Um café... ou dois?

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Era uma manhã nublada, e Sandro estava sentado em um café no centro da cidade, aproveitando um raro momento de folga. Entre um gole e outro, ele revisava as planilhas no celular, mas a cada segundo que passava, parecia que o trabalho não ia acabar nunca. Até que...

- E aí, Sandrão! Isso que eu chamo de coincidência, hein! - disse Ricardo, chegando de repente, com aquele sorriso maroto e o sotaque carioca que ele usava para tirar o paulista do sério.

Sandro levantou os olhos, surpreso, mas não ia admitir que gostou da visita.

- Coincidência? Sei, deve ter alguém me vigiando por aí... - ele resmungou, com um sorrisinho no canto da boca, tentando manter o ar sério.

Ricardo puxou uma cadeira sem nem pedir e se sentou de frente pra ele, fingindo que o paulista tinha convidado.

- Deixa de ser rabugento, pô! Já que a gente tá aqui, bora aproveitar, né? - o carioca disse, puxando um cardápio. - Inclusive, é bom te ver longe do escritório. Até parece que tô vendo um milagre aqui!

Sandro revirou os olhos, mas uma leve risada escapou.

- Tá achando o quê? Que eu vivo só de planilha? - retrucou, fingindo um ar de ofendido.

Ricardo aproveitou o embalo e lançou uma provocação:

- Ah, mas tu só vive disso, Sandrão! Nem lembra mais o que é se divertir. Aliás, tô achando que tu gosta mesmo é de passar tempo comigo... só não quer admitir.

Sandro franziu o cenho, tentando esconder o leve rubor que tomou conta do seu rosto.

- Para de falar besteira, carioca. Eu tô aqui só porque me deram uma folga, beleza? E olha só, já tô terminando meu café.

Nesse exato momento, Miguel e Vitória apareceram. Eles estavam de olho no Sandro e no Ricardo há alguns dias e já tinham percebido a tensão engraçada entre os dois.

- Ôxi, mas olha quem tá aqui! O Sandro finalmente aprendeu a relaxar, foi? - brincou Miguel, dando um tapinha no ombro do paulista.

Vitória, por sua vez, se aproximou com um olhar travesso.

- Cês sabem que eu adoro ver o Sandro longe daquela cara séria de escritório! Ainda mais na companhia de alguém tão... persistente quanto o Ricardo.

Sandro soltou uma risadinha sem graça.

- Tá todo mundo contra mim agora, é isso mesmo? - disse ele, tentando manter a compostura, mas já não conseguindo disfarçar o riso.

Ricardo, aproveitando a deixa, se aproximou um pouco mais, com o rosto mais perto do de Sandro, mas ainda com um tom provocador.

- Ó, Sandrão, relaxa! Se não gostasse, nem tava aqui, né?

- E você fica se achando, carioca... que coisa irritante! - respondeu Sandro, desviando o olhar, mas sem conseguir esconder o sorriso.

Miguel e Vitória se entreolharam, segurando o riso, e deram uma piscadela um para o outro, percebendo o que estava acontecendo. Ricardo, percebendo que a brincadeira estava dando certo, resolveu terminar o momento com uma última provocação:

- Sabe o que é, Sandrão? Só fico em cima porque, de tanto tu tentar fugir, parece que tô correndo atrás de um prêmio raro. Tu deve ser bom demais pra tanta seriedade, hein?

Sandro bufou, fingindo estar irritado.

- Vai tomar no seu cu, Ricardo! Só um carioca pra falar essas coisas...

Mas, ao virar o rosto, o paulista não pôde deixar de esconder o sorriso bobo que escapou.

Miguel e Vitória ficaram observando a troca de provocações, claramente se divertindo com a situação. Era quase impossível disfarçar os sorrisos, especialmente quando viam que, por mais que o paulista tentasse, ele não conseguia esconder o quanto estava gostando da presença do carioca.

Após alguns minutos, Miguel estalou os dedos, olhando para o relógio.

- Ô Vitória, vamo que a gente tem uns "trens" pra resolver.

Vitória lançou um último olhar travesso para Sandro e Ricardo, segurando o riso.

- É, tenho que ir também. Mas, olha, espero que vocês dois se comportem, viu? Ou... não. - disse ela, piscando para Sandro com um sorrisinho misterioso.

Eles se despediram, e, quando Miguel passou por Sandro, se inclinou e falou baixinho no ouvido do amigo:

- Dá uma chance pro carioca, sô... Vai que cê gosta.

Sandro gelou, sentindo o rosto esquentar. Ele lançou um olhar fulminante para Miguel, mas, antes que pudesse responder, o mineiro e Vitória já estavam a caminho da saída, rindo da situação.

Assim que ficaram sozinhos, Ricardo se virou para ele, com aquele sorriso que já estava deixando Sandro desconcertado.

- O que foi que o mineiro te disse ali, hein? Tá com essa cara meio sem graça... - provocou Ricardo, inclinando-se para ele, os olhos brilhando de curiosidade.

Sandro tentou manter a postura, desviando o olhar.

- Nada demais. Coisa de amigo. - ele respondeu, tentando parecer indiferente.

Mas Ricardo não ia deixar barato. Ele se aproximou um pouco mais, olhando diretamente nos olhos de Sandro.

- Então... Já que estamos só nós dois aqui... Por que você não aproveita essa "chance" que ele falou? - disse o carioca, sua voz soando quase como um desafio, mas com um toque sutil de carinho.

Sandro deu uma risadinha nervosa, tentando disfarçar o nervosismo, mas sentiu seu coração bater mais rápido.

- Tu não cansa de se achar, né, Ricardo? Só um carioca pra falar um negócio desses! - retrucou, mas seu tom não tinha mais aquela firmeza habitual.

Ricardo sorriu, percebendo que o paulista estava começando a relaxar.

- Não é questão de se achar, Sandro... é questão de saber o que a gente quer. E, no caso, tô querendo te conhecer melhor, sabe? Só não sei se você vai admitir.

Sandro respirou fundo, tentando manter a compostura. Ele olhou para o lado, mas o sorriso bobo que escapava o entregava.

- Tá bom, carioca. Eu admito... só hoje eu deixo você tentar. Mas não vai pensando que eu vou cair nas tuas provocações.

Ricardo deu uma risada satisfeita, com um brilho nos olhos.

- É tudo o que eu precisava ouvir, Sandrão. O resto a gente vê com o tempo... ou com um café amanhã, talvez?

Sandro balançou a cabeça, rindo, mas sem negar. Afinal, Miguel e Vitória tinham razão. Talvez dar uma chance ao carioca não fosse uma ideia tão ruim assim.

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