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"I hate you, I love you and I hate that I want you"

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Agatha estava em casa, naquele início de sábado que trazia consigo a promessa de um dia tranquilo. Ao menos era o que esperava. Envolta em um moletom folgado, com seu coelhinho de estimação nos braços, ela tentava relaxar no sofá, mas a mente não lhe dava descanso. Na tela de seu celular, a mensagem de Rio brilhava como uma lembrança incessante, quebrando qualquer tentativa de paz.

"Oi, Agatha, podemos conversar?"

Essas palavras tão simples e diretas a deixavam transtornada. Como Rio podia ter tamanha audácia? A mulher a deixava uma confusão de emoções e depois aparecia com essa mensagem casual, como se nada tivesse acontecido. Um misto de raiva e frustração fervia dentro dela. Ela não sabia ao certo se estava mais zangada com Rio por mexer tanto com seus sentimentos, ou consigo mesma por não conseguir esquecê-la, mesmo após as horas que havia gastado tentando ignorar aquela mensagem.

Cada vez que tentava afastar o pensamento de Rio, ele retornava ainda mais intenso. O sorriso provocador, o olhar hipnotizante, aqueles lábios que pareciam convidá-la a descobrir segredos... Era ridículo, pensava Agatha, sentir-se tão afetada. "Eu tenho que parar com isso", murmurou, afundando ainda mais no sofá e tentando focar-se em outra coisa, qualquer coisa, que não fosse a lembrança de Rio.

Nesse exato momento, o som de seu celular interrompeu seus devaneios. Ela o pegou com a intenção de ignorar, mas ao ver que era Lilia, acabou atendendo. Não estava com ânimo para socializar, mas não queria deixar a amiga preocupada.

"Oi, Lilia." Ela falou, seu tom mais ácido do que pretendia.

"Opa, bom dia pra você também, né?" A resposta de Lilia veio em tom de provocação. "Desde ontem estou tentando entender o que está acontecendo. Está tudo bem?"

Agatha suspirou, sentindo-se levemente exposta.

"Não tem nada acontecendo." respondeu, seca.

"Aham, claro. Você acha que eu não te conheço? Agatha, está com um tom que é melhor as pessoas nem chegarem perto." Lilia riu levemente, e sua voz passou a soar mais suave, mas com o toque de sarcasmo de sempre. "Que tal me contar quem, ou o quê, deixou você assim? Aposto que tem a ver com aquela mulher misteriosa... Como é o nome dela mesmo? Rio." Lilia riu, claramente se divertindo com a situação. "Eu sabia que havia algo entre vocês. Ah, minha querida Agatha, você realmente não consegue esconder nada de mim."

Agatha hesitou, evitando admitir qualquer coisa. Sabia que, no fundo, Lilia estava ciente de quem se tratava. Era praticamente impossível esconder algo dela.

"Não sei do que você está falando." retrucou, tentando parecer indiferente.

Lilia soltou uma gargalhada que fez Agatha apertar os olhos, revirando-os em frustração.

"Agatha, por favor, poupe-se do esforço. Eu te conheço há tempo suficiente para saber que, se você está assim, furiosa e ao mesmo tempo perdida nos próprios pensamentos, só pode ser por causa de alguém específico."

Agatha fechou os olhos, tentando conter a raiva e, ao mesmo tempo, uma confusão de emoções que parecia estar fervendo dentro dela. Lilia era uma de suas amigas mais próximas, e sabia que ela só provocava para ajudá-la, mas naquele momento, cada palavra parecia cutucar uma ferida aberta.

"Se eu te contar, você para de me provocar?" perguntou Agatha, numa tentativa de colocar um fim no interrogatório de Lilia. Ela hesitou por um instante, mas a necessidade de desabafar foi mais forte. "Tá bom, você quer saber? Nós nos beijamos. E então... ela simplesmente fugiu. No meio do beijo. Assim, sem mais nem menos."

Echoes Impermanentae - Agathario Onde histórias criam vida. Descubra agora