Decem

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"All I want is nothing more, to hear you knocking at my door."

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Na manhã seguinte, Agatha chegou à cafeteria pontualmente, como sempre fazia. A atmosfera da rua ainda era fria e as folhas das árvores dançavam sob o sopro do vento leve. Ela estava vestida com um casaco cinza que a envolvia em uma aura de elegância e profissionalismo, mas o rosto sério e os olhos tensos revelavam que algo a perturbava.

O sino acima da porta soou com sua chegada, anunciando sua entrada. O cheiro familiar de café e pães recém-assados a envolveu, mas, dessa vez, não teve o efeito calmante de sempre. Wanda, que estava atrás do balcão, olhou para cima com um sorriso caloroso. "Bom dia, Aggie" exclamou, já estendendo a mão para pegar o copo de papel.

Mas Agatha mal respondeu, acenando com a cabeça de forma quase imperceptível. Sua expressão fechada não passou despercebida por Wanda, que arqueara as sobrancelhas em uma mistura de curiosidade e preocupação.

"Vou preparar o seu café de sempre", disse Wanda, enquanto começava a trabalhar na máquina com movimentos habilidosos. A espuma cremosa era formada sob seus cuidados, mas a barista não pôde evitar notar o olhar perdido de Agatha, como se ela estivesse em outro lugar, presa em pensamentos que a incomodavam profundamente.

Aproveitando a pausa, Wanda decidiu puxar conversa, talvez para aliviar a tensão visível. "Sabe, Agatha, estava pensando... fico feliz que você e Rio estão chegando a algum lugar. Nem parece que semanas atrás você a odiava pelo incidente com o café..." Ela deu um pequeno sorriso malicioso para a amiga enquanto continuava a preparar o café.

Agatha desviou o olhar para Wanda, seus olhos ligeiramente apertados. A menção de Rio trouxe à tona uma mistura de sentimentos. Antes que pudesse evitar, sua mente se encheu de lembranças de cada vez que Rio teve crises de tosse na sua presença, o rosto dela se contorcendo por um momento antes de retomar o controle. Era algo que Agatha notava, mas nunca teve coragem de questionar abertamente – até agora.

"Wanda", começou Agatha, o tom de voz mais grave e firme do que o habitual. "Há algo que você não está me contando sobre Rio, não é?"

Wanda parou, os dedos que seguravam o copo de café congelaram no meio do movimento. Seus olhos castanhos encontraram os de Agatha, e a expressão em seu rosto passou rapidamente de surpresa para uma tentativa de neutralidade. "Não sei do que você está falando, Agatha", respondeu com um sorriso forçado. "Aqui está seu café."

Mas Agatha não pegou o copo. Cruzou os braços e inclinou-se levemente para frente, a postura mostrando que ela não estava disposta a deixar o assunto morrer ali. "Você sabe exatamente do que estou falando. As crises de tosse. O cansaço que ela tenta esconder. Rio está doente, não está? E você sabe disso."

Wanda respirou fundo, desviando o olhar por um momento antes de pousá-lo novamente em Agatha. "Não é algo que eu possa discutir, Agatha. É assunto dela, não meu."

Essa resposta fez o sangue de Agatha ferver. A preocupação que vinha segurando por dias e semanas começou a transbordar em forma de frustração. "Wanda, eu entendo que você queira proteger a privacidade dela, mas isso está ultrapassando limites. Eu...me importo com ela, ok? E ver você se esquivando assim só me deixa mais preocupada."

A barista apertou os lábios em uma linha fina, a tensão visível em seus ombros. "Eu sei que você se importa, e é por isso que estou dizendo isso. Se Rio quiser falar sobre isso, ela vai falar. Não é o meu lugar."

Agatha, já com os nervos à flor da pele, sentiu um nó formar-se em sua garganta. Era como se ela estivesse diante de uma barreira intransponível, e sua impotência diante daquela situação a deixava ainda mais furiosa. "Isso não é o suficiente, Wanda", disse, a voz carregada de uma mistura de raiva e tristeza. "E essa situação de segredos e evasivas não vai funcionar comigo."

Echoes Impermanentae - Agathario Onde histórias criam vida. Descubra agora