Depois de um longo dia de trabalho, Agatha finalmente chegou em casa, esgotada. Seus ombros pareciam carregar todo o peso das horas de reuniões e casos complexos, e tudo o que desejava naquele momento era uma pausa. Ao entrar, ela imediatamente foi ao encontro de seu coelho, Sr. Scratchy, que a esperava ansioso. Com um sorriso leve, alimentou-o com algumas folhas frescas, murmurando alguns carinhos enquanto observava o animal devorar sua refeição. Agatha, então, se permitiu sentar por um instante no sofá, fechando os olhos e respirando fundo, deixando que o silêncio de sua casa a envolvesse.
No entanto, sua tranquilidade foi interrompida por uma notificação no celular. Ao pegar o aparelho, ela viu uma mensagem de Rio, que a fez soltar um suspiro entre divertido e exasperado:
"Pode me trazer pudim? Alice não quer me dar mais."
Agatha revirou os olhos, sorrindo levemente com a infantilidade da situação. Ela digitou rapidamente uma resposta.
"Pudim? Quantos anos você tem?"
A resposta de Rio veio quase instantaneamente:
"Por favor?"
Aquele simples "por favor" ativou algo em Agatha, um sentimento que ela reconhecia bem: o desejo involuntário de ceder a todos os caprichos de Rio. Agatha suspirou, balançando a cabeça enquanto digitava a resposta final.
"Estou a caminho."
Após enviar a mensagem, Agatha fechou os olhos por um instante, refletindo sobre como Rio, com um simples pedido, conseguia fazê-la sair de casa, mesmo em um dia em que tudo o que ela desejava era descansar. Era evidente que aquela garota já tinha um poder sobre ela que ia além do que Agatha estava disposta a admitir.
Ela se levantou, pegou a bolsa e se preparou para sair. No mercado, deparou-se com uma prateleira cheia de pudins. Não sabia ao certo qual era o preferido de Rio, então, com a paciência de quem já estava mais do que acostumada a ceder aos caprichos dela, pegou todos os tipos disponíveis. Chocolate, baunilha, caramelo... Não queria arriscar que Rio torcesse o nariz para o sabor errado.
Quando finalmente chegou ao hospital, carregando a sacola repleta de pudins, dirigiu-se direto ao quarto de Rio, mas o encontrou vazio. Franziu o cenho, pensando se não teria acontecido algo, e logo começou a procurar por ela pelo hospital. Ao chegar ao saguão, avistou-a de longe, sentada em um dos sofás com sua bolsa de oxigênio ao lado e conversando animadamente com uma garota loira, também com suporte de oxigênio. A visão daquele sorriso despreocupado de Rio, tão livre, a tranquilizou e ao mesmo tempo provocou um toque de algo inesperado: ciúme.
Agatha parou por um instante, analisando a cena. Ambas estavam conversando com uma facilidade e uma leveza que a surpreenderam. Algo no modo como Rio sorria para a outra garota a incomodou levemente, embora tentasse ignorar aquele sentimento. Respirando fundo, Agatha se aproximou, mantendo um olhar sério, tentando ao máximo disfarçar a leve onda de ciúmes que se formava em seu peito.
Assim que notou Agatha, Rio sorriu de orelha a orelha e, sem hesitar, puxou-a para um beijo leve. Agatha, um pouco surpresa e ligeiramente envergonhada pela presença da outra garota, correspondeu brevemente e logo se afastou, tentando manter a compostura. Com um sorriso discreto, ela ergueu as sacolas que carregava, revelando o conteúdo.
"Não sabia qual pudim você gostava, então..." comentou Agatha, com um tom leve de sarcasmo.
Rio riu ao ver a quantidade exagerada de pudins que Agatha trouxera e pegou uma das embalagens, como uma criança recebendo um doce tão aguardado. Foi então que Rio, ainda com o sorriso brincalhão no rosto, fez uma pequena apresentação, indicando a garota loira.
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Echoes Impermanentae - Agathario
RomanceAgatha, uma advogada brilhante e impenetrável, vive cercada pela ordem e pelo controle que construiu em sua vida. Um encontro inesperado com Rio, uma fotógrafa impulsiva e enigmática, desperta nela sentimentos há muito reprimidos. À medida que os ca...