Echoes Impermanentae - Agathario

Undecim

"Not really sure how to feel about it
Something in the way you move
Makes me feel like I can't live without you"

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A cozinha de Agatha era um lugar de linhas modernas e claras, mas naquele momento, o brilho dos olhos de Rio e os gestos suaves de Agatha tornavam o espaço íntimo, acolhedor, um santuário apenas delas. O aroma do nhoque al pesto recém-preparado se espalhava, entrelaçando-se com a tensão sutil que pairava no ar.

Agatha colocou a travessa sobre a mesa, observando Rio de soslaio. A fotógrafa estava sentada na bancada, os pés balançando levemente, as mãos repousando no mármore frio, contrastando com o calor que irradiava de seu olhar. Ela tinha um jeito hipnotizante de observar, como se o mundo inteiro pudesse se dissolver ao seu redor e nada mais importasse. Agatha sentiu o familiar nó de nervosismo no estômago, mas manteve a postura confiante, sorrindo com o canto dos lábios.

"Está pronta para provar?" Perguntou Agatha, a voz mais firme do que esperava, enquanto se aproximava para servir o prato de Rio.

"Sempre estou pronta para você, Agatha." Rio respondeu, o tom provocante, mas a faísca nos olhos mostrando que o comentário escondia mais do que uma simples brincadeira.

Agatha sorriu, mas a leve rigidez em seus ombros traía a batalha interna que travava. Serviu um pedaço generoso de nhoque e o passou delicadamente à frente de Rio. O breve toque de seus dedos fez com que o coração de Agatha disparasse, um pulsar irregular e potente.

Rio pegou o garfo e, com uma elegância que parecia natural, experimentou o primeiro pedaço. A reação foi instantânea: um suspiro de prazer escapou de seus lábios, seguido por uma risada suave que iluminou seu rosto.

"Meu Deus, Agatha, se você quiser que eu me case com você agora, basta pedir."

Agatha riu, um som que soava mais leve do que ela se sentia. "Eu vou considerar essa proposta," retrucou, levantando a sobrancelha em provocação.

Rio inclinou-se ligeiramente para a frente, apoiando os cotovelos na mesa. A proximidade entre as duas aumentou e Agatha pôde sentir o aroma cítrico e fresco que sempre acompanhava Rio.

"Me conte, como uma advogada renomada como você aprendeu a cozinhar assim?"Rio perguntou, a curiosidade sincera mesclada com um tom brincalhão.

"Quando não estou lidando com juízes teimosos e testemunhas que esquecem os próprios depoimentos, eu... gosto de cozinhar. É um escape. E você? Com a sua agenda de fotógrafa, como faz para encaixar... tudo?" Agatha rebateu, pegando seu próprio prato e se sentando à frente de Rio, mas mantendo os olhos fixos nos dela.

Rio deu um sorriso que era quase uma confissão silenciosa. "Faço o que amo, então nunca parece trabalho. Mas, confesso, nem sempre tenho tempo para um jantar assim." Ela gesticulou com o garfo e fez uma pausa dramática. "Então preciso aproveitar cada segundo." E, enquanto falava, tocou a mão de Agatha de leve, a ponta dos dedos acariciando a pele por um instante longo o suficiente para fazer Agatha prender a respiração.

Rio levou mais uma garfada a boca e não evitou fechar os olhos novamente de prazer. "Deuses, isso... Eu poderia viver só disso."

"Cuidado, eu posso te levar a sério," Agatha respondeu, inclinando-se sobre a mesa, os cotovelos apoiados. "Aí você estaria condenada a jantar na minha casa todas as noites."

"Que punição terrível," Rio provocou, os lábios curvados em um sorriso travesso. Ela deu outra garfada, mas dessa vez manteve os olhos fixos em Agatha, demorando um pouco mais a mastigar.

Rio de repente largou o garfo, se inclinando um pouco sobre a mesa, o olhar fixo nos olhos de Agatha.

"Agora, me diz... por que você realmente me convidou para esse jantar?" A voz de Rio tinha um tom de curiosidade, mas também desafiava, como se soubesse que a resposta inicial seria algo evasivo.