava como alguém tão irritante poderia ser, ao mesmo tempo, tão cativante. Seus pensamentos foram interrompidos pela voz de Amanda, que estava ao seu lado e parecia dividir as atenções entre a partida e suas tentativas incansáveis de atrair a atenção de Gabi.

— Alice, você viu a Rosa arrasando ali? Confessa que tá difícil resistir, hein? — Amanda sussurrou, lançando-lhe um sorriso provocador.

Maria Alice revirou os olhos, mas não respondeu. No fundo, sabia que Amanda estava certa. Havia algo em Rosamaria que, por mais que ela tentasse, não conseguia ignorar.

A partida seguia em um ritmo frenético, com os dois times disputando ponto a ponto. No final do segundo set, com o placar empatado, o técnico do Brasil pediu uma pausa para dar instruções à equipe. Rosamaria aproveitou o momento para lançar um último olhar na direção de Maria Alice, na esperança de que a morena percebesse a mensagem silenciosa que ela queria transmitir: ela ainda se importava.

Maria Alice, percebendo o olhar, sentiu seu coração acelerar. Era óbvio que Rosamaria tentava se comunicar, mas o orgulho e o medo a impediam de baixar a guarda. Ao mesmo tempo, não conseguia negar que, desde aquele dia, algo havia mudado dentro dela.

Com o reinício do jogo, o Brasil conseguiu abrir vantagem sobre o Japão. Rosamaria estava em seu ápice, e seu desempenho impecável era admirado por todos. Finalmente, após uma série de jogadas intensas, o Brasil conquistou a vitória com um ataque poderoso de Rosamaria, que fechou o último set com um ponto espetacular.

A torcida explodiu em gritos e aplausos, e as jogadoras brasileiras se abraçaram, comemorando a vitória com entusiasmo. Rosamaria sentia-se exausta, mas feliz. Ela olhou novamente para a arquibancada, e dessa vez encontrou Maria Alice sorrindo levemente, ainda que tentando esconder sua admiração.

Após a celebração, a equipe foi para o vestiário, onde comemoraram e se parabenizaram. Rosamaria sabia que agora era sua chance de finalmente falar com Maria Alice. Ela não iria perder essa oportunidade.

Mais tarde, enquanto as jogadoras deixavam o ginásio e a movimentação começava a diminuir, Rosamaria avistou Maria Alice conversando com Luizzy e suas amigas. Ela respirou fundo, ajeitou o cabelo e caminhou em direção a elas.

— Maria Alice, podemos conversar? — perguntou Rosamaria, com um olhar sério, mas esperançoso.

Maria Alice hesitou, sentindo todos os olhares em sua direção. As amigas, percebendo a tensão, se afastaram discretamente, deixando as duas sozinhas.

— Claro — respondeu Maria Alice, cruzando os braços em uma postura defensiva.

Rosamaria suspirou e deu um passo à frente. — Eu sei que você está magoada comigo. Eu sei que pareço uma idiota por não ter dado continuidade, por ter sumido… — começou ela, sua voz sincera e cheia de arrependimento. — Mas eu juro que não foi intencional. Os treinos, o ritmo das competições… Eu me deixei levar por tudo isso, e acabei te deixando de lado.

Maria Alice desviou o olhar, ainda insegura. Ela sabia que Rosamaria era sincera, mas ainda assim, a mágoa era difícil de ignorar.

— Eu só queria que você tivesse sido honesta comigo desde o início, Rosa. não sou de fazer joguinhos — respondeu, com uma ponta de tristeza na voz.

Rosamaria assentiu, ciente do erro que havia cometido. — Eu entendo, e prometo que isso não vai mais acontecer. Eu quero tentar de verdade, Maria Alice. Só nós duas, sem mentiras, sem joguinhos.

Houve um momento de silêncio entre elas. Maria Alice, ainda que relutante, percebeu a sinceridade no olhar de Rosamaria. Sentiu-se dividida entre a razão e o coração, mas, naquele instante, decidiu que daria uma chance à loira.

— Tudo bem, Rosamaria. Mas saiba que não será fácil — respondeu Maria Alice, com um leve sorriso nos lábios.

Rosamaria sorriu de volta, aliviada e grata. Sem resistir, segurou a mão de Maria Alice, entrelaçando seus dedos. A morena não se afastou; ao contrário, aceitou o gesto, permitindo-se, pela primeira vez, acreditar que talvez, dessa vez, as coisas pudessem ser diferentes.

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Apareci?🤡

𝐀𝐔𝐃𝐀𝐂𝐈𝐓𝐘 | 𝓡𝐎𝐒𝐀𝐌𝐀𝐑𝐈𝐀 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐈𝐁𝐄𝐋𝐋𝐄𝐑 🌹(Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora