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Os macacos andavam pela cidade, tanto pelos telhados de prédios e casas cobertas de plantas, quanto pelo chão, igualmente coberto de plantas, com carros e outros veículos enferrujados e quebrados.

César, Rocket, Olhos Azuis, Koba e Maurice entravam montados em cavalos negros. Os macacos estavam com suas faces e corpos pintados de tinta, e todos seguiam em direção à colônia.

A colônia estava um completo caos, com pessoas agitadas e uma sirene tocando alto. Na parte de cima do prédio da colônia, em uma espécie de sacada, Dreyfus, Malcolm e outras pessoas armadas olhavam para fora, onde estavam os macacos.

- Há muito mais que oitenta! - Dreyfus disse para Malcolm.

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O portão da colônia se abriu, e de lá saíram muitas pessoas armadas, que olhavam assustadas para os macacos com lanças. Malcolm foi à frente e se encontrou com César, que estava no meio, entre os humanos e os macacos.

César parou seu cavalo a poucos metros do humano e depois olhou para os outros humanos com um semblante fechado.

- Macacos... - César gritou, deixando os humanos assustados e surpresos. - Não querem guerra - ele continuou a falar com determinação. - Mas vão lutar, se for preciso - terminou, olhando para Malcolm.

O chimpanzé então olhou para Olhos Azuis, que estava um pouco atrás dele. O chimpanzé adolescente desceu do cavalo e foi andando até Malcolm, parando na frente do homem e jogando a mochila de Alexandre aos pés do humano, afastando-se em seguida e voltando para seu cavalo. Malcolm se abaixou, pegou a mochila no chão e olhou para César.

- Casa dos macacos - César gritou, apontando em direção à floresta. - Casa dos humanos - disse, apontando para o prédio da colônia. - Não retornem - falou por fim, antes de virar o cavalo e ir embora, seguido pelos outros macacos.

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Já fazia um tempo que os macacos estavam de volta à vila. César já havia limpado a tinta do seu corpo e ido dar uma olhada em seu filho mais novo, que estava sob os cuidados de uma das chimpanzés fêmeas, já que sua esposa não tinha condições por estar muito fraca devido ao parto.

- Pai - chamou Olhos Azuis, se aproximando.

- Oi, meu filho. O que houve? - César perguntou, virando-se para o mais novo.

- A mamãe... Ela está piorando - disse Olhos Azuis, com um semblante preocupado. - Por favor, pai, eu sei que aquela humana pode ajudar ela, igual fez com o Ash - o adolescente falou com uma expressão de súplica. - O senhor disse que conhece ela. Por favor, peça a ela para cuidar da mamãe - implorou o mais novo.

César sentiu seu coração partir com a expressão e as súplicas do filho, mas ele não podia fazer isso. Como poderia pedir a Luna, a mulher que fez de tudo por ele e que o amava, para cuidar de sua esposa? Ele se sentiria um monstro, sabendo que Luna sofreria com aquilo.

- Meu filho, as coisas não são tão fáceis assim. É mais complicado do que imagina - César falou, suspirando cansado, com uma tristeza evidente em seu rosto.

- Então me explica! - pediu Olhos Azuis, com a sobrancelha franzida. - Me explica, pois a única coisa que eu vejo é uma oportunidade da minha mãe melhorar, da minha mãe viver com a ajuda daquela mulher - disse o mais novo, apontando na direção onde achava que Luna estava.

César suspirou antes de dar as costas e começar a andar para longe da vila, para um lugar mais privado. Ele parou no meio do caminho e olhou para o filho.

- Vamos - César chamou, e o mais novo começou a segui-lo.

Eles andaram um pouco até chegarem à cachoeira ali perto. Então, ambos se sentaram em uma pedra e olharam para a água.

- Pode me perguntar o que quiser. Não vou esconder nada - César falou, sincero, olhando para o filho.

- Por que não pede ajuda à humana? Por que não pede para ela ajudar a mamãe? - perguntou Olhos Azuis, curioso.

- Como eu disse, meu filho, é complicado - César começou a falar, olhando nos olhos de seu filho. - Não é que Luna seja uma pessoa ruim. Ela, às vezes, é ciumenta, possessiva, descontrolada, pavio curto e com um senso de proteção enorme - César listou e fez uma pausa antes de continuar. - Mas ela é uma pessoa muito boa. E só eu posso julgar isso, porque só eu sei tudo o que ela fez por mim e tudo o que passou sozinha também - César disse, passando a mão pelo rosto, suspirando. - Luna sofreu muito. Ela perdeu a família dela, viu o homem que considerava seu pai ser morto na sua frente, e criou o filho sozinha. Se eu pedisse isso a ela, eu nunca me perdoaria por fazê-la sofrer ainda mais - César disse por fim.

- Por que ela sofreria em ajudar a mamãe? - Olhos Azuis perguntou, confuso.

- Não é em ajudá-la, é em vê-la - César confessou. - Vou te contar uma coisa que nunca contei para sua mãe. Só Maurice, Koba e Rocket sabem, ok? - perguntou César, e Olhos Azuis assentiu. - Eu já estive romanticamente envolvido com a Luna. E o garoto que estava com ela na floresta, o filho dela... também é meu filho - César confessou, como se um peso tivesse sido tirado de seus ombros.

- Como? Como isso é possível? - perguntou o mais novo, desacreditado.

- Isso foi antes de eu conhecer sua mãe, antes mesmo do controle de animais - César começou a explicar. - Eu e Luna tínhamos um relacionamento e, então, eu fui para o controle de animais. Ela sempre me apoiou e me disse para ser livre. Meses depois, eu fugi e descobri que ela estava grávida - César fez uma pausa, como se se lembrasse de algo.

- Pedi para ela vir junto, mas ela não podia. Não conseguiria parir e criar o bebê aqui na floresta. Então, eu quis ir junto com ela, mas ela disse para eu ficar, que os macacos precisavam de mim e que era para eu ser livre. - Diz o chimpanzé.

- Foi nesse dia que Will, o homem que a adotou e criou, não só a ela, mas a mim também, morreu bem na frente dela. Meses antes, o pai de Will, Charles, havia morrido, e Luna amava muito os dois. Ela ainda tinha Caroline, que era a namorada de Will, mas a mulher também morreu por causa do vírus - César suspirou com pesar. - E eu não estive lá para apoiá-la. Ela passou por tudo sozinha e ainda teve que criar Liam sozinha.

- Ela é uma mulher forte - disse Olhos Azuis, admirado com a força de Luna.

- Sim, ela é. Mas eu sei que, se ela ver sua mãe, vai sofrer ainda mais. Eu já expliquei a ela que achei que eles estavam mortos, e ela não me culpou por seguir em frente - César falou, lembrando-se da compreensão de Luna. - Mas é completamente diferente ter que ver sua mãe. Eu sei que ela se sentiria mal, porque sei que ela queria ter uma família comigo - César falou por fim.

- Eu entendo ela, pai. Realmente entendo. Mas... e a minha mãe, como fica? - perguntou Olhos Azuis, com medo de perder a mãe. César suspirou.

- Tudo bem. Vou tentar falar com Luna sobre isso - César disse, acariciando a cabeça do filho.
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Isabel LaRosa - Muse "Quero ser sua musa"

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